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21/10/2014 - 08:51

O que ainda impede o etanol de ser utilizado como um combustível estratégico no Brasil?

O desenvolvimento do automóvel começou de forma efetiva há 130 anos, em vários países simultaneamente. Os carros a vapor tiveram algum sucesso, considerando o fácil acesso à água e ao carvão. O gás era utilizado em iluminação urbana mas, poucos países eram produtores, bem como os derivados do petróleo, que também foram utilizados como fonte de energia para iluminação na antiguidade. Já o álcool apresentava um bom rendimento energético e podia ser obtido de diversas fontes orgânicas, novamente presente em inúmeros locais.

Veículos a vapor, gasolina, álcool e elétricos, coexistiram desde o início da indústria automobilística até o final dos anos 20. Entretanto, a gasolina foi consagrada como o principal combustível para motores a explosão devido a fatores como relação de peso e quantidade de calor liberada durante a queima.

Em 1922, o então Presidente do Brasil, Arthur Bernardes, iniciou um programa que previa o desenvolvimento de uma alternativa genuinamente brasileira, já que considerava a importação de gasolina e derivados do petróleo um gasto alto demais para a economia nacional. O cenário indicava mudanças nos anos 70 com a 1ª Crise Mundial do Petróleo, deixando a impressão que Ouro Negro era finito – e que o fim estaria próximo ?, o que na verdade seria um realinhamento internacional de preços, realizado pelos países produtores. Situação que afetou diretamente o Brasil, provocando insuficiências no abastecimento, além de reajustes contínuos nos preços praticados no período.

50 anos depois do sonho de Arthur Bernardes, surgiu o Próalcool, que contemplava do plantio de cana de açúcar à fabricação de usinas, bem como, toda a estruturação da cadeia produtiva e distribuição. Rapidamente, a Engenharia brasileira apresentou soluções em tempo recorde, transformando o Brasil em uma referência mundial neste tema.

A agonia dos anos 70 passou, os preços da gasolina tinham estabilidade e aos poucos o álcool deixou de ser o foco, pelo mesmo motivo, uma vez que os usineiros tinham outras opções como produção de açúcar e até energia elétrica. Vale ressaltar que o álcool gera 30% a menos de calor se comparado à gasolina, fato que explica a diferença de preço nas bombas de combustível, cerca de 30%, atrelada também à potência e consumo.

Um motor, quando é projetado, é feito em função do combustível, portanto, o aproveitamento ótimo de calor depende dos fluxos, formato de câmara de combustão, taxa de compressão, tamanho de válvulas e tantos outros itens, incluindo a durabilidade dos componentes, desde o bocal do tanque de combustível até a saída do escapamento. Os fatos mencionados evidenciam os motivos pelos quais os atuais motores flex não obtêm os mesmos números de consumo do passado – tanto para gasolina quanto álcool.

O futuro do álcool não depende da engenharia e sim de decisões políticas consistentes para os usineiros e, consequentemente, aos consumidores.

. Por: Ricardo Bock, professor de Engenharia Mecânica do Centro Universitário da FEI.

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