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16/01/2015 - 07:54

Otimismo à frente para os EUA

Em palestra no NRF 2015, o ex-presidente do FED, Ben Bernanke, faz uma retrospectiva da crise de 2008 e analisa as mudanças geradas pela recuperação econômica dos EUA.

Relaxado, à vontade, e muito diferente daquele que pilotou as medidas monetárias para evitar uma quebradeira generalizada no mercado financeiro internacional, o ex-presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, foi a atração do dia no NRF 2015. Ele fez uma retrospectiva de sua atuação para conter a crise iniciada com a insolvência das instituições com alta exposição no mercado de hipotecas imobiliárias e analisou brevemente a recuperação da economia nos Estados Unidos e no mundo.

“Em 2007, quando os primeiros sinais de problemas no mercado de hipótese surgiram, não víamos que isso iria trazer uma grande crise, já que os volumes negociados não eram tão grandes se comparados com a economia como um todo”, afirma Bernake, um estudioso das crises financeiras do século XIX e de 1929. “Quando analisamos o pânico dos investidores no passado, vemos que era surgia da insegurança em relação à solvência das instituições financeiras. Em tese, isso não poderia acontecer mais, já que há um seguro que garante os depósitos. Mas ocorre que em outros setores do mercado, como o os derivativos, havia aplicações alavancadas em cima de hipotecas, o que multiplicava por muitas vezes o problema. Foi isso começou o pânico. Em março de 2008, o banco Bear Sterns teve problemas e foi comprado. Isso refreou a crise. Ao longo do ano, contudo, a coisa deteriorou de novo. Foi aí que percebemos que o banco Lehman Brothers estava em dificuldades. Eles tinham ativos ruins: imóveis, hipotecas e más aplicações financeiras.”.

Segundo Bernanke, pensou-se em várias soluções viáveis para impedir a quebra do Lehman – a gota d’água que determinou o início da crise de 2008, cujos efeitos são sentidos em vários países até hoje. O FED chegou a montar um grupo, junto com vários executivos do mercado, para encontrar uma saída para o problema. Surgiram dois candidatos a comprar o banco, o Bank of America e o Barclays. Os executivos dessas instituições, no entanto, olharam o balanço do Lehman e viram uma insolvência irrecuperável. Não haveria, assim, uma saída financeira que atendesse à lei. Por isso, foi decretada a falência do banco.

Mas, e o que aconteceu com a AIG? A seguradora também tinha ativos ruins, estava insolvente, mas não quebrou e recebeu US$ 85 bilhões do FED. Bernanke explica que a AIG perdeu dinheiro em uma das empresas do grupo, que aplicava o dinheiro de suas reservas técnicas em hipotecas supervalorizadas e com alto risco de calote. “Mas, no restante do grupo, havia ativos bons, que serviriam de garantias. Assim, tínhamos como aportar recursos do Federal Reserve sem afrontar a lei”.

Bernanke, então, foi ao então presidente George W. Bush para explicar a situação. “Eu disse a ele: precisamos injetar 85 bilhões de dólares na AIG. Ele perguntou qual seria a opção. Respondi que não havia outra solução. Fui, então, falar com senadores para expor o plano de salvação da AIG e das empresas de financiamento imobiliário que estavam quebrando. Um dos senadores disse que ninguém no Congresso iria dar permissão para isso. Seria uma decisão exclusiva do FED. Eu pensei: ‘que manifestação de solidariedade’’’.

Ele foi em frente e evitou o colapso total da economia, embora tenha havido uma forte recessão nos Estados Unidos e no mundo a partir daquele momento. “Nós tentamos estabilizar o sistema financeiro e achávamos que a economia mais rapidamente. Mas a troca de presidentes, com a entrada de Barack Obama, colocou o FED em compasso de espera, atrasando o processo”, lembra Bernanke.

Nos últimos tempos, a economia americana começou a melhorar, o desemprego caiu, o PIB está crescendo. E agora? O que deve acontecer?

A preocupação do ex-presidente do FED é que o resto do mundo está ainda passando por dificuldades, especialmente a Europa.

