Recesso de fim de ano deve atrasar moda 2008

Além de retardar coleção outono/inverno, varejo de vestuário sofrerá prejuízos por conta da burocracia.

O consumidor brasileiro corre o risco de não encontrar algumas peças de inverno nas prateleiras em fevereiro, quando o mercado deve lançar as coleções outono/inverno de vestuário. O alerta é da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abeim), que lamenta que a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) tenha entrado em recesso sem ter liberado as licenças para importação de peças cuja demanda não é atendida pela indústria local. A Secex volta a operar em 16 de janeiro, para só então dar continuidade ao processo de liberação das licenças.

"Moda é perecível", afirma o presidente da Abeim, Sylvio Mandel. Ele ressalta que os produtos deveriam embarcar de seus países de origem ainda em dezembro, para que toda a logística envolvida fosse possível. "Roupa, se atrasar, perde valor", completa. Para a Abeim, a dificuldade para a obtenção das licenças é resultado dos entraves burocráticos que as empresas enfrentam para importar peças de vestuário - uma tentativa de proteger a indústria nacional.

Para não deixar prateleiras vazias, as mercadorias importadas deveriam chegar às lojas em janeiro. E é nessa época que ocorre o maior volume de importação de vestuário, com itens de inverno em que a produção nacional é deficiente. De acordo com a entidade, o varejo não tem muita alternativa para substituir esses produtos importados pelos nacionais. "A indústria local não supre a demanda de inverno. O risco de faltar produtos é real", alerta Mandel.

"O mercado de moda tem uma dinâmica completamente diferente de uma commodity agrícola. Temos que efetuar as compras com antecedência e só conseguimos liberar as mercadorias dos países de origem de posse das licenças", salienta Mandel. "Sobra muito pouco tempo para prepararmos o lançamento das novas coleções. Dezembro já acabou e o tempo corre contra o varejo, um dos setores da economia que mais gera empregos no país".

Pefil da Abeim - Fundada em agosto de 1999, a Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abeim) representa o varejo têxtil de grande superfície, formado pelas principais empresas do segmento de artigos de vestuário e acessórios. A entidade tem por objetivo defender o setor em questões de relevância nacional e a ética nas importações. Também faz parte das ações da Abeim a colaboração com entidades, do governo ou não, sobre acordos internacionais, valoração e legislação aduaneira. O setor é responsável pela distribuição de parcela considerável do volume total produzido pela indústria têxtil nacional.