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Em entrevista: Dr. Ariovaldo Rocha, presidente do Sindicato Nacional da Indústria, da Construção, Reparo Naval e Offshore (SINAVAL)

Fator Brasil

• Fator Brasil: O Mauá Jurong e o Eisa vão fabricar dez petroleiros tipo Panamax para a estatal venezuelana PDVSA, num valor estimado pelo mercado em US$ 500 milhões, gerando quatro mil empregos em Niterói, é isso?

- Dr. Ariovaldo Rocha: Sim, O governo da Venezuela vem, há vários meses, pesquisando, consultando e fazendo contatos para a construção de petroleiros para a PDVSA. É um processo que envolve a consulta a diversas empresas e os estaleiros brasileiros foram incluídos nesse levantamento em função da capacidade produtiva, em função das construções de navios de apóio marítimo que vem sendo realizada com grande sucesso para a Petrobras, com qualidade, preços e cumprimento dos prazos. Os petroleiros, que os estaleiros brasileiros se preparam para produzir para a Transpetro, serão um novo e importante marco para a indústria naval local e deverão criar a escala produtiva necessária para a construção competitiva a outros países da América Latina. O Sinaval acompanha e apóia institucionalmente, quando necessário, esses entendimentos. Cabe a cada estaleiros individualmente a condução dessas negociações que esperamos que sejam bem sucedidas.

• Fator Brasil: A parceria para o negócio prevê transferência de tecnologia nacional para a venezuelana Diques y Astilleros Nacionales (Dianca), e para fornecedores de navipeças daquele país, pode explicar melhor?

- Dr. Rocha: A indústria naval em todo mundo atravesa um momento com carteiras de encomendas lotadas e prazos de entrega longos. Em momentos como esse existe um forte estímulo para ingresso de novos empreendedores no setor de construção naval. No entanto, é necessário lembrar que a indústria naval tem entre suas características ser um negócio com ciclos de encomendas que se alternam entre fases fortes e fracas. Daí a necessidade do país que escolher participar da competição internacional de construção naval de se preparar com políticas e articulações bem definidas e um mercado interno capaz de gerar demanda. Na América Latina existem países com forte mercado interno para construção naval são o Brasil e o Chile. O Brasil em função das encomendas da Petrobras (petroleiros e navios de apoio) e uma frota de navios porta-contêineres chegando ao momento de renovação e constituição de frota com bandeira brasileira. O Chile tem a CSAV que é uma importante empresa de navegação internacional. A Venezuela tem a PDVSA, a petroleira do estado, que permite a implantação de determinado tipo de processo local de construção naval.

• Fator Brasil: Segundo a PDVSA, as duas empresas brasileiras terão ainda que investir em instalações na Venezuela, permitindo que a indústria local se habilite a construir navios no futuro.

- Dr. Rocha: O governo a Venezuela está há mais de um ano estudando a implantação de uma rede de fornecimento da indústria naval. É uma decisão política e que, a partir do que é possível entender, terá a responsabilidade de construir navios para a PDVSA. O ponto central é a determinação pelo governo da Venezuela de como assegurar continuidade de obras a essa indústria naval local, de forma a atrair o investimento do capital privado.

• Fator Brasil: Como fica a indústria naval no Rio de Janeiro e Brasil, que já começa construir navios para fora do país, e ainda não conseguiu construir os navios da Transpetro, comente o emperramento, os problemas que o Brasil pode enfrentar se não alavancar sua indústria naval, já no acúmulo com a falta de infra-estrutura, como reclama os grandes empresários que querem crescer, por exemplo, o presidente da Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, que desabafou durante Almoço-Balanço de 2006.

- Dr. Rocha: A indústria chegou ao final de 2006 diante de uma nova realidade e um duplo desafio, o primeiro desafio é atender as encomendas de plataformas e navios de apoio acrescidas da construção dos 26 petroleiros da Transpetro. A demanda impõe enorme pressão sobre a formação de recursos humanos, o fornecimento de sistemas, navi-peças e aço naval a preços competitivos.

O segundo desafio é assegurar um processo sustentável de encomendas para construção de navios além de 2010, que viabilize os investimentos em novos estaleiros e ampliação dos existentes, com a diluição de custos financeiros num projeto de longo prazo. A conquista desta etapa exige encomendas de navios porta-contêineres para cabotagem e longo curso, dos armadores privados.

As encomendas da Transpetro são uma realidade. Uma decisão política do Governo. A licitação já ocorreu os estaleiros já foram selecionados . Os recursos financeiros para a construção dos navios estão definidos. Portanto, mais de 80% dos obstáculos já foram superados. Para 2007 o novo Congresso eleito volta a examinar o pedido de autorização do aumento da capacidade de endividamento da Transpetro, cujos argumentos econômico-financeiros são consistentes. Portanto, nada indica que ela não venha ocorrer.

No cenário mundial frota de navios mercantes está concentradas em 20 países. Os países principais participantes do mercado internacional de construção naval optam por uma relativa especialização, sendo facilmente reconhecíveis a da Coréia, especializada navios de grande porte; a de Cingapura, especializada em plataformas e navios para a indústria de petróleo offshore e a dos Estados Unidos, que focaliza a indústria militar.

A maior parte dos países europeus entrincheirou-se em nichos de navios de especiais e sofisticados. O Japão, constrói toda a linha de navios e luta para aumentar a produtividade e reduzir custos. Em todos os países há forte tendência na direção de (uma ainda maior) concentração na armação, produção naval, offshore e navipeças.

As reivindicações do SINAVAL são consistentes com a reconquista de algum nível de poder marítimo ao Brasil, conforme determina a legislação.

Integração das agências governamentais e das empresas de navegação para uma ação conjunta e estratégica de expansão logística e da indústria naval;

Política industrial sustentável ao setor que é de ciclo longo de produção e historicamente alterna intensa demanda seguida por retração prolongada;

Fundo garantidor dos financiamentos do BNDES (agente do FMM) até a entrega do navio.

O PIB brasileiro de 2006 é avaliado em US$ 640 bilhões (3% de expansão em relação a 2005). As exportações de US$ 140 bilhões representam uma participação de 21 % sobre o PIB, inferior a média mundial de 25%.

• Fator Brasil: Dr. Ariovaldo, faça um breve balanço sobre o ano de 2006:

- Dr. Rocha: A indústria naval encerrou o ano de 2006 gerando 36 mil empregos diretos e com um faturamento de US$ 3 bilhões.

Os novos investimentos em estaleiros elevam o potencial de processamento de aço naval da indústria para mais de 400 mil toneladas/ano.

Em 2006, o Estaleiro Rio Grande – A W Torre Engenharia foi a vencedora da licitação da Petrobras para construir e arrendar por dez anos dique seco do Estaleiro Rio Grande (RS) destinado a construção de plataforma semi-submersíveis.

Estaleiro Atlântico Sul – A construção em Suape (PE) do consórcio formado por Camargo Corrêa, Queiroz Galvão e Aker Promar ( a Samsung deve participar).

Aker Promar Canal das Flechas – Novo estaleiro na Barra do Furado, entre Campos e Quissamã (RJ) para construir navios de apoio marítimo e navios de médio porte.

A Ultratec Niterói (expansão) - O estaleiro Ultratec, em Niterói (RJ), investiu R$17 milhões para ampliar suas instalações a 112 mil metros quadrados que vai empregar 1.600 pessoas.

O Estaleiro Navship Navegantes - Inaugurado em Santa Catarina será primeira filial do grupo Edison Chouest Offshore fora dos Estados Unidos é um empreendimento de U$ 42 milhões, parte financiado pelo BNDES.

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