Nos Estados Unidos, entretanto, a economia parece estar entrando nos trilhos. O preço do petróleo, por exemplo, caiu e deu impulso ao consumo. Como o combustível ficou mais barato, sobrou mais dinheiro para os consumidores e esses recursos foram dirigidos para o varejo. Isso tem um impacto positivo para a economia. Mas a pergunta que não quer calar é: como o consumidor está se sentido agora?

Bernanke é cauteloso ao responder a essa questão. Ele afirma que foi uma recuperação econômica complicada e o sentimento por parte dos consumidores foi negativo durante muito tempo, mesmo quando a recessão, do ponto de vista técnico, acabou, cinco anos atrás. Desde 2010, a economia está se recuperando – somente no ano passado, foram criados três milhões de empregos. E, para ele, há uma mudança de perfil nos empregos, já que as vagas na indústria estão diminuindo e isso está mudando o cenário. Essa mudança no perfil do mercado de trabalho traz um sentimento de dificuldade para o cidadão médio, que tem de se adaptar a novos cenários.

“De qualquer forma, a confiança está aumentando e muitos preços estão caindo. Isso é um bom sinal”, acredita o ex-presidente do FED. “Muitos dos empregos foram criados em saúde, educação, varejo, tecnologia. As vagas criadas nos últimos tempos são basicamente de empregos bem remunerados”.

Em sua opinião, a recuperação seria ainda maior se o Congresso não atuasse de maneira tão austera. Mas essa cautela tem uma explicação: os políticos ficaram apavorados com o déficit de 10 % do PIB, o que é compreensível, e seguraram os gastos. “O Congresso tem de olhar para o longo prazo em vez de se engalfinhar em torno situação atual”, analisa.

E como Bernanke se sente fora de um dos cargos públicos mais importantes do planeta? “É ótimo estar longe das decisões. Eu abro o jornal, leio uma notícia ruim e penso: nossa, esse é um problemão. Espero que alguém faça alguma coisa a respeito”, diz ele, para gargalhada geral da plateia. E do que ele mais sente falta da época em que comandava o FED? Sem pestanejar, ele responde: “Do que eu sinto mais sinto falta? Bem, eu nunca me preocupava como iria estacionar o carro. Agora, é um problema enorme para mim”, diz sorrindo. “Quem mora nas cidades grandes sabe do que eu estou falando”.

Para o diretor do Núcleo de Pesquisas Econômicas da GS&MD, Eduardo Yamashita, a recuperação da economia americana, como apontou Bernanke, é de fato consistente. “O desemprego nos Estados Unidos caiu de 10 % para 5,8 % e houve uma forte geração de empregos qualificados”, afirma ele. “A retomada da economia também pode ser observada com o recente aumento no consumo”.

Bernanke também ressalta que esses sinais de retomada, ainda por cima, não causaram nenhum movimento inflacionário, principalmente porque, apesar da grande geração de empregos, o salário médio sofreu uma pequena queda, o que não ajudou a não pressionar os preços.

A GS&MD ainda realizará os pós- NRFs nas seguintes datas: 03 de fevereiro – Rio de Janeiro | 05 de fevereiro – São Paulo| 10 de fevereiro – Recife.

Perfil da GS&MD – A Gouvêa de Souza atua desde 1989 como empresa de consultoria e serviços voltados a varejo, marketing e distribuição. Possui atuação em diferentes áreas, como: Inteligência de Mercado, Estudos Regulares, Treinamento & Desenvolvimento, Eventos, Comércio Eletrônico e Cross Channel (GS&ECOMM), Shopping Centers (GS&BW), Pontos Comerciais (BG&H - Real Estate), Foodservice e Franquias (Bittencourt). A GS&MD- GS&MD-Gouvêa de Souza desenvolveu parcerias com empresas de pesquisa e consultoria de varejo nos Estados Unidos, Europa e Ásia e integra o Ebeltoft Group, consórcio de empresas especializadas em consultoria de varejo que implanta mudanças de paradigmas para negócios de varejo e serviços em vários países.

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