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26/01/2008 - 09:49

Crescimento de fundos soberanos é considerado positivo


Davos, Suíça - O crescente poder dos fundos soberanos – reservas financeiras controladas por governos para que muito produtores de petróleo e outros exportadores façam investimentos em moeda estrangeira – devem ser bem recebidos, e não rejeitados, por legisladores globais, de acordo com os gestores de fundos do Kuwait e da Noruega, membros chave do governo americano da Rússia e da Arábia Saudita e um economista renomado e ex-secretário do Tesouro dos EUA, que participaram de um painel da Reunião Anual 2008 do World Economic Forum. Em grande parte, os participantes concordaram que esses investidores representam um “pool” valioso de capital estável e de longo prazo, que reduziram a volatilidade dos mercados.

A crescente importância desses fundos – como visto nos seus últimos investimentos feitos em instituições financeiras que enfrentam problemas nos Estados Unidos e na Europa – tem atraído a atenção da mídia, alimentando as preocupações do público sobre a possibilidade de influência política desses investidores. Mesmo assim, grande parte desses temores não está relacionada ao comportamento dos fundos. “Eles representam alguns dos investidores mais profissionais do mundo”, comenta Stephen A. Schwarzman, Presidente e CEO, The Blackstone Group. “A nossa experiência mostra que não há qualquer diferença entre procurar por um fundo soberano (para capital de investimento) ou por um fundo de pensão nos EUA.”

Este papel será ainda mais valioso com o crescimento do volume de investimentos desses fundos soberanos, afirma Richard S. Fuld Jr, Presidente e CEO, Lehman Brothers. O executivo comentou que os fundos soberanos possuem US$ 2,5 bilhões em ativos. No entanto, os valores não incluem outros US$ 8 trilhões nas mãos de outras entidades governamentais, como os fundos de estabilização das taxas de câmbio. Somando ambas as classes de ativos, o valor administrado se assemelha ao dos fundos mútuos dos EUA. Caso a alta dos preços de petróleo continue a gerar recursos excedentes para os grandes países exportadores, os investimentos soberanos podem atingir a marca de US$ 15 trilhões nos próximos cinco anos. Fuld comenta que o crescimento dos ativos deve tornar esses fundos, inevitavelmente, importantes players nos mercados globais. “Esses investidores precisam do mercado de capitais para funcionar e os mercados precisam da liquidez ofertada por eles.”

O painel reconheceu que esse papel pode criar uma oposição política nos países que recebem os recursos dos fundos, especialmente nos EUA, citando o protesto em 2006 contra a aquisição das operações portuárias dos EUA por investidores baseados em Dubai. De acordo com os participantes, até agora, as críticas aos Fundos foram baseadas em preocupações acerca dos investimentos futuros, e não nos abusos existentes, . “A atitude do publico dá a impressão de que os Fundos Soberanos são culpados até que provem o contrário”, ressalta Muhammad S. Al Jasser, vice-governador da Agência Monetária da Arábia Saudita. Ele destaca que os fundos equilibram o consumo dos países exportadores de petróleo, contribuindo não apenas para estabilidade econômica nacional, mas também para a harmonia da economia global.

Caso os legisladores estejam realmente preocupados com a instabilidade financeira, eles devem procurar por outros investidores, e não os Fundos Soberanos, destaca Bade M. Al Sa’ad, Diretor Geral, Kuwait Investment Authority (KIA). “Você já viu um fundo soberano, com alavancagem de 20 ou 30 vezes, forçar um Banco Central a desvalorizar a sua moeda?” Não. Então, esses argumentos não têm substância” .Al Jassar notou que, apesar de várias crises financeiras envolvendo os hedge funds, os reguladores do mercado financeiro hesitam em aumentar a fiscalização sobre este tipo de fundo, ou aplicar outras restrições, em função do possível impacto na liquidez do mercado. A mesma abordagem equilibrada deve ser aplicada aos Fundos Soberanos, defende ele.

Preocupações sobre a possível influência dos Fundos Soberanos realmente não são totalmente infundadas, comentou o ex-secretário do Tesouro americano, Lawrence H. Summers, Professor da Universidade de Harvard, EUA. Ele afirma, por exemplo, que os fundos soberanos freqüentemente destacam seus objetivos de longo prazo e seu desejo de agir de maneira passiva, e não ativa, como acionistas. Ele também cita a possibilidade dos Fundos Soberanos se envolverem em mercados de câmbio, algo que “provavelmente não contribuiria para o sucesso dos relacionamentos entre as nações.” Por este motivo, ele afirma que os investidores devem apoiar um código de conduta voluntário, que estabeleça claramente a sua vontade de evitar abusos na especulação e em manter a política fora das decisões de investimento. “Se acreditamos em mercados livres, será que não deve existir algum tipo de orientação para transações com um elemento, mesmo que muito pequeno, de nacionalização transacional?" pergunta Summers.

A necessidade de padrões vale para os dois lados, disse Robert M. Kimmit, vice-Secretário para o Tesouro dos EUA. Os países que recebem investimentos precisam deixar claro que não vão bloquear investimentos de fontes estrangeiras, inclusive os Fundos Soberanos, apenas por motivos políticos. Os líderes do G7, ele aponta, pediram um estudo ao Fundo Internacional Monetário (FMI) e ao Banco Mundial em parceria com os fundos soberanos e os países que recebem os seus investimentos para desenvolver um código de conduta voluntário. Uma minuta desses padrões deve estar pronta para as reuniões do FMI e do Banco Mundial no terceiro trimestre, destaca Kimmit.

Ele também afirma que os EUA continuam a aceitar investimento estrangeiro, e se opõe às barreiras para o fluxo de capitais transacional. Apesar da controvérsia que cercou a compra dos portos norte-americanos pela entidade de Dubai, o governo norte-americano não se opôs a qualquer uma das 200 transações propostas por esses investidores que avaliou desde então. “A nosso ver, esses investimentos foram feitos por motivos comerciais, e não políticos. Aceitamos esse tipo de investimento seja de fundos soberanos ou de qualquer outra fonte.”

[Informações completas da Reunião Anual 2008 no site: http://www.weforum.org/annualmeeting]

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