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25/03/2015 - 08:46

Clubes de Futebol, Auditoria, MP da Dívida e a Qualidade do Espetáculo


O Futebol no Brasil é uma força movida a paixão e a dívidas. Os clubes, com raras e honrosas exceções, nunca foram entidades que se explicam muito, nem a seus sócios nem à sociedade como um todo. São entidades privadas, em tese sem fins lucrativos, associativas e portanto, livres das “amarras” da legislação societária típica das corporações.

Devido a isso, e devido à relativa nebulosidade das relações de compra e venda de direitos sobre jogadores de futebol, as relações dessas entidades com o fisco e com auditores independentes nunca foi das melhores. Abundam os casos de suspeitas de subfaturamento de jogadores, principalmente para o exterior, e não poucos craques e clubes, não só aqui, mas no exterior também, já tiveram que se explicar à justiça e pagar pesadas multas aos fiscos.

Nossa paixão é influenciada diretamente por esse ambiente de pouca governança corporativa. Como torcedor apaixonado do Fluminense, posso dizer que meu clube se beneficiaria muito de uma gestão moderna e clara (aos poucos a coisa tem melhorado, com soluços e quedas). Hoje, ainda poucos, pouquíssimos clubes, detêm condições de ter um parecer dos auditores independentes sem qualquer tipo de ressalva ou qualificação.

Um novo elemento se intrometeu nessa história – a MP que dá aos clubes a chance de financiar quase R$ 3.8 bilhões com a Receita requer algumas contrapartidas que podem ser chamadas de “interessantes”. Entre elas, a publicação das demonstrações contábeis auditadas por auditor independente devidamente registrado, e fazer tudo de acordo com as práticas contábeis em vigor (o denominado IFRS, ou Sistema Internacional de Relatórios Financeiros), segregadas por atividade econômica e por modalidade atlética.

Não deverá ser uma tarefa muito fácil. Para alguns clubes esta parte será sumamente simples, como o Corinthians, o Atlético Paranaense, entre outros de melhor governança corporativa. Outros terão mais trabalho (e custos) para chegar a um balanço “auditável”.

Outras medidas são igualmente importantes, como o pagamento em dia das obrigações tributárias, previdenciárias, trabalhistas, pagar a folha em dia (tanto de atletas como de funcionários), teto de 70% da receita bruta anual com folha do futebol profissional, investimentos mínimos em categorias de base e futebol feminino, entre outras, imporão uma estrutura que terá que ser, necessariamente, mais profissionalizada.

É esperar para ver. Mas entendendo que governança corporativa acaba se refletindo no “produto final”, podemos ter esperança de espetáculos melhores, estádios mais cheios, mais segurança e comodidade, e, no fim, maior popularização dos nossos campeonatos em nível mundial. Cá pra nós, chega de ver campeonatos de países periféricos no futebol serem mais bem tratados e mais bem difundidos do que os do “país da bola”.

. Por: Wesley Figueira, Managing Partner RSM Brasil | Perfil - A RSM Brasil é membro da RSM International, 7ª maior rede de empresas de contabilidade e consultoria independentes do mundo, com 734 escritórios em 112 países.

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