Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

30/12/2014 - 09:15

Governança e externalidades

Parece haver consenso de que empresas causam externalidades. Por outro lado, não é tão evidente o quanto esses impactos podem afetar o valor das organizações, apesar do crescente número de casos em que passivos legais ou intangíveis prejudicaram balanços e o valor de mercado da empresa.

Ao afetar o valor, impacta acionistas e mobiliza gestores de capital financeiro. Estes, mais do que atingidos, são os responsáveis finais pelos efeitos colaterais causados por organizações nas quais detêm ou alocam recursos ao exercerem grande influência na administração.

A gestão de externalidades no mundo empresarial acompanha a crescente importância de aspectos socioambientais no dia a dia das organizações. Da área de recursos humanos ou de operações, migrou para gerências e diretorias. Mais recentemente, foram incorporadas ao arsenal básico de CEOs.

Para direcionar e monitorar suas empresas e evitarem impactos em seus bolsos, acionistas e investidores se reúnem em conselhos de administração, órgão principal da Governança Corporativa, central na gestão do valor das organizações e, consequentemente, um dos principais fóruns para lidar com o que afeta a criação ou destruição de uma companhia.

Não há como deixar de incorporar a gestão de externalidades em suas pautas. Mesmo em organizações com boas práticas, faltam mecanismos específicos para uma abordagem ampla destes impactos, para avaliá-los com isenção e responsabilidade, mas as discussões para um avanço estão em andamento.

Um dos elementos centrais é o tempo. Investidores, acionistas e gestores tendem a priorizar o curto prazo, sendo uma arte promover o alinhamento temporal para a construção do valor das organizações no longo prazo.

O resultado desse modelo tradicional, voltado ao curto prazo, tem sido fortemente questionado pela sociedade civil, por investidores com perfil de longo prazo e por seguradoras e resseguradoras, crescentemente afetadas por passivos socioambientais.

Projeções de externalidades no tempo afetam as equações de valoração em várias frentes: na monetização de capitais considerados intangíveis, no risco, na tangibilidade de passivos, em questões de reputação e marca, na estabilidade dos negócios e na atração de talentos.

O estágio emergente da incorporação de externalidades nas estratégias empresariais tem como consequência, em muitos casos, maior dissonância de expectativas entre aqueles que têm capital financeiro alocado em empresas.

O espectro de possibilidades se amplia. O alinhamento com demandas da sociedade, com poder crescente na licença para operação, é cada vez mais complexo e relevante. A busca de consenso entre acionistas e investidores resulta frequentemente em um mínimo denominador comum, sem espaço para uma abordagem ampla das externalidades. As valorações acabam sendo incompletas, modelos de negócios geradores de externalidades positivas não avançam, e aqueles com fortes efeitos negativos sobrevivem.

Mas o fato é que o monitoramento e o direcionamento dos impactos econômicos de externalidades são desafios que só a Governança consegue endereçar adequadamente.

. Por: Roberto S. Waack, Conselheiro de Administração do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa).

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira