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06/09/2014 - 07:10

L'Oréal, Unesco e Academia Brasileira de Ciências (ABC) dão bolsa a sete projetos de cientistas brasileiras

As mulheres vêm ganhando cada vez mais espaço em áreas profissionais que antes eram predominantemente masculinas, como a científica. Grandes passos foram dados nas últimas décadas, mas ainda hoje há menos mulheres do que homens com doutorado em ciências e ocupando cargos de liderança em laboratórios, universidades e instituições de pesquisa. É o que confirma o relatório internacional encomendado pela Fundação L'Oréal para a Boston Consulting Group. O levantamento demonstra que, desde o final dos anos 90, a porcentagem de mulheres na pesquisa científica aumentou apenas 12% e concluiu que menos que de 1 pesquisador em 3 é mulher.

Para reconhecer, promover e garantir visibilidade ao trabalho de cientistas brasileiras, além de oferecer condições favoráveis para a continuidade dos seus projetos, a L'Oréal, a Unesco e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) promovem o Prêmio For Women in Science (Para Mulheres na Ciência), que divulgou as sete vencedoras na etapa nacional. As pesquisadoras foram selecionadas entre mais de 300 projetos inscritos e cada uma receberá bolsa-auxílio no valor equivalente, em reais, a US$ 20 mil. Escolhidas pela qualidade e potencial de suas pesquisas, desenvolvidas em instituições brasileiras, seus projetos ajudam a mudar o mundo e as colocam na linha de frente do conhecimento. Desde 2006, o programa já beneficiou 61 jovens cientistas no país, distribuindo mais de US$ 1 milhão em bolsas-auxílio.

Entre as sete laureadas desta edição, duas cientistas são de Santa Catarina, duas de São Paulo, uma do Rio de Janeiro, uma do Ceará e uma de Goiás. Entre elas, as catarinenses Manuella Pinto Kaster e Patricia de Souza Bocardo venceram com projetos na área de Ciências Biomédicas. O projeto de Manuella estuda o envolvimento de marcadores moleculares e bioquímicos, mecanismos que ajudam na identificação e no tratamento de doenças psiquiátricas, como a depressão. A pesquisadora afirma que este reconhecimento é muito importante para alavancar pesquisas que façam a ponte entre os estudos clínicos e a ciência básica. Já o projeto de Patricia Bocardo busca evidenciar os efeitos benéficos da atividade física para estimular a produção de neurônios de maneira a minimizar as sequelas do álcool no cérebro. Para ela, premiações como esta deveriam ser estimuladas como forma de promover e divulgar o trabalho diário realizado dentro das paredes de um laboratório. "É uma forma de que não apenas a comunidade científica tenha acesso a este conhecimento, mas também a população em geral", diz.

Maria Carolina de Oliveira Rodrigues, vencedora da Universidade de São Paulo (USP), concorda e complementa que esse tipo de reconhecimento também ajuda a atrair novos investimentos científicos. Seu trabalho é na área de terapia celular, que utiliza as células em tratamentos, e investiga se pacientes diabéticos desenvolvem anticorpos contra as células mesenquimais (um tipo de célula-tronco) de doadores e também se pacientes pós-transplante de medula óssea e com o sistema imunológico deprimido, são capazes de produzir tais anticorpos. "Se conseguirmos responder a essa questão, acredito que ocorra uma grande mudança na área da terapia celular", antecipa a cientista. Ludhmila Abrahão Hajjar, venceu com um estudo na área de Ciências Biomédicas, desenvolvido no Instituto do Coração (Incor). O objetivo é investigar a possibilidade do balão intraaórtico — dispositivo usado para aumentar o fluxo de sangue que chega até as artérias, melhorando a irrigação e o desempenho cardíaco — para reduzir as complicações clínicas, incluindo a mortalidade dos pacientes graves submetidos à cirurgia cardíaca.

Já Letícia Faria Domingues Palhares, representante do Rio de Janeiro, produz um trabalho na área de Física Teórica, onde busca responder à clássica pergunta: Do que nós somos feitos? Desta forma, pretende desvendar as propriedades mais íntimas da matéria e quais formas ela pode adquirir se exposta a condições extremas e variadas (como as existentes logo após a grande explosão que deu origem ao universo). Experimentos neste sentido também vêm sendo realizados em laboratórios dos Estados Unidos e da Suíça, e em breve devem ser realizados na Alemanha e na Rússia. "Esse esforço conjunto da comunidade científica permitiu a descoberta de um novo estado da matéria e pode, a longo prazo, dar origem a materiais com propriedades extraordinárias, possivelmente revolucionando a tecnologia de gerações futuras", acredita a pesquisadora.

A cientista Carolina Horta Andrade, da Universidade Federal de Goiás, venceu com um estudo na Área de Ciências Químicas sobre novos medicamentos, mais eficazes e de baixo custo à população, para tratamento da Leishimaniose, doença tropical causada por parasitas, que se manifesta na pele e afeta mais de 12 milhões de pessoas, principalmente de baixa condição socioeconômica. Ana Shirley Ferreira da Silva, pesquisadora da Universidade Federal do Ceará (UFC), é especialista em combinatória, área da matemática com êxito na computação e que agora ganha destaque na matemática pura. Seu projeto está focado na coloração de grafos — estruturas que podem modelar desde o mapa de estrada de um país, até um sistema de empacotamento ou de escalonamento de tarefas — e na verificação da validade da Conjectura de Erdos-Faber-Lovász, proposta há mais de três décadas e ainda não demonstrada. Para ela, especialmente, esse reconhecimento ajudará a dar visibilidade a esta área, recentemente implantada na Pós-Graduação em Matemática da UFC (desde 2011). "A expectativa é de que este prêmio atraia alunos para o curso e até mesmo outros pesquisadores da área", comemora. A cientista lamenta a falta de investimentos da iniciativa privada brasileira em pesquisa, "por isso esta iniciativa é importante não só do ponto de vista direto, que é a divulgação da rica produção científica do nosso país, como também para a satisfação pessoal dos pesquisadores, por verem seus trabalhos reconhecidos e valorizados", complementa.

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