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24/01/2015 - 07:50

O dilema do Déficit em Transações Correntes do Balanço de Pagamentos

E do Superávit na Conta Financeira.

Conforme o Banco Central do Brasil, o Balanço de Pagamentos do ano de 2014 registrou um superávit de US$10,8 bilhões em 2014. Este superávit foi resultado da diferença entre uma saída de US$90,9 bilhões do Brasil, registrado em transações correntes (principalmente compras e vendas de mercadorias no mercado internacional), e a entrada através da conta financeira de US$99 bilhões, destacando-se novamente os ingressos líquidos de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED), que atingiram US$62,5 bilhões.

Ainda conforme informações do Banco Central, o déficit em transações correntes ficou em 4,17% do PIB, apenas ligeiramente inferior ao observado ao pior resultado, que foi observado em 2001, de 4,19% do PIB.

A conta é lógica: uma saída em dólares deve ser compensada por uma entrada da mesma moeda. Assim, os déficits em transações correntes devem ser compensados por superávits na conta financeira.

O dilema entretanto é obvio: devemos manter um câmbio valorizado ou desvalorizado.

Um câmbio valorizado é capaz de desestimular a indústria exportadora e prejudicar a competitividade internacional do produto brasileiro. Um câmbio valorizado torna as importações mais competitivas no mercado interno, gerando a tendência de saída de dólares do país e o desequilíbrio nas contas comerciais. Um câmbio valorizado, entretanto, torna as contas financeiras mais atrativas, estimulando a entrada de dólares.

As razões para este processo são, portanto, técnicas: um câmbio valorizado torna as exportações menos competitivas no mercado internacional, ou seja, mais caras no mercado mundial. Portanto, é correto afirmar que a apreciação da moeda produz perda de competitividade das exportações.

Por sua vez, o fluxo de capitais depende de um dos principais elementos que provoca a valorização do Real: da taxa de juros doméstica. Ela se elevando acima de qualquer outra existente em outro país do mundo, atrai os investidores estrangeiros. O Brasil possui uma das taxas de juros mais alta do mundo. Assim, ocorre uma atração de aplicadores financeiros internacionais no Brasil.

Os fluxos de capital são, entretanto, mais voláteis do que os fluxos comerciais, pois as aplicações de capital (investimentos) dependem largamente das expectativas dos investidores: caso as expectativas em relação a determinado mercado tornem-se, por qualquer motivo, pouco favoráveis, os investidores tendem a retirar seu capital desse mercado para aplicá-lo em um outro, com perspectivas de menor risco.

O país tem com o resultado do Balanço de Pagamentos de 2014, mostrado a intenção de manter um câmbio valorizado. Entretanto, a trajetória do Real para todo o ano de 2015 é uma incógnita, e o comportamento dependerá da economia norte-americana, que ainda não fornece uma perspectiva segura para o dólar.

. Por: Agostinho Pascalicchio, professor de economia na Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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