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11/12/2014 - 14:06

Perspectivas 2015 para o setor de engenharia consultiva


Em publicação recente, a revista "O Empreiteiro" informou que "na sequência de oito anos de alta consecutiva no faturamento bruto das empresas de projetos e consultoria, a queda iniciada em 2012 continuou no ano seguinte (2013) quando as 40 maiores empresas do setor tiveram uma queda de 2.77% na sua receita bruta (a queda foi de 5,5% em 2012)". Na realidade a perda de receita do setor foi maior pois uma parte foi corroída pela inflação.

Em 2014, continuamos ao que tudo indica com uma retração de nossas atividades, tanto em função da redução dos investimentos privados quanto da dificuldade das administrações públicas em executar os seus planos de investimentos, mais por total incapacidade gerencial do que por falta de recursos.

Estamos terminando um ano de grandes gastos não produtivos, política monetária de pouco rigor, crescimento praticamente nulo (0,1%!) e com uma série de incentivos que estão com os dias contados. A política anticíclica “criativa”, fundamentada nos incentivos ao consumo, fracassou. O governo que se inicia está no meio de um intenso debate quanto às medidas a serem tomadas em relação à chamada “política fiscal”. As intenções da nova equipe econômica são claras: elevar o superavit primário e controlar a inflação.

O ano 2015 será um ano de ajustes, com crescimento ainda baixo, aumento de tarifas e juros mais elevados. Resumidamente, se conseguirmos fazer os ajustes e ainda ter um ano 2015 um pouco melhor do que 2014, estaremos no lucro. Esperamos que, após os ajustes necessários, seja praticada oficialmente uma política anticíclica verdadeira que somente pode ter sucesso via aumento do investimento em infraestrutura e redução dos subsídios e das despesas de custeio. Para ser eficaz, está política requer que sejam devidamente planejados e controlados estes investimentos.

Para isto, o país precisa de empresas de engenharia consultiva fortalecidas capazes de projetar e fiscalizar a implantação destas obras de infraestrutura. Nosso setor deve mostrar que somente desta maneira é possível evitar descontrole nos orçamentos e melhorar a qualidade dos investimentos.

No primeiro ano do novo mandato da presidente, com nova liderança e estilo próprio na gestão da economia, o governo poderá frear investimentos na infraestrutura física do país para adotar uma estratégia de arrumação da casa, sem prejuízo dos seus programas sociais. Assim foi anunciado.

Se confirmada essa política, surge a oportunidade de recuperar a lógica dos investimentos públicos abandonada temerariamente nos últimos anos no país.

Dos setores que demandam recursos maiores podemos destacar dentre outros os de transportes rodoferroviários e aquaviários, portos e aeroportos, construção de barragens e geração de energia, expansão da extração de petróleo e refinarias, equipamento urbano e meio-ambiente.

A execução desses empreendimentos é necessariamente precedida de estudos e projetos de engenharia de qualidade que exigem tempo adequado de elaboração com base em amplo conhecimento técnico e experiência de empresas do setor de engenharia consultiva. Essa etapa dos programas de investimento é o momento crítico que definirá o seu êxito. Não pode ser produto de ansiedades políticas e eleitorais com prejuízo da inteligência e das mais adequadas tecnologias requeridas no planejamento responsável de cada setor de investimentos – públicos e privados.

A nova face da área econômica do governo recomenda ou mesmo impõe que nos primeiros anos da nova gestão os investimentos públicos sejam focados com vigor na produção de estudos de pré-investimento em todos os setores demandantes de engenharia, com o desenvolvimento de projetos que custam pouco mas definem o êxito ou fracasso das obras públicas projetadas.

Por coerência com essas premissas, deve ser definitivamente corrigida a prática temerária de contratação integrada de obras públicas sem projetos, uma agressão à lógica da engenharia e à economia do país.

Podemos apontar as demandas mais sensíveis da população e das organizações profissionais e empresariais. Será oportuna uma pesquisa preliminar ágil para estabelecer uma agenda de prioridades de cada setor para o primeiro ano deste período que se inicia. Logo acontecerão as licitações para a contratação segura de empresas especializadas de engenharia consultiva para trabalharem com prazos viáveis e garantia de melhores soluções para os empreendimentos públicos e privados, estes incentivados para iniciativas de PPPs.

Devemos prosseguir em nosso esforço de valorização da engenharia consultiva, continuando com a nossa oposição ao uso de pregão para contratação de serviços de consultoria em licitações públicas, assim como a soluções “criativas” que limitam a concorrência.

São essas as expectativas realistas da engenharia de projetos e obras para este momento de mudanças políticas em nosso país.

Vamos colocar como uma meta da ABCE seguir em 2015 com tenacidade necessária para convencer os formadores de opinião, da importância estratégica da valorização do nosso setor. Contamos com o apoio de todos nessa missão.

. Por: Mauro Viegas Filho, presidente do Conselho Diretor da ABCE – Associação Brasileira de Consultores de Engenharia.

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