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15/01/2008 - 10:29

O pólo ceramista e o gás

O empresariado nacional freqüentemente é convidado a investir mais no país. Os empreendedores são instigados a colocar a locomotiva para andar e fazer nossas empresas aumentarem a produção com competitividade e sem choro. Mas, no caminho dessa história – e bem na hora da subida -, descobrimos que provavelmente não temos combustível suficiente para seguir sobre os trilhos. Aumentamos a produção, mas podemos parar em qualquer ponto desse deserto da iniciativa pública federal.

As notícias recentes sobre o risco de racionamento de energia preocupam, e muito, o pólo ceramista da região de Rio Claro. O setor, por exemplo, confiou piamente nas promessas de que o gás é o insumo perfeito para o setor e investiu R$ 80 milhões para transformar máquinas e equipamentos capazes de trabalhar com gás. O resultado pode ser conferido nas indústrias, que estão 100% “movidas a gás”. A construção do gasoduto Brasil-Bolívia parecia ser o ponto final nessa história, oferecendo de vez uma alternativa eficaz para o setor. Mas um dos primeiros sinais de preocupação foram as notícias vindas de além das fronteiras, especificamente da Bolívia e da Venezuela.

Apesar dos percalços internacionais, as empresas ceramistas continuaram em frente, mas o sinal amarelo voltou a ficar mais forte para este setor que é responsável por 65% da produção nacional e foi o primeiro a aderir a essa matriz energética. Na região de Rio Claro, são 48 indústrias ceramistas que empregam milhares de trabalhadores. No ano passado, essas empresas consumiram 359.700.000 m3 de gás e, em 2007, a previsão inicial do setor era aumentar o consumo em 10%. Para se ter uma idéia da importância dessas indústrias, no Estado de São Paulo o consumo desse combustível atingiu 426.800.000 m3 no ano passado e deve aumentar em 8% em 2007.

A possibilidade de racionamento pode fazer esse trem sair dos trilhos e colocar em risco o trabalho dos milhares de trabalhadores do setor. Esse insumo é um componente fundamental do custo final dos nossos produtos e qualquer alteração nesse valor vai comprometer a competitividade do setor.

Já é conhecida a voracidade de alguns países na busca de novos mercados. Os chineses, por exemplo, vêm abocanhando paulatinamente os mercados. A indefinição de investimentos no setor energético coloca nossa indústria ainda mais na berlinda internacional.

Devemos nesse momento unir esforços para encontrar soluções imediatas para essa questão. O país dispõe hoje de tecnologia no setor petroquímico e a participação técnica pode oferecer saídas que mantenham a competitividade da nossa indústria de cerâmica. Os investimentos do setor energético devem ser reavaliados imediatamente, pois a confiança dos futuros investidores depende da verdadeira capacidade do país em garantir energia suficiente para a produção industrial.

Infelizmente, o trem que subia a montanha da produção enfrentou um contratempo no meio do caminho. Desejo que os freios tenham sido muito bem checados para qualquer eventualidade de descida. Caso contrário, é bom começar a prece.

. Por: Nevoeiro Jr. Sociólogo e prefeito de Rio Claro

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