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18/02/2015 - 12:41

Quem sabe fazer navios?


A realidade é que a indústria da construção naval tem sua existência dependente de uma política de Estado. Alcança situação competitiva após décadas de operação, necessita sempre do apoio do Estado para formação de recursos humanos, desenvolvimento de tecnologia e financiamento da produção. Não é verdade que a indústria brasileira da construção naval seja um Ovo Faberger falso, na comparação irônica do jornalista Elio Gaspari. Não é verdade a informação de que o Brasil não sabe fazer navios. Há 13 anos, e nas fases anteriores nas décadas de 50 e de 70, entrega centenas de embarcações das mais simples de madeira para transporte fluvial aos mais sofisticados navios de apoio marítimo para a produção de petróleo em alto mar. Não houve enganos. A frase do Elio Gaspari, com brilhantismo resume a situação ao dizer que “os maganos transformaram seus papéis micados em moedas da privataria”, mas passa ao largo do pessoal aqui do chão de fábrica e da maioria dos acionistas originais dos estaleiros brasileiros que foram à falência.

A verdade é que financiamentos com fundos públicos não foram honrados, por crise fiscal dos Governos da época. Situação parecida com que está acontecendo agora. É bom saber que o Brasil agora tem instituições republicanas que cumprem a Lei. Esse é o primeiro ambiente que a construção naval necessita. Que se cumpram as Leis. A começar pela aplicação dos regulamentos no transporte marítimo na costa Brasileira.

A corrupção existe no Brasil e na China. Se não houver fiscalização e punição, pode prosperar com os idiotas matando e comendo a galinha dos Ovos Faberger. Mas, não vamos confundir as coisas. Sabemos projetar e construir fazer navios muito bem. Diversos segmentos da construção naval jamais pararam suas atividades, a construção de comboios fluviais, rebocadores oceânicos e portuários, reparos de plataformas, sondas e navios. O grande volume da construção naval é direcionado para o transporte marítimo de grãos, minérios e contêineres, setores onde o Brasil tem uma produção muito modesta. Desde 2007 o Brasil tem uma carteira de encomendas de 46 navios petroleiros, dos quais já entregou sete. Impressionante mesmo é a nossa carteira de construção de navios de apoio marítimo que já foram construídos mais de 200, desde o ano 2000, e a carteira de plataformas de petróleo com 11 em construção completa e três com integração de módulos em cascos construídos na Ásia. São mais de 79 mil pessoas diretamente empregadas nos Estaleiros brasileiros, segundo a estatística de Janeiro de 2015 do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval). Se houve roubalheira, não fomos nós, que tiramos nosso sustento trabalhando no setor, que enviamos dinheiro para paraísos fiscais. E o resto?. A Guerra Civil Brasileira, a sinfonia de balas que mata 50 mil pessoas a cada ano no Brasil. É mais mortes que em países cujos conflitos rendem audiência no noticiário internacional. Vamos ignorar e fazer de conta de que não existe. É o nosso povo gente! Quedê a liderança.

A indústria naval está em fortalecimento na Europa, na Rússia, e a China está investindo 40 bilhões de dólares na Rota da Seda Século XXI, uma inciativa para retomar o antigo circuito comercial da Ásia extensivo a todo o Ocidente com fortalecimento da construção naval, transporte marítimo e a exportação de serviços. A falta de produtividade brasileira existe num contexto de complacência chamado Custo Brasil, difusa designação para infraestrutura péssima, ambiente de negócios e regulatório tóxico. Agora temos um setor com extensa integração internacional, geração de negócios em ampla rede de fornecedores locais e internacionais, mobilizando do pequeno negócio local a grandes instituições financeiras e empresas mundiais. Então, no primeiro desafio o “magano” resolve que o setor não existe. Isso não.

. Por: Ivan Leão, jornalista, diretor da Ivens Consult

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