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09/01/2008 - 09:59

Agropecuária cresce, Brasil se fortalece

Quando os imigrantes europeus aportaram no Brasil no século XIX, não trouxeram apenas sonhos e esperança de uma vida nova. Muitos carregavam na bagagem os ideais do cooperativismo. Só que não imaginaram a força e importância que estes empreendimentos alcançariam no campo. Tampouco, o modelo de sucesso que se transformaria - uma referência mundial que já chama a atenção de outros países.

Se a economia brasileira cresceu 5,7% no último trimestre, este recorde se deve, sem dúvida, ao desempenho da agropecuária. Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram um aumento de 9,2% do setor no período. Um resultado, em grande parte, fruto do trabalho das mais de 1,5 mil cooperativas agropecuárias do País. Os bons números mostram que, apesar dos reveses, o campo tem reagido e dado conta do recado. Mas qual é a mágica? Preferimos falar em muito trabalho, determinação e crença de quase 1 milhão de produtores associados nas cooperativas, que geram negócios bilionários.

O Produto Interno Bruto (PIB) do setor deve ficar em R$ 569,9 bilhões em 2007, segundo projeção da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). É bom deixar claro que 35% do PIB Agrícola de 2006, da ordem de R$ 540 bilhões, foram movimentados pelas cooperativas agropecuárias.

São elas que amparam o pequeno agricultor nos momentos de dificuldade. E não foram poucos nas últimas safras, provocados pela desvalorização do dólar, intempéries climáticas e falta de uma política agrícola clara e séria. Nos momentos de crise, a cooperativa usa seu capital de giro e faz um “colchão” que protege o associado. Graças às cooperativas os produtores rurais conseguiram superar dificuldades, obter empréstimos, manter sua terra e sustentar a família.

No Brasil, há mais de um século, a cooperativa é a principal forma de organização do homem do campo, quando não é a única. Imagine um produtor de ovos, leite ou soja isolado em sua propriedade. Como escoar a produção? Onde comprar sementes e máquinas? Como conseguir assistência técnica? Apenas “trocar” a safra por insumos para o próximo plantio, com ganho mínimo, empatando o investimento? Não, definitivamente, não é disso que estamos falando ao defender as cooperativas.

Falamos de força conjunta. Em 2006, as cooperativas agropecuárias exportaram US$ 2,8 bilhões. Em 2007, os números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio até setembro mostram crescimento de 22,8% no valor exportado pelas cooperativas em relação ao mesmo período do ano passado.

O grande diferencial vem da organização de pessoas em torno de um objetivo comum, sem visar a concentração de riquezas. Pelo contrário, a busca constante é pela distribuição mais equilibrada dos ganhos. O cooperativismo tornou-se uma maneira de fazer o socialismo moderno. Isto porque o sistema permite sociabilizar o ganho em contraposição ao capitalismo selvagem.

Não sejamos ingênuos de pensar que as cooperativas não se preocupam em aumentar os ganhos.

Como qualquer empresa, elas também têm foco comercial. Mas faz negócios de forma diferente, mais justa. Para melhorar a produtividade, uma cooperativa de grãos, por exemplo, vende calcário a preço de custo para seus cooperados. Ao regular o PH da terra, o produtor produz mais. Neste caso, a cooperativa não ganha no insumo, mas compensa no recebimento de maior volume de grãos, o que se reverte em melhores resultados para todos.

E assim, a cooperativa ajuda a introduzir tecnologia nas propriedades e aumenta a produtividade. Isso vale para todas as áreas. O avanço da cana-de-açúcar fez uma tradicional cooperativa de leite de Ribeirão Preto dar suporte aos interessados em migrar de atividade. São ações que fazem toda a diferença.

E é assim que as cooperativas agropecuárias conseguem impactar positivamente a economia do País. Este modelo vencedor será objeto de uma palestra que iremos apresentar em Moçambique, em fevereiro. A convite da organização americana de cooperativas, falaremos aos agricultores de um país destruído pela guerra de que forma a organização das pessoas como cooperados pode ajudar nesta difícil reconstrução. Porque, se não tivemos guerra civil no Brasil, nossa luta contra a falta de atenção do governo é diária. Temos experiência e uma crença inabalável de que o cooperativismo é o caminho para o desenvolvimento de qualquer país.

. Por: Edivaldo Del Grande, presidente da Ocesp (Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo)

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