Preservação, uma questão de planejamento e estratégia

Na última sexta-feira, dia 05 de setembro, comemorou-se o Dia da Amazônia. A data, instituída em homenagem à criação da Província do Amazonas, em 1850, por D.Pedro II, é um excelente momento para pensarmos não apenas na maior floresta tropical do mundo, mas também em todas as que subsistem em nossos biomas e ecossistemas e no que tem sido realizado em favor de sua preservação, bem como das espécies animais. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) acaba de divulgar que a Amazônia Legal perdeu cerca de três mil quilômetros quadrados de matas entre agosto de 2013 e julho de 2014, 9,8% a mais em relação ao período anterior. A área corresponde a duas vezes o tamanho da cidade de São Paulo.

Tratando-se da Floresta Amazônica, os números são grandiosos. Estima-se que tenha pelo menos 45 mil espécies de plantas, 1.800 de borboletas, 150 de morcegos, 1.300 de peixes de água doce, 163 de anfíbios, 305 de serpentes, mil de aves e 311 de mamíferos. Além de abrigar essa exuberante fauna e flora, serve de refúgio para cerca de 40 espécies ameaçadas de extinção, cuja lista vai sendo engrossada, segundo os especialistas, pelo desmatamento, a destruição do habitat, a caça ilegal e o tráfico de animais. As florestas são fonte de riqueza para diversas atividades, inclusive aquelas que fazem um excelente trabalho de manejo e atuam de maneira sustentável.

De acordo com pesquisa recém-publicada pela revista Science, realizada pela brasileira Cristina Banks-Leite, professora do Imperial College, na Grã-Bretanha, é possível recuperar outro importante bioma de floresta tropical do Brasil, a Mata Atlântica, com um investimento de apenas 0,01% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. O estudo considerou propriedades agrícolas que apresentam pelo menos 20% de floresta conservada e calculou quanto seria necessário investir para aumentar a área preservada para 30%. Com 198 milhões de dólares, seria possível restaurar 424 mil hectares de Mata Atlântica. Tal iniciativa permitiria manter coberturas florestais nas terras de atividade agropecuária em nível semelhante ao das áreas de proteção. Mesmo com todo o processo de desmatamento e a invasão de centros urbanos, a floresta ainda reúne, segundo dados do SOS Mata Atlântica, 20 mil espécies de plantas, 270 de mamíferos, 992 de pássaros, 197 de répteis, 372 de anfíbios e 350 de peixes.

Para nós, brasileiros, é um privilégio termos paraísos como esses e outros em nosso território. Cuidar e preservar esse patrimônio é um dever de cidadania. O mesmo carinho com que tratamos nossos animais de estimação, a mesma preocupação com que nos ocupamos em nos informar para darmos a eles o cuidado devido, devemos empreender em favor da conscientização ambiental e da preservação de todas as espécies. Este, repito, é o momento ideal para cidadãos, empresários e governantes refletirem sobre o que tem sido feito para alcançar o tão propagado crescimento sustentável.

. Por: Feliciano Filho, economista e ativista em proteção animal.