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17/03/2015 - 09:30

Resgate da confiança exige ações concretas do governo

Os ministros da nova equipe econômica do Governo Federal têm anunciado medidas e intenções muito positivas, como o ajuste e redução dos gastos e maior equilíbrio orçamentário do setor público, o fim da guerra fiscal entre as unidades da federação e retomada das exportações. Porém, com exceção de algumas poucas providências relativas a pensões e seguro-desemprego, dentre outras de impacto pequeno ante a dimensão dos desafios, nada foi feito de prático para viabilizar um plano eficiente e capaz de reativar a economia brasileira.

Não podemos esperar nem um segundo mais para que se coloquem todas as cartas na mesa e se mostre com objetividade aos empresários e investidores o que realmente será feito, principalmente por meio de ações, e não de meras palavras. Precisamos de juros e impostos menores, câmbio equilibrado, uma política eficaz de estímulo à competitividade industrial, investimentos em infraestrutura, garantia de abastecimento de energia e programa sério para enfrentar a crise hídrica. Tudo claro e com regras do jogo definidas. Sem isso, a desconfiança, a insegurança e a impossibilidade de planejamento, pelo menos para o período de um ano, continuarão sendo fatores de retração dos negócios e inibição de novos empreendimentos.

Dar à sociedade, aos mercados e aos investidores as respostas que todos esperam não é tarefa apenas dos ministros da área econômica. Trata-se de responsabilidade também – e sobretudo – da presidente Dilma Rousseff e dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado. Afinal, muito da insegurança que permeia hoje nosso país tem sua origem na questão política.

Por isso, é preciso uma palavra forte e pulso firme das autoridades no tocante ao combate à corrupção, um dos mais graves problemas para a imagem e a normalidade da vida nacional. Vencer o descrédito também implica confiança na governabilidade, ou seja, na interação democrática entre Executivo e Legislativo, não subserviente, voltada aos interesses maiores do País e imune a questiúnculas partidárias.

Sem demora, o Brasil precisa, na área econômica, de juros e impostos compatíveis com os vigentes nos países com os quais competimos, bem como financiamentos de longo prazo também para as médias e pequenas empresas. É premente desmontar a armadilha do Real desvalorizado e Selic alta como estratégia única de combate à inflação, pois isso aniquila a competitividade. Como reverter esse quadro, para ampliar a oferta de produtos, diminuir o custo de se produzir no Brasil, diminuir a burocracia e diversificar a concorrência dos serviços, insumos e matérias primas? São essas as respostas, objetivas e práticas, esperadas pela sociedade, para que a credibilidade seja resgatada e a Nação possa ingressar em um novo ciclo de desenvolvimento.

Numa conjuntura de incertezas econômicas, manchetes diárias sobre improbidade, rusgas e futricas no Congresso, não há economia que resista. Nesse cenário, não se manterá sequer o índice de emprego, único fundamento que vai se sustentando de modo positivo em nossa economia. O mais grave é que, se perdermos os postos de trabalho e o aumento da massa salarial conquistados nos últimos anos, a deterioração dos mercados será ainda mais aprofundada, com recuperação muito difícil e demorada.

Não é sem razão, portanto, que as projeções para o PIB em 2015 já sejam de retração. Porém, não podemos nos resignar ao retrocesso, pois a economia brasileira tem todas as condições de se recuperar e voltar a crescer de modo consistente. Para isso, contudo, é urgente que as autoridades constituídas digam com clareza à sociedade qual é o projeto para a Nação e quais as medidas a serem tomadas para solucionar os problemas mais graves. E, mais do que isso, que coloquem os planos anunciados em imediata execução. Afinal, palavras e boas intenções somente fazem sentido quando se realizam, mostram-se eficazes e apresentam resultados concretos.

. Por: José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) e do Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado de São Paulo (Sindiplast-SP), vice-presidente e diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp.

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