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30/09/2014 - 08:42

Dieta sem Glúten: Necessidade ou Modismo?

Diante da epidemia global de obesidade no mundo, tornou-se cada vez maior a necessidade crescente de novas “descobertas” que levem às pessoas a perderem peso com mais facilidade e “mais saúde”.

Por esse fato, a dieta sem glúten, antes utilizada apenas por pacientes com doença celíaca, vêm conquistando vários adeptos do estilo de vida saudável, visando a perda de peso e melhora da qualidade de vida.

A pergunta é: Será que isso é realmente necessário? Ou seja, a dieta sem glúten em pessoas normais tem realmente algum benefício?

O glúten é a principal proteína presente no trigo, aveia, centeio, cevada e no malte (subproduto da cevada). No trigo, ele se divide em gliadina,(que produz efeitos na permeabilidade da mucosa intestinal) e gluteinina.

Na cevada, em hordeína e no Centeio, em secalina. Esses dois últimos, não são exatamente glúten, mas são igualmente tóxicos para pacientes com doença celíaca.

As doenças relacionadas ao glúten são: A doença celíaca, a dermatite herpetiforme, alergia ao glúten e a sensibilidade ao glúten não-celíaca (diagnóstico de exclusão, ou seja, apenas quando eliminada a hipótese de doença celíaca).

A doença celíaca é uma doença inflamatória crônica do intestino delgado, caraterizada pela intolerância permanente ao glúten em indivíduos geneticamente susceptíveis. É a sensibilidade mais comum, acometendo aproximadamente 1% da população.

O que muitos não sabem é que a sorologia para determinação de anticorpos e a biópsia intestinal são necessárias para o diagnóstico correto.

O paciente pode ser assintomático, ter poucos sintomas ou apresentar um quadro de sintomas clássicos com diarreia, flatulência, dor abdominal, dentre outros.

O único tratamento disponível é a dieta totalmente isenta de glúten.

A dermatite herpetiforme pode ser uma variante da doença celíaca. O paciente acometido apresenta lesões de pele pruriginosas, com sensação de queimadura intensa e coceira. A dieta sem glúten pode auxiliar no controle das lesões de pele dos pacientes. A alergia ao glúten é uma condição anafilática aguda com a presença de imunoglobulina ao glúten.

A sensibilidade ao glúten não –celíaca é caracterizada por sinais clínicos induzidos após a ingestão de glúten porém, sem os critérios diagnósticos da doença celíaca.

Pode ser também atribuída a digestão incompleta de substâncias fermentáveis presentes no trigo. Além disso, a sensibilidade ao glúten não-celíaca pode apresentar vários espectros de sinais e sintomas tornando o diagnóstico ainda mais complicado.

A retirada do glúten neste caso, carece de especificidade e pode produzir um efeito placebo da dieta em relação à melhora dos sintomas.

O glúten no organismo de pessoas sensíveis a ele pode provocar reações como flatulência, diarreia e fadiga. O nutriente é absorvido pelo aparelho digestivo, mas possui ação sistêmica.

Para pessoas saudáveis há controvérsias na sua restrição.

Especialistas em nutrologia são a favor da retirada do glúten devido a sua difícil digestão e a não obrigatoriedade da ingestão desse nutriente.

A perda de peso relacionada a retirada do glúten da dieta não é comprovada cientificamente. Acredita-se que a perda ponderal seja explicada pela troca por alimentos mais saudáveis, por mais atenção aos rótulos dos alimentos e às suas composições, pela retirada de alimentos gordurosos do que pela retirada do glúten em si.

Outras doenças tais como: o diabetes tipo 1, a doença tireoidiana autoimune, a artrite reumatoide, a síndrome do intestino irritável, baixa massa óssea, artralgias ou artropatias dentre várias doenças, estão seguramente associados à doença celíaca.

A retirada do glúten da dieta nas pessoas com essas doenças pode melhorar alguns sinais e sintomas, mas ainda são necessários mais estudos para a sua recomendação.

Diante das diversas polêmicas que têm se observado recentemente nas mídias sociais em relação às dietas com ou sem glúten para pacientes não celíacos, permanecem as dúvidas e a necessidade de mais estudos.

E fica a pergunta: - Os sensíveis ao glúten hoje serão os celíacos de amanhã ?

. Por: Dra. Cátia Sousa Palma, Médica especializada em Endocrinologia, Diabetes e Metabologia pela UERJ, Mestre em Ciências - Fisiopatologia Clínica e Experimental pela UERJ, Doutoranda do Programa de Fisiopatologia Clínica e Experimental da UERJ e Membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia , da Sociedade Brasileira de Diabetes e do European Association for Study of Diabetes (EASD), além de Médica do Programa de Prevenção Personal System/Care Plus - Rio de Janeiro e Médica Prescritora do Método Pronokal. [www.catiasousapalma.com.br].

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