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06/09/2014 - 07:57

Alternativas viáveis para a agricultura familiar

Existem muitas técnicas disponíveis no mercado para auxiliar o produtor rural no aumento da produção agrícola, incluindo a agricultura familiar, ou seja, aquelas que ocupam áreas menores de cultivo e não dispõe de maquinário pesado. Entretanto, o que é praticado na agricultura convencional, baseado no tripé de sementes melhoradas, adubos químicos solúveis e agrotóxicos, desconsidera a cultura do pequeno produtor rural e resulta em degradação do solo, da produtividade em alimentos contaminados com baixo valor biológico.

Historicamente, muito tem sido pesquisado em técnicas de melhoria do solo e possibilidades de aumento da capacidade produtiva utilizando insumos de baixo custo, fator essencial para a agricultura familiar. Desde o século passado, quando o agrônomo norte-americano Willian Albrecht constatou que a melhor e mais sadia produção das plantas se dá com o uso de húmus produzido pelas minhocas, foi possível aumentar a capacidade produtiva, utilizando insumos de baixo custo.

Como há dificuldade em adubar uma grande área somente com húmus, ele estudou e verificou que a sua composição em termos de proporção dos nutrientes era semelhante, não importando a matéria-prima e local onde era produzida. Desta forma, ele começou adubar as plantas com esta proporção, ou seja, colocava os nutrientes de modo a deixá-lo semelhante ao húmus. O resultado foi produções sadias, ou seja, sem pragas, doenças, com quantidade e qualidade superior dos alimentos.

Utilizando essa prática, em culturas como a do café, no segundo ano de plantio, o produtor brasileiro passou a colher de 25 para 75 sacas por hectares, sem ataque das principais pragas e doenças, além de obter um café de excelente qualidade. Em produções como o tomate e morango, o resultado também foi positivo, superando a média nacional de produção, com destaque para sanidade das plantas.

Entre os insumos utilizados que possibilitam o grande potencial das lavouras, os principais nutrientes são o cálcio e o magnésio. O uso também de pó de rocha, pó de basalto, diabásio, granito (pedras de construção), quando finamente moídas, devolve ao solo os nutrientes que há muito tempo se perderam ou foram retirados por colheitas anteriores.

Tudo isso, atrelado à matéria orgânica, ou seja, compostos orgânicos, adubação verde, cobertura com plantas, biofertilizantes, resíduos da indústria alimentícia, como, por exemplo, as cascas de legumes, resíduos de peixes, lodo de cervejaria, pó de carvão e serragem, entre outros obtidos na região do agricultor, aumenta a capacidade produtiva dos solos e a sustentabilidade das propriedades familiares. 

Além disso, fazer os insumos na propriedade, como o biofertilizante, é uma eficaz alternativa para reduzir custos e aumentar ganhos. Além de ser sustentável, o agricultor não precisa abrir mão da proteção ao ambiente, pois estes materiais não contaminam o solo e são facilmente degradados e integrados a produção, diferentemente dos agrotóxicos, que contaminam o ambiente e os alimentos, mesmo sendo utilizados dentro das técnicas seguras e recomendadas.

O Brasil ainda pode desenvolver muito a agricultura familiar e alguns fatores são primordiais para isso. Entre eles, os produtores e técnicos agrícolas precisam ser capacitados em tecnologias mais sustentáveis de produção; e novas vias de transporte, como ferrovias e hidrovias, auxiliariam a redução do custo de fretes de insumos. Adotar linhas de financiamento específicas para produtores que optarem por estas tecnologias, reduzir os impostos da propriedade familiar e estimular o consumo de alimentos regionais também podem cooperar para a valorização da agricultura familiar.

Aos produtores, cabe o estudo e atualização contínua, observação da natureza, buscar o apoio de técnicos capacitados nestas  tecnologias, trocar informações com outros produtores rurais que estão produzindo de modo sustentável e seguro. Sem dúvida, há muito trabalho e dedicação nesse modo de cultivo, mas o resultado é o prazer em consumir e de oferecer produtos de origem confiável.

. Por: Helcio de Abreu Junior, Mestre em Engenharia Agrônoma e professor da disciplina de Agroecologia e Controle de Pragas da Faculdade Cantareira.

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