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09/10/2014 - 09:08

O Mito do especialista

Ao final de uma reunião com executivos do mercado publicitário fui interpelado por um dos participantes sobre a área de atuação da empresa da qual sou sócio-diretor. Prontamente respondi ao senhor sobre o foco central do trabalho que desenvolvia e seus desdobramentos. Ao ouvir minha resposta, retrucou afirmando que se minha empresa realmente fazia tudo aquilo, certamente não fazia nada bem feito, uma vez que uma companhia que não é especialista, não consegue atingir resultados excelentes.

Embora não concorde com a visão desse senhor, este tipo de pensamento não me surpreende. Na verdade, compreendo seu comportamento. Em uma análise rápida e superficial, há um mito nascido e cultivado ao longo de muitos anos no que se refere à especialização de empresas e profissionais. Ou seja, quanto mais o assunto é de domínio das organizações e dos profissionais, melhor será o desempenho desta equipe. A especialização virou uma forma de diferenciação da concorrência e, em alguns casos, a teoria pode ser de fato bem aderente.

Contudo, uma análise mais profunda e reflexiva, traz à tona um cenário no qual a integração de diversas áreas correlatas produz um resultado ainda melhor. Isto é, trabalhar somando conhecimentos, habilidades, comportamentos e experiências proporciona uma entrega melhor. Para os dias de hoje, é a escolha mais acertada e pertinente para desenvolver projetos estratégicos, atendendo às demandas e incertezas dos clientes.

Quem disse que um designer não consegue compreender a relação e o impacto de suas escolhas de criação nos resultados financeiros de uma organização de bens de consumo? Um consultor financeiro não é capaz de assimilar a necessidade de construir uma relação de confiança entre os consumidores e uma empresa por meio de melhores práticas de atendimento e, ainda, por meio de produtos que tragam embalagens diferenciadas?

A equipe multidisciplinar realiza um trabalho muito mais completo e abrangente, que envolve a complexidade de análises e definições estratégicas. A convergência de profissionais com formações e especializações variadas, como administração, relações públicas, design gráfico, relações internacionais, branding, jornalismo, entre outros, permite explorar diferentes maneiras de enxergar a mesma questão. A troca contínua de informações e percepções também tira cada um da sua própria zona de conforto, já que pensamentos e insights perturbadoramente inesperados e extremamente pertinentes podem surgir do profissional, supostamente, menos ligado ao tema.

Contudo, para que uma equipe com este perfil funcione é necessário que haja uma clara definição do caminho a ser percorrido e de como os outputs de cada projeto servirão a um propósito ou solução de um problema específico. Mas, as barreiras mentais não serão levantadas por definições e conceitos pré-formados.

A convergência ou divergência do modus operandi ou de processos de raciocínio distintos, por exemplo, entre as mentes de economistas e de designers, se distanciam em certos momentos, até que começa a se delinear uma forma de coexistirem em prol de um objetivo único. Neste processo, as peças se encaixam e o produto final do trabalho consultivo e estratégico contempla questões quantitativas, qualitativas, tangíveis e intangíveis de forma harmônica e sinérgica.

Atuar em uma equipe multidisciplinar faz com que as pessoas vivenciem uma cultura organizacional que aceita as diferenças, tolera erros e busca, incansavelmente, ir além das expectativas. Compartilhar estes valores favorece a troca de ideias e minimiza conflitos, além de trazer o sentimento de pertencimento ao grupo e a consciência de que feitos e conquistas de um grupo de especialistas em uma única disciplina, não produziria os mesmos resultados alcançados pela equipe multidisciplinar.

Equipes multidisciplinares compostas de profissionais pares outstanding, ou seja, excepcionalmente melhores que os demais em alguma coisa, fazem com que a somatória destas contribuições individuais seja o principal alavancador das virtudes do grupo em detrimento de outro grupo, composto apenas por especialistas em uma única disciplina.

Os benefícios intrínsecos deste processo permitem a evolução a passos largos dos colaboradores da equipe, tanto no que se refere ao âmbito profissional quanto no pessoal, ultrapassando as fronteiras das organizações e derrubando os rótulos individuais dos especialistas. Questionar, absorver novas informações e trazer à discussão pontos e opiniões divergentes, resulta em uma seleção de ideias e soluções mais inovadoras e relevantes face ao desafio proposto.

E você? Concorda com o mito do especialista ou prefere adaptar-se ao que para alguns é uma tendência e o que para mim já é claramente uma realidade?

. Por: Maximiliano Tozzini Bavaresco, sócio-diretor da SONNE, consultoria e gestor de equipe multidisciplinar.

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