Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

22/01/2008 - 11:01

Ministério do Turismo e Embratur: uma viagem de exclusão ao turismo doméstico

Nesses dez anos, pesquisando, fazendo palestras e escrevendo sobre "Políticas Publicas de Turismo no Brasil" tenho questionado política e tecnicamente a atuação dos órgãos públicos de turismo em sua essência histórica, primeiramente a Embratur e posteriormente o Ministério de Turismo. Devo confessar que como turismólogo e sociólogo, que o Estado se apresenta cada vez mais distante, desse campo de atividades, para com as classes populares, e isso não é força de um discurso militante da década de 1970, ou de uma ortodoxia esquerdista ultrapassada e cheia de clichê stalinista, mais sim, de um estudioso marxista do fenômeno turístico.

Devo dizer para a ministra Marta Suplicy a qual sempre admirei pelo seu compromisso como intelectual orgânica das classes populares que sua passagem pela prefeitura mostrou para o Brasil sua disposição em coibir a corrupção, combater a máfia do transporte urbano, denunciar e abrir processo criminal contra os ladrões da merenda escolar e de colocar os serviços municipais do campo da saúde, educação e lazer mais próximo da periferia.

Na verdade no Brasil o turismo é algo que surge para os governantes como solução para a crise econômica, por isso pensa-se somente no turismo receptivo, como forma de ingresso de recursos econômicos consignado em moeda forte o dólar. O turismo interno é algo esquecido e até menosprezado pelo Estado que acabou taxiando certo interesse pelo assunto no período getulista especificamente de 1938 até a criação do SESC, SENAC em 1946.

Os militares criam a Embratur em 1966 dois anos após o golpe de Estado, usam-no para encobrir a repressão, a tortura e o seqüestro praticado pelas Forças Armadas junto à população civil . Desenvolvem um ufanismo cívico moralista e fazem desta a ideologia carro chefe para salvar o Brasil do comunismo e adotarmos a vida pró-americana e "democrática" cristã.

Tanto na década de 1930 como a de 1964 o Estado usou do turismo para encobrir os atos de repressão à sociedade, tanto Getúlio e os governos militares posteriores utilizaram do turismo como escudo para que seus interesses de imagem fossem maquiados pelo "paraíso tropical. Se 1930 foi para firmar a imagem de Getúlio como pai dos pobres e dos trabalhadores, ativando de fato uma preocupação pelo turismo doméstico. Em 1964 os militares usaram para divulgar o exotismo do carnaval e da terra dos prazeres tropical e descartando qualquer tentativa do Estado adotar como prioridade o turismo doméstico.

Hoje o turismo é entendido como produtor de divisas estrangeira e, portanto só se admite como correto e viável para o todo do desenvolvimento econômico o turismo receptivo. Dourado pelo fascínio do Marketing voltado para o mercado, em que é possível ler os seguintes conteúdos nos documentos oficiais:"O turismo, hoje, já é o quinto principal produto na geração de divisas em moeda estrangeira para o Brasil, disputando a quarta posição com a exportação de automóveis".

"Em 2006 tivemos um ingresso recorde de visitantes que gastaram US$ 4,3 bilhões em nosso país. Um salto de quase 12% sobre a receita de 2005 e nada menos que 116% acima do valor apurado em 2002". ( Idem )

O turismo ambiental e sustentável tem aqui um potencial no qual poucas nações do mundo podem se comparar ao Brasil. Nossas belezas naturais, rios, florestas, mananciais, praias e montanhas são um atrativo sem concorrência neste mundo assustado pelo aquecimento global e pela destruição da natureza". ( Idem )

Torna-se assustador quando entendemos que o Estado acelera um processo de preconceito junto ao trade para com o turista brasileiro. A hotelaria, restaurantes e o setor de serviços em geral possuem preços diferenciados para nacionais e estrangeiros. Parte da propaganda feita dentro do território nacional está voltada ao turista estrangeiro.

As tentativas de atender ao turismo doméstico, se perdem em ações pulverizadas que o tempo se encarrega de descaracterizá-la. Veiculadas por um Marketing mentiroso, ufanista e puramente mercadológico, pois compararmos como mercadoria que disputa com a exportação de carros, é barra, ou ainda afirmar que o "turismo ambiental e sustentável tem aqui um potencial no quais poucas nações do mundo podem se comparar ao Brasil". É ocultar a gravidade e crime ambiental que esta ocorrendo na região amazônica.

Por isso cara ministra o plano 2007 a 2010 de turismo é uma "viagem na exclusão", por mais que os feiticeiros da mídia que dominam a Embratur inventem frases de impacto, apelem para atrizes como Marinalva, apostem no crédito consignado ou desenvolvam pesquisas para nada chegar ou para pesquisar o já sabido.

Senhora ministra não deixe o trade tomar conta dos órgãos de turismo do governo federal, cada vez que isso ocorre se cristaliza mais o distanciamento para chegar a um turismo social. Isso é tão verdadeiro que a exposição "Embratur 40 anos: uma trajetória do turismo no Brasil" foi um dos maiores crimes cometidos a história nacional. Ocultou-se fato, mudou referências e adicionaram-se fatos novos uma perfeita "História Oficial" que faz inveja a obra prima do cinema Argentino "La Historia Oficial.

. Por: João dos Santos Filho, turismólogo e sociólogo | ([email protected])

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira