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06/03/2015 - 08:41

José Rico deixa um grande legado para a música sertaneja

Estilo ousado que incorporava elementos paraguaios e mexicanos tornou-se uma forte referência às obras do cantor.

A dupla Milionário e José Rico nasceu no início dos anos 70, de um encontro casual no Hotel Ideal da Luz, na Rua dos Gusmões, na “boca-do-lixo” paulistana. José Rico, ou José Alves dos Santos fazia parte de um trio musical que se apresentava na Rádio Tupi, com dois violões e um acordeom. Ao conhecer Romeu Januário de Matos, o Milionário, largou o trio e se acertou com o novo parceiro. Começaram a se apresentar em circos, principal vitrine das duplas sertanejas na virada dos anos 70 para o 80.

Gravaram o primeiro disco em 1972, ironicamente intitulado Matéria Paga. Na verdade, a gravação havia sido custeada por um empréstimo feito por José Rico de um amigo. O nome da recém formada dupla já era a ironia das ironias. Milionário havia ganho a vida até então como pedreiro, garçom e pintor de paredes. Já José Rico deu os primeiros passos na música aos 18 anos, depois que uma contusão lhe roubou o sonho de ser jogador de futebol. Teve como inspiração, além da própria mãe, as duplas Tião Carreiro e Pardinho, Pedro Bento e Zé da Estrada e especialmente, Tibagi e Miltinho. Foi dessa última que José Rico tirou a afinação de canto oitavado, adotado por ele e que consagrou a dupla.

Foi de José Rico também a ideia de misturar ao sertanejo já cheio de influencias elementos das músicas paraguaias e mexicanas. As rancheiras, aliás, já se consolidavam como influencia no cancioneiro brasileiro desde a década de 50. José Rico foi um dos responsáveis por incorporar de vez os pistões mariachis, marca registrada das rancheiras do cantor mexicano Miguel Aceves Majia, na música sertaneja. Por sinal a dupla abusou dessa fórmula.

Gravaram mais quatro discos, sem muito sucesso, o que os obrigou a cantar jingles e comerciais em um estúdio de gravação em Londrina, Paraná. A consagração da dupla acontece somente no final da década, com o Volume 5, do qual consta a inesquecível Estrada da Vida, rancheira que vendeu dois milhões de cópias e que inclusive serviu de base para o filme homônimo de 1980, assinado pelo diretor Nelson Pereira dos Santos. O sucesso do filme, e consequentemente da música rendeu à dupla o convite do governo brasileiro para se apresentar na China, numa excursão de um mês de duração, em 1985.

Em 1987, fez sucesso com "Levando a vida". Ainda em 1987 estrelou o filme "Sonhei com você". Em 1989, a dupla lançou o LP "Sonhei com você", trilha sonora do filme do mesmo nome, no qual interpretaram a música título, parceria de José Rico e Vicente Dias, "Saudade da minha terra", de Belmonte e Goiá e "Paixão de um homem", de Waldick Soriano, entre outras.

José Rico foi autor e coautor de 27 músicas e no total a dupla gravou 18 LPs/CDs. É inegável a importância de José Rico na história da música sertaneja, principalmente por ser o responsável por introduzir novos elementos no estilo, inclusive na forma de cantar. Apesar do sucesso junto ao público, sempre foi alvo de críticos, exatamente devido a essa descaraterização da chamada “música caipira”.

. Por: Fernando Pereira da Silva, especialista em Cultura Caipira e professor do Centro de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).| Perfil-A Universidade Presbiteriana Mackenzie está entre as 100 melhores instituições de ensino da América Latina, segunda a pesquisa QS Quacquarelli Symonds University Rankings, uma organização internacional de pesquisa educacional, que avalia o desempenho de instituições de ensino médio, superior e pós-graduação.

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