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27/02/2015 - 09:32

A disputa pelas aquisições

O setor educacional foi um dos que mais cresceu nos últimos anos. Em pesquisa recente divulgada pela KPGM Brasil, em 2014 foram 26 transações fechadas, um aumento de 8,6% em relação ao ano anterior. Grandes corporações buscaram capital em bolsa e, com isso, compraram diversas Instituições de ensino no país. Grupos que se enquadram nesta espécie de massificação do ensino são, por exemplo, Anima Educação, Kroton e Ser Educacional, com receita líquida total de, respectivamente, 482 milhões, 2,5 bilhões e 501 milhões de reais.

A corrida por aquisições se deve, em primeiro lugar, à possibilidade de integrar valores baixos de mensalidade ao grande contingente de alunos de baixa renda, ainda que possa haver um certo índice de inadimplência. Como a qualidade de formação na esfera pública é, muitas vezes, sofrível, as concorridas vagas das universidades estaduais podem não ser uma opção. Sendo assim, a melhor alternativa é entrar para as grandes redes educacionais e aproveitar o combo: ‘preço camarada’ mais FIES – Financiamento Estudantil. Para os magnatas, a receita é infalível e o lucro é certo.

O grande entrave é, no entanto, a manutenção da qualidade do ensino e da produção acadêmica dos alunos. O número de egressos do ensino médio, que iniciam a faculdade sem um bom preparo, é alto. Basta observar os quase 530 mil jovens que obtiveram nota zero na prova de redação do ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio. A inaceitável justificativa do ministro da Educação, José Henrique Paim, diz que ‘o tema estava difícil’, mas não mascara a comprovação de que um em cada dez candidatos não tem o mínimo de competência para se comunicar.

Na contramão da postura de Paim, o governo instituiu restrições no Programa Universidade para Todos – ProUni. As novas regras estabelecem que, para ter acesso ao benefício, deve-se obter nota mínima de 450 pontos no ENEM, não sendo permitido zerar a redação. O estudante é o maior prejudicado: não recebe educação básica de alto nível e tem os caminhos mais estreitos rumo ao ensino superior. Ainda, a mudança pode afetar diretamente o caixa das grandes instituições, sem comentar os já recorrentes atrasos no repasse do montante devido em bolsas. Em valor de mercado, as Instituições já perderam cerca de R$ 10 bilhões.

Universidade Nove de Julho – Uninove e Universidade Paulista - Unip são as mais atrativas para compra e já estão na lista dos grandes investidores: unidades bem centralizadas e grande número de alunos. Atualmente, constata-se que o valor de mercado por matriculado fica entre R$ 7 mil e R$ 12,5 mil. A variação depende do nome da instituição, localização, perfil do egresso, tíquete médio, demandas judiciais, endividamento, etc.

O que é fundamental, no entanto, e que o MEC - Ministério da Educação e Cultura não poderá deixar passar desapercebido, é que a massificação não pode afetar a qualidade dos cursos, bem como o respeito aos docentes e alunos. Caso contrário, a educação não representará um investimento lucrativo, formando o profissional que o mercado espera.

. Por: Reginaldo Gonçalves, coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina.

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