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10/02/2015 - 06:42

Mudanças demográficas podem ter impacto positivo na economia brasileira, diz estudo

Em coletânea de artigos lançada recentemente, especialistas alertam que o Brasil está deixando de aproveitar a atual janela de oportunidade demográfica.

Brasília – A mudança na estrutura etária da população brasileira pode ter um papel importante no crescimento da economia. No entanto, o país pode estar deixando de aproveitar a janela de oportunidades, isto é, a inserção de um grande contingente populacional em idade ativa. Devido a reduções nas taxas de fecundidade e mortalidade, demógrafos argumentam que entre 1970 e 2025 o Brasil vive um período de bônus ou dividendo demográfico, um fenômeno que ocorre quando a estrutura etária da população apresenta menores razões de dependência (baixa proporção de crianças, adolescentes e idosos) e maiores percentuais de população em idade economicamente ativa.

Mas eles alertam que “os resultados desse fenômeno não são automáticos e dependem de uma série de fatores, como politicas e instituições que consigam traduzir as transições demográficas em crescimento econômico”, explica o artigo de Bernardo L. Queiroz e Cassio M. Turra, especialistas do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (CEDEPLAR) da UFMG.

Se por um lado, o aumento na proporção de adultos em idade produtiva pode estar associado ao forte crescimento econômico nas primeiras décadas do período estudado, por outro lado, o maior peso da população idosa a partir de 2050 vai exigir do governo mais investimentos públicos com programas sociais sob o risco de empobrecimento, principalmente, da população idosa. Já nas décadas mais recentes, a economia brasileira cresceu de forma muito mais lenta do que os dividendos demográficos sozinhos poderiam prever. Os especialistas ainda ressaltam que o período de ganhos trazidos pela geração de adultos (bônus demográfico) pode acabar muito rápido, quando a proporção de “produtores efetivos” for ultrapassada pela de “consumidores efetivos” no sistema de transferências públicas.

Esta e outras análises sobre os impactos das mudanças demográficas no crescimento da economia podem ser encontradas na edição mais recente da revista Policy in Focus “National Transfer Accounts and Generational Flows” do Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG/PNUD). A coleção de artigos compara as mudanças demográficas, transferências intergeracionais e seu impacto na economia de diferentes países em desenvolvimento. Esta edição apresenta resultados de pesquisas em andamento que utilizam o National Transfer Accounts (NTA), um projeto que mede as contas dos países para entender o comportamento econômico das pessoas em diferentes idades, por exemplo, como produzem, consumem, compartilham recursos e poupam para o futuro.

Comparando o Brasil com o resto do mundo -Esta edição da Policy in Focus ainda traz artigos que discutem as características das transferências intergeracionais nos contextos da Colômbia, Chile e México, e uma análise das transferências e desigualdade no Chile. Os demais artigos abrangem outras regiões e discutem, por exemplo, como o Quênia pode tirar vantagem de sua transição demográfica se políticas adequadas de educação e saúde forem implementadas para aumentar a produtividade dos trabalhadores. Na África do Sul, os autores mostram que já passou a primeira metade dos setenta anos de potenciais dividendos demográficos do país, portanto, é necessário investir em políticas para melhorar a inserção do jovem no mercado de trabalho.

Sobre a Ásia, o artigo da Índia mostra que para tirar proveito das mudanças demográficas, seria importante um aumento na produtividade do trabalho específico à idade, principalmente no setor informal, para maximizar os efeitos de crescimento decorrentes da transição nas estruturas etárias. Além disso, é discutido o caso do Japão, país que tem a estrutura de idade mais envelhecida dentre os países analisados (e do mundo). O autor mostra que o Japão deve começar a considerar maneiras de se beneficiar do segundo dividendo demográfico (acumulação de riqueza). Ele argumenta que a população idosa, normalmente vista como um peso (ou um ônus) para a sociedade é na realidade um importante ator no processo de crescimento econômico. Concluindo a coleção de artigos, a Indonésia também figura como um caso em que são necessárias políticas para impulsionar o investimento, melhorar as condições do mercado de trabalho, melhorar o acúmulo de capital humano, e aumentar a produtividade para enfim alcançar maiores benefícios na sua mudança demográfica.

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