Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

08/01/2015 - 07:06

Individualidade evolutiva – O papel das empresas

Meus três últimos textos – O número “EU”, A “dança da vaca” e A zona do “sem forto” (*) – tiveram como foco o indivíduo, as mudanças internas e externas a ele e a importância de nos adaptarmos a elas e de não nos acomodarmos para viver uma Vida mais dinâmica e mais feliz.

É claro que cada indivíduo, através do seu livre arbítrio, tem o poder de escolher entre ser apenas um coadjuvante ou ser o protagonista , o artista principal de sua própria Vida.

Mas de que adianta todo este esforço, todo este investimento em seu autoconhecimento, se as empresas continuarem a ser responsáveis pela infelicidade que acomete seus colaboradores?

Atentem para o que escreveu Dostoiévski: “O castigo mais terrível para qualquer ser humano seria a condenação a uma vida de trabalho absolutamente desprovido de utilidade e sentido”.

Pesquisas indicam que a insatisfação profissional é muito alta, variando de 55% a 76%, sendo que esta última porcentagem foi verificada através de um estudo realizado pela ISMA, no Brasil, com pessoas entre 25 e 60 anos de idade. Não cabe aqui comentar as causas que levam a estes índices. Elas são bem conhecidas assim como seus reflexos na saúde física e mental dos colaboradores.

E qual seria o papel das empresas, através de seus gestores, em minimizar este quadro?

Elaine Pelegrini Ranieri, em seu texto Incluir para inovar, diz que a palavra incluir, na linguagem corporativa, significa “oferecer condições apropriadas para que a pessoa consiga executar suas tarefas individuais da melhor maneira possível, independentemente das suas limitações e características”.

Isso significa que o gestor deve entender que cada um dos seus liderados é um Ser Humano único, indivisível, daí um indivíduo e seus derivados, individual e individualidade.

E se isso é um fato indiscutível, por que muitos gestores insistem em um tipo de gestão onde todos são tratados de uma mesma forma?

Não é a toa que para o COMP existem duas alternativas bem conhecidas:

Comportamentos “massificados” de gestores, onde a individualidade de cada um não é reconhecida é, sem dúvida, uma das causas onde os indivíduos se “demitem do gestor” e não da empresa.

Uma gestão mais moderna, mais atual, tem que ser inovadora também neste aspecto. Não adianta se criar “programas de felicidade” se não houver inovação em como se perceber e tratar cada colaborador de forma individualizada.

Uma análise da evolução de como os colaboradores eram e são percebidos mostra que, ao longo do tempo, tem havido mudanças. Do “departamento do pessoal” para “recursos humanos”, “gestão de talentos”, “gestão de pessoas”, é visível a maneira como isto vem sendo aprimorado.

Entretanto, acredito que mais um passo possa ser dado.

Não adianta as empresas usarem o jargão “as pessoas são o nosso principal patrimônio” se elas continuarem a ver seus colaboradores apenas como “pessoas”.

A palavra “pessoa” vem do latim persona, que significa máscara. O que pode ser entendido como um papel que desempenhamos em nossa Vida. Exemplo: o papel profissional.

Aliás, convem lembrar que, durante nosso viver, assumimos uma série de papéis como pai, amigo, vizinho, namorado, e, no meu caso, dentista, palestrante, escritor, pesquisador, etc. E que para cada um deles, existe uma “máscara”. Mas, acima de tudo, nós exercemos estes diferentes papéis sem perder nossa individualidade.

Este fato infelizmente mostra que algumas pessoas se identificam tanto com a sua “máscara” (papel) profissional, que acabam adotando o cargo e o nome da empresa como o seu nome e sobrenome. Certamente você conhece alguém que se apresenta como “O diretor de marketing da empresa X”. E você fica sem saber quais são os seus nome e sobrenome.

Volto a reafirmar. Mesmo atrás de uma “máscara” profissional, existe um indivíduo, com todas as suas características que lhe são peculiares, como procuro demonstrar abaixo.

