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29/10/2014 - 09:19

Tornar o produto mais atraente pode ser melhor do que reduzir seu custo

É possível agregar valor a qualquer tipo de produto para torná-lo diferenciado. Com criatividade, inventividade e recursos da engenharia, pode-se aumentar o interesse, o apelo e a necessidade do cliente de ter o produto. Sabe-se que o custo é um aspecto fundamental para o sucesso do negócio, sendo, portanto, mandatória a sua apreciação. Entretanto a eventual diminuição do preço do produto pode não ser a melhor estratégia para o aumento das vendas. É certo que, em alguns casos, é mais difícil agregar valor ao produto, mas a própria história da humanidade, recheada de inovações e progressos, mostra que sempre é possível promover mudanças e torna-lo diferenciado.

Existem técnicas de resolução de problemas, ferramentas para aprimoramento de qualidade e melhoria de valor de produtos, descritas pela engenharia. Contudo é imprescindível saber empregá-las. Profissionais capacitados e com experiência podem contribuir decisivamente para melhoria do desempenho global das empresas.

Técnicas simples de criatividade já foram utilizadas para desenvolver produtos e agregar funções e utilidades antes não previstas. Uma delas baseia-se em adicionar/subtrair características ao produto. Um exemplo dessa técnica foi empregada para o aprimoramento do celular. Acredita-se que diversas pessoas foram reunidas numa sala e questionadas sobre o que removeriam do celular, um método que deve ser feito sempre em um ambiente propício e sem que as pessoas que estão dando ideias sofram qualquer tipo de interrupção. As respostas costumam ser dadas de maneira espontânea, sem grandes reflexões prévias e não devem sequer ser julgadas em termos de mérito. De uma dinâmica como essa, sugestões como a remoção dos números, da conta, dos botões, da antena, entre outras certamente foram apresentadas. Naturalmente alguém deve ter achado hilária a ideia de tirar a conta, uma vez que seria muito interessante se usar o celular de graça. Creio que ao submeter tais comentários para a apreciação da direção da empresa, deve ter surgido a ideia do celular pré-pago (sem conta). Outro resultado provável, em uma dinâmica como essa, pode ter sido o de remover a antena. Antes a antena era retrátil, o que incomodava os usuários.

Essa mesma estratégia poderia ser facilmente utilizada em outros objetos. O clips, por exemplo, pequeno e a princípio pouco atraente, embora necessário. O que poderia ser acrescido ao clips? Cor, textura, cheiro. Isso daria um diferencial ao produto e chamaria a atenção do cliente.

Evidentemente a publicidade e o marketing devem ser igualmente considerados neste intento de incrementar a quantidade de vendas. Fazem com que as pessoas saibam que o produto existe e o compre pela primeira vez. E se o produto tiver qualidade e o atendimento for bom, aumenta muito a chance de ser adquirido novamente. Atualmente existem maneiras com custo muito reduzido de se fazer marketing. As redes sociais são exemplos claros disso. A diferença reside em como as empresas usam as ferramentas disponíveis. E invariavelmente desembocamos nos profissionais que trabalham na empresa. Na capacidade que têm de gerir o negócio de maneira lucrativa. Depende demais das pessoas envolvidas e de como elas usam as ferramentas que estão disponíveis para todos. Por isso a relevância da educação em engenharia e da criatividade dos gestores.

Vale ressaltar que para a sobrevivência das empresas é importante o cuidado especial com a área de recursos humanos. O resultado final de uma organização é fruto do trabalho de pessoas. Isso é indiscutível. Então a qualidade e a competência dos funcionários influenciam diretamente no resultado final das empresas.

Aos interessados em iniciar a operação de uma empresa, independentemente do ramo de atuação ou do produto que pretendem comercializar, entre as principais recomendações estão: ter comportamento empreendedor, planejamento prévio, gestão empresarial (finanças, recursos humanos) adequada. É fundamental ter determinação para vencer os desafios, ter perseverança para desenvolver um plano de ação e disciplina para aplicá-lo.

Infelizmente o Brasil é um País que dificulta demais a atividade empresarial. Por mais que se afirme que a burocracia tenha diminuído, ela ainda continua grande e se torna um severo obstáculo para o início de qualquer empresa, seja ela do porte que for. Outro ponto que afeta os empresários são os impostos. A carga tributária (seja para pessoas físicas ou jurídicas) é acintosa e não se tem retorno algum sobre esse dinheiro compulsoriamente gasto. Dessa forma, o principal desafio hoje dos empresários é vencer as dificuldades intrínsecas impostas por aquele que deveria ser seu maior incentivador: o governo.

Mas todos os desafios se forem bem encarados, podem contribuir para a sobrevivência da empresa. Sobrevivência, pois a taxa de mortalidade das empresas no País, como é conhecida, é absurdamente alta: 27% no primeiro ano de atividade, chegando a 58% no quinto ano no mercado. Ou seja, os dados mostram que a chance da empresa perecer nos primeiros anos de atividade é muito alta.

Estima-se que a indústria paulista, por exemplo, que é notoriamente uma das mais importantes, represente 30% do valor gerado por todos os setores econômicos do País. Esses dados são suportados por um relatório publicado em 2013 pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo – Sebrae/SP. Em São Paulo existem mais de 220 mil pequenas e médias empresas. Os ramos mais importantes são: 1º construção civil, 2º confecção e artigos para vestuários, 3º serviços especializados para construção, 4º fabricação de produtos de metal, 5º gráficas, 6º fabricação de produtos alimentícios, 7º manutenção e instalação de máquinas, 8º artefatos de borracha e plástico, 9º produtos de minerais não metálicos e 10º fabricação de máquinas e equipamentos.

O sistema é muito complexo e constituído por diversas variáveis. Muitas delas ou quase todas não podem ser controladas pelo empresário. Por isso o planejamento é fundamental. Contudo, nosso eterno ídolo Ayrton Senna afirmou categoricamente: “somos insignificantes. Por mais que você programe sua vida, a qualquer momento tudo pode mudar”. Iria até mais longe, diria que a única certeza que se tem é que mudanças ocorrerão. A maneira com a qual as empresas lidam com as mudanças, determina seu sucesso.

. Por: William Maluf, professor doutor da FEI do curso de graduação de Engenharia Mecânica e de pós-graduação do curso de Gestão e Tecnologia de Desenvolvimento de Produtos.

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