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23/12/2014 - 09:19

Estudo da Bain & Company lista cinco lições que apontam caminhos para o segmento de biocombustíveis

Após um período de grande crescimento, o mercado de biocombustíveis desacelera devido à falta de investimentos e subsídios governamentais.

A indústria de biocombustíveis começou a decolar no início dos anos 2000, a partir dos subsídios governamentais que permitiram ao etanol e ao biodiesel alcançarem um custo competitivo. Entre 2003 e 2010, três dos maiores mercados de biocombustíveis do mundo tiveram um crescimento significativo: 24% nos Estados Unidos, 15% no Brasil e 44% na União Europeia. Em 2011, o etanol era responsável por quase 7% do consumo de combustível para transporte no mundo. Por que depois de sete anos de crescimento rápido e consistente, hoje a indústria enfrenta uma crise? Este é o foco do estudo “Biofuels: from the boom to bust?”, da Bain & Company, consultoria global de negócios.

Preocupações sobre o impacto dos biocombustíveis nos preços dos alimentos, juntamente com orçamentos mais apertados devido à crise econômica global em 2008 e 2009, fizeram com que muitos governos ficassem menos dispostos a apoiar a indústria. E, com isso, o entusiasmo em relação ao setor diminuiu. “Uma série de problemas tem atrofiado o crescimento dos biocombustíveis em todos os mercados. O aumento dos custos de produção, infraestrutura inadequada, a oscilação do apoio do governo para subsídios e créditos fiscais e a diminuição do interesse do consumidor são alguns dos fatores que desenham o cenário atual”, explica Fernando Martins, sócio da Bain & Company e um dos autores do estudo. Diante desta situação, a consultoria lista cinco lições para o setor: 1) Os biocombustíveis ainda precisam da ajuda do governo – os biocombustíveis ainda são mais caros do que os combustíveis fósseis e, por isso, o apoio do governo para a indústria continua a ser necessária, combinando subsídios fiscais e incentivos ao investimento. Mesmo no Brasil, país que produz o mais eficiente etanol de primeira geração, a indústria sofreu quando o governo afastou créditos tributários. Hoje, o etanol é competitivo com a gasolina na bomba apenas no estado de São Paulo, onde os custos de produção e os impostos são mais baixos.

2) Diretrizes funcionam mais do que apenas subsídios – os Estados Unidos revolucionaram o envolvimento do governo no setor na segunda metade da década de 2000. A União Europeia acompanhou com diretrizes sobre metas de mistura. Hoje, a maioria dos países possuem orientações com base em volumes ou misturas para incentivar o crescimento da indústria. Sendo assim, os governos devem pesar cuidadosamente os custos e benefícios das opções de política antes de implementá-las para promover o crescimento do setor.

3) Considerar os impactos de políticas sobre a dinâmica do mercado – algumas políticas destinadas a impulsionar o crescimento dos biocombustíveis levaram a consequências negativas nos mercados internacionais, tais como políticas de promoção dos biocombustíveis da UE que deixou de considerar o impacto nos mercados comerciais. Os governos devem considerar os potenciais efeitos das mudanças políticas na dinâmica do mercado global, caso contrário, eles podem criar distorções que são difíceis de resolver. Para evitar esses problemas, eles devem examinar as implicações do comércio internacional de qualquer política, levando em consideração as ligações complexas e entrelaçadas no mercado.

4) Estabilidade política é fundamental – a indústria de biocombustíveis é extremamente sensível a mudanças no cenário político e a estabilidade é importante para o crescimento. Nos Estados Unidos, por exemplo, muitos produtores do setor privado estão hesitantes em investir na comercialização e expansão dos biocombustíveis celulósicos, sem garantia de que o governo vai alcançar as metas do setor para 2022. Na Colômbia, o governo garante aos produtores locais uma oportunidade justa para competir pela estabilização do preço do biodiesel no mercado local. Com estabilidade, criam-se mercados.

5) Os biocombustíveis de segunda geração continuarão enfrentando desafios - os biocombustíveis de segunda geração não estão se desenvolvendo tão rápido quanto o esperado. Embora a tecnologia já exista, eles continuarão a enfrentar muitos dos mesmos desafios que os de primeira geração, incluindo o acesso a terra, o aumento dos custos do trabalho e dificuldades de logística.

O cenário no Brasil -A indústria de biocombustíveis globais experimentou um rápido crescimento na última década, mas a desaceleração registrada nos últimos três anos levanta preocupações. Antes, foram três os fatores que colaboraram para o crescimento exponencial do etanol: o motor flex na indústria automotiva, novos mandatos políticos que pressionaram para a maior utilização dos biocombustíveis e os subsídios governamentais. “O Brasil produz mais cana-de-açúcar do que qualquer outro país, e por ser a matéria-prima fundamental para a produção de baixo custo de etanol, isso fez com que o País rapidamente se tornasse o segundo maior produtor e consumidor dessa fonte de energia. A mudança do mercado ao se deparar com os veículos flex complementa esse cenário”, analisa Martins. Com isso, o consumo de etanol cresceu de 34% em 2005 para 50% em 2009. Hoje, no Brasil, as mudanças na política de subsídios do governo levaram alguns produtores a perder mercado e restringiram o investimento no crescimento futuro do setor.

Próximo ao Brasil, o estudo cita a Colômbia como exemplo bem sucedido. Para reduzir as distorções de mercado, incentivando a produção local, o governo colombiano implementou um conjunto de políticas, incluindo os requisitos de mistura (de 8% a 10%), créditos fiscais de produção e consumo, e zonas econômicas especiais para a produção de biodiesel, que foi muito bem recebido pelos investidores e pelo setor privado. Estabeleceu, também, um fundo de estabilização de preços que garante a sustentabilidade financeira dos produtores locais, garantindo uma maior margem de lucro. Já na Tailândia, um mercado em desenvolvimento, o consumo de etanol e biodiesel tem aumentado rapidamente na última década. O plano do governo é aumentar o consumo de biocombustíveis para 3,3 bilhões de litros por ano, até 2021, ao facilitar as leis e regulamentações, além de melhorar a produtividade dos agricultores. “Pode ser muito cedo para avaliar o sucesso das iniciativas de biocombustíveis na Colômbia e Tailândia, mas em ambos os países, os primeiros sinais são positivos”, diz o executivo da Bain.

A sustentabilidade comercial de biocombustíveis avançados ainda é um longo caminho, e o apoio do governo continuará sendo necessário para o crescimento da indústria. “Apesar das ondas políticas para incentivar o crescimento, os biocombustíveis ainda representam um negócio como qualquer outro. Os fundamentos da concorrência, custos e escalabilidade determinarão se a indústria de biocombustíveis e seus players podem competir com os outros combustíveis para transportes quando os subsídios não existirem mais”, finaliza Martins.

A Bain & Company, empresa líder global em consultoria de negócios, orienta clientes em relação a estratégias, operações, tecnologia, constituição de empresas, fusões e aquisições, desenvolvendo práticas que assegurem aos clientes transparência nos processos de mudança e tomada de decisões. A consultoria trabalha em sinergia com os clientes, vinculando seu fee aos resultados. O desempenho dos clientes da Bain superou o mercado de ações em 4 para 1. Fundada em 1973, em Boston, a Bain conta com 51 escritórios em 33 países e já trabalhou com mais de 4.900 empresas entre multinacionais e companhias privadas e públicas em todos os setores da economia.[ www.bain.com.br].

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