Quem sabe não está chegando a hora de mais uma inovação (mudança) e trocar o nome “gestão de pessoas” ou “gestão de talentos” para “gestão de indivíduos”?

Talvez a mudança do nome acabe gerando também uma mudança da visão da gestão, visto que Gestão de Indivíduos transmite e ideia real de que, pelo fato de sermos todos diferentes, os gestores terão que saber lidar com as diferenças individuais (crenças, cultura, opção sexual, raça, credo, etc.), respeitando-as e aprendendo a conviver com elas.

Essa mudança de postura, onde o colaborador terá as condições ideais para exercer suas atividades, também poderá facilitar um dos maiores “pesadelos” dos gestores: a retenção dos colaboradores.

Para mais, um colaborador que se sinta “incluído” neste tipo de cultura, certamente se sentirá mais engajado, mais valorizado e mais reconhecido, o que só fará a empresa crescer, ter maiores lucros e, quem sabe, se tornar uma das melhores empresas para se trabalhar.

Empresas inovadoras na Gestão de Indivíduos certamente serão aquelas onde o trabalho se ajustará à maneira de ser do colaborador e não fazer com que o colaborador ajuste a sua vida ao trabalho requerido. Ninguém será mais escravo de ninguém e todos sairão ganhando.

E, sem dúvida, isto proporcionará ao colaborador um maior sendo de liberdade e autonomia, dois combustíveis essenciais que o farão aumentar sua performance, torná-lo mais feliz e permanecer na empresa.

Com isto é fácil deduzir que os índices de absenteísmo e presenteísmo serão diminuídos, assim como os da rotatividade. Se isso assim ocorrer, caberá, neste contexto, as palavras de E. F. Schumacher, contidas em seu livro Good Work (1980):

Não quero cair na rotina.
Não quero ser escravizado por máquinas, burocracia, tédio e feiura.
Não quero me tornar um imbecil, um robô, um peão.
Quero fazer meu próprio trabalho.
Quero viver com (relativa) simplicidade.
Quero lidar com pessoas, não com máscaras.
As pessoas importam. A natureza importa. A beleza importa. A inteireza importa.
Quero ser capaz de me importar.

Deixo este texto como uma pensata do final de 2014 para o alvorecer de 2015. O poeta persa Sa’di disse: “se o mergulhador se preocupa apenas com o tubarão, jamais colocará as mãos na pérola”. Se este “tubarão” estiver constantemente em nossas mentes, jamais conseguiremos “mergulhar” em direção a um novo futuro. Espero, sinceramente, que gestores e empresas, já neste início de 2015, matem estes “tubarões” e propiciem a os seus colaboradores condições para que eles “botem as mãos na pérola”.

Quem sabe, em um futuro não tão distante, gestores e colaboradores, todos nós, poderemos vivenciar as palavras do escritor François-Rene de Chateaubriand, ditas há mais de cem anos:

Um mestre na arte de viver não faz distinção entre trabalho e diversão; trabalho e lazer; mente e corpo; instrução e recreação. Ele dificilmente sabe qual é qual. Simplesmente segue sua visão de excelência em tudo o que está fazendo e deixa os outros determinarem se ele está trabalhando ou se divertindo. Para si, ele sempre parece estar fazendo as duas coisas.

. Por: Dr. Luiz Roberto Fava , cirurgião dentista, especialista em endodontia (tratamento de canal), exercendo esta atividade por mais de quatro décadas. Durante este período também exerceu as atividades de professor, pesquisador e autor, ministrando inúmeros cursos e palestras além de publicar dois livros e inúmeros trabalhos em revistas nacionais e internacionais.

A partir de 2004 vem se dedicando à área de Qualidade de Vida Integral, ministrando palestras e cursos, e também atuando como escritor e autor de três e-books e de inúmeros textos sobre saúde, desenvolvimento pessoal, estresse, gerenciamento do tempo, produtividade, espiritualidade, etc. [www.favaconsulting.com.br].

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira