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23/10/2014 - 09:34

A Importância do Fluxo de Caixa Livre para uma Empresa

Vemos muitas empresas entrarem em contato com a nossa consultoria para elaborar o seu plano de negócios (business plan) contando com projeções de médio prazo de receita, custos e despesas. Nossos clientes nos buscam, incialmente, com a ideia de identificar o potencial da empresa para os próximos anos e a sua geração de caixa operacional, também chamada de Ebitda.

Todavia, o que temos visto com frequência é que muitos empresários se esquecem de linhas fundamentais que estão abaixo do Ebitda em um modelo econômico-operacional, como:

. Capital de Giro
. CAPEX (investimentos em ativos fixos)
. Depreciação e amortização
. Tributos sobre o resultado
. Variação e amortizações da dívida

O plano de negócios e, consequentemente, a programação de uma empresa para os próximos anos precisará considerar não apenas a geração de caixa operacional, mas sim o que é livre após os investimentos para a manutenção e ampliação da produção e das vendas, o financiamento de capital de curto prazo ou capital de giro para o crescimento da empresa, os tributos sobre resultado e a capacidade de contratação ou amortização de dívidas financeiras.

De uma maneira simples, podemos considerar os seguintes cálculos:
( +) Receita Operacional Bruta
( - ) Impostos sobre a Receita (ISS, PIS, Cofins...)
( = ) Receita Operacional Líquida
( - ) Custos Operacionais, Despesas Administrativas e Despesas de Comercialização
( = ) EBITDA ou Geração de Caixa Operacional

A partir desse ponto, deveremos estipular quais serão os investimentos em maquinário, obras para ampliação da fábrica, compra de novos caminhões e investimentos em computadores e sistemas, por exemplo. Esses investimentos e o seu montante total deverão se comunicar com as premissas de crescimento de receita, expansão geográfica da empresa, alteração de estrutura de logística e outras premissas que precisam ser consideradas nos planos de negócios. Assim, quanto maior a expansão, maior o CAPEX (investimento em capital fixo), normalmente.

Outra linha que precisaremos estimar é o capital de giro necessário para a operação. Todos sabemos que para aumentarmos o faturamento da empresa ou entrarmos em novos negócios, teremos um prazo para recebimento dos novos clientes, que pode variar de vinte dias a seis meses, em alguns casos. Além do prazo de recebimento, temos os estoques que em momentos de expansão precisarão acompanhar as vendas: maiores vendas, maiores estoques de matéria prima e produtos acabados. Logo maiores estoques, maior a quantidade de capital estacionado na operação da empresa.

Ainda no capital de giro, a empresa conseguirá se financiar, em parte, com fornecedores. Os prazos para pagamento de mercadorias ou serviços auxiliam a empresa a reduzir a sua necessidade de capital de giro ao longo do tempo. Outras formas de financiamento consideradas pelas empresas, são: salários de funcionários que são pagos no final do mês apenas, despesas gerais e administrativas com os seus prazos para pagamento e impostos que são pagos entre vinte ou trinta dias após o fechamento do mês.

Os tributos sobre a renda: imposto de renda, seja calculado pelo lucro presumido ou pelo lucro real, demandam caixa durante os períodos, o que afetará o fluxo de caixa livre da empresa. Muitos empresários, ao considerar apenas o EBITDA, esquecem-se de separar recursos para esses pagamentos recorrentes e precisam entrar em programas de refinanciamento quando a dívida tributária se torna impagável no curto prazo.

Por fim, mas extremamente importante para a empresa e para o fluxo de caixa livre, é a capacidade de endividamento de uma empresa. Essa capacidade de endividamento, diferente do que muitos pensam, obedece certas regras básicas de alavancagem e máximo de exposição por tipo de financiamento. Mesmo que haja geração de caixa ou um projeto com retorno elevado, se a empresa atinge esse limite, dificilmente conseguirá novas linhas de financiamento em bancos comerciais.

Assim, uma empresa não deve se alavancar, na maioria dos casos, além de um certo número de vezes o seu EBITDA; atualmente, esse número é em torno de três vezes. Além disso, o PMT e o fluxo de caixa operacional devem ser compatíveis para que não haja restrições ao pagamento.

Concluindo, em nosso esquema, o fluxo de caixa livre poderá ser calculado da seguinte forma:
( + ) Ebitda
( - ) CAPEX
( - ) Necessidade de capital de giro
( - ) Tributos sobre o resultado (IRPJ e CSLL)
( - ) Variação da dívida financeira (amortização menos novos empréstimos)
( - ) Pagamento de juros da dívida
( = ) Fluxo de Caixa Livre

O Fluxo de Caixa Livre representa, assim, o que realmente está disponível para os acionistas após o resultado operacional da empresa, as necessidades de capital de curto e longo prazo e a capacidade de financiamento com recursos de terceiros. O valor anual projetado do fluxo de caixa livre, que neste caso foi calculado na forma do fluxo de caixa para os acionistas, representa o que poderá ser base de cálculo para distribuição de dividendos sem comprometer o crescimento e a estrutura de capital da firma.

Pensar de forma global e possuir dados financeiros completos, são partes fundamentais de processos decisórios de qualquer empresa. Assim, ao calcular os resultados de empresas, falamos aos nossos clientes que é importante continuar o exercício para que se chegue no fluxo de caixa livre.

. Por; Eduardo Peres, Diretor de Novos Negócios da GlobalTrevo Consulting. Economista pela Unversidade Federal do Rio de Janeiro e Mestre em Economia pelo IBMEC Rio de Janeiro.

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