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26/01/2008 - 09:50

China: o que esperar de 2008


O ano de 2008 será o ano da China! Dois principais fatos fundamentam essa afirmação: os Jogos Olímpicos de Pequim e a importância do país para a economia mundial. Não há dúvidas de que o mundo esteja ansioso para ver o que a China reservou de especial para essas Olimpíadas, bem como de que a continuada trajetória de crescimento da Ásia tornou-se elemento crucial para a manutenção do crescimento global. Tal importância torna-se ainda mais evidente no cenário atual de redução do ritmo da economia norte-americana e possível recessão. As esperanças estão depositadas na Ásia e em sua capacidade de suavizar os efeitos da crise norteamericana para o mundo.

O que podemos esperar das Olimpíadas de Pequim? É difícil antecipar, porém, é certo que Pequim pretende realizar um show capaz de convencer o mundo de que a nova China (em construção nos últimos 30 anos de abertura econômica) pouco se assemelha à China comunista do passado e, dessa forma, busca se inserir definitivamente no cenário global. Do lado de cá, se espera ver durante os jogos paisagem nebulosa, devido aos graves problemas ambientais amplamente divulgados pela mídia internacional e às manifestações contrárias à falta de liberdade política que devem ocorrer durante o evento.

É possível antever que o governo chinês esteja preparando evento capaz de ofuscar qualquer dificuldade, ainda que o Sol resolva não vencer a poluição do céu de Pequim e prefira se ofuscar durante os jogos. Para tanto, o céu, ou melhor, a Lua é o limite. A vontade de impressionar é tão grande que podemos chegar ao grau máximo de loucura e imaginar que a tocha olímpica será acesa simultaneamente na China e na Lua.

Para garantir ainda mais sucesso, é aguardada por alguns analistas a apresentação de atletas, até então quase desconhecidos, que garantirão o maior número de medalhas de ouro já conquistado pelo país. A projeção publicada pela revista The Economist antecipa que a China deverá ser o país a conquistar mais medalhas de ouro, ultrapassando os Estados Unidos pela primeira vez na história.

No entanto, as Olimpíadas expõem a China aos olhares críticos do Ocidente. Jornalistas que farão a cobertura dos jogos estarão também interessados em questões políticas, sociais e ambientais que desafiam o governo chinês. Não há como imaginar que a cobertura da mídia internacional se restringirá aos assuntos esportivos. Ademais, o evento poderá criar momento de fragilidade política para o país na questão da independência de Taiwan. Analistas acreditam que o governo taiuanês poderá aproveitar esse período – no qual a China não pode se envolver em qualquer conflito para garantir a realização dos jogos – para requerer à Organização das Nações Unidas (ONU) sua adesão como país independente. Caso isso ocorra, a China precisará do apoio político dos Estados Unidos para convencer Taiwan de evitar confronto direto e afastar maior instabilidade ao conturbado cenário econômico global de 2008.

A China também deverá ser a estrela do ano em razão da importância de sua economia para os demais países. A pergunta que ainda precisa ser definitivamente respondida é se a economia chinesa realmente se descolou da norte-americana. No caso de recessão dos Estados Unidos, a dúvida consiste na habilidade do país asiático de manter ritmo de crescimento expressivo, ainda que apresente alguma desaceleração, e consolidar-se como motor da economia mundial ao lado de Índia e Rússia. Arthur Kroeber, diretor da Dragonomics Research, afirma que sim. Para Kroeber, a economia chinesa já se descolou e mais, o país é capaz de manter crescimento econômico acelerado mesmo que suas exportações declinem, devido aos investimentos em infra-estrutura. Relatório publicado pela ONU (World Economic Situation and Prospects 2008), aponta que a economia chinesa cresceria 8% em 2008 no caso de grave recessão norte-americana e 10,1% na hipótese de desaceleração moderada. Vale lembrar que diversas projeções para esse ano apontam para expansão do PIB chinês em 10,5% na hipótese de manutenção do cenário atual, ou seja, de não agravamento da crise dos Estados Unidos. Em relação ao comércio exterior, as exportações do país asiático deverão reduzir crescimento para 18% em 2008, de acordo com relatório publicado pelo Deutsche Bank. Essa desaceleração ocorrerá em razão de menor crescimento global e em resposta às políticas implementadas em 2007 de desincentivo às vendas para o exterior. As importações chinesas, por sua vez, deverão manter o ritmo de crescimento registrado em 2007. A China deverá ser responsável por mais de 70% do aumento da demanda global de commodities em 2008 e, para minério de ferro, alumínio, chumbo e aço, o país asiático será responsável por mais de 80%. Alguns analistas, estes mais otimistas, acreditam que a expansão da economia chinesa em 2008 deverá novamente surpreender e, dessa forma, o país será responsável por cerca de 90% do aumento da demanda global por commodities.

O consumo doméstico chinês continuará em ampliação, contudo, seu ritmo ainda não será significativamente superior ao crescimento do PIB. Os picos inflacionários de 2007 permanecerão como importante obstáculo a ser removido no decorrer do ano.

As medidas tomadas pelo governo em janeiro de 2008 apontam para controle generalizado de preços, mecanismo temido pela maioria dos analistas especializados em China. Por fim, a aguardada valorização acelerada da moeda chinesa foi prometida no início do ano pelo Banco Central da China, porém é necessário observar as medidas que serão adotadas.

Para o Brasil, as projeções da economia chinesa parecem continuar a contribuir para o crescimento do país. Os produtos básicos deram impulso expressivo às exportações brasileiras para o mundo em 2007, ano de recorde histórico de vendas. Os básicos representaram 31,7% do total exportado no ano que alcançou volume total de US$ 160,649 bilhões. Ademais, a importação de insumos chineses conferiu a setores da indústria brasileira competitividade necessária para enfrentar os desafios do comércio internacional e expandir a exportação de manufaturas. Dessa forma, a China, em especial sua demanda por commodities, terá papel ainda mais relevante para o crescimento da economia brasileira, principalmente no caso de agravamento da crise norte-americana.

O ano de 2008 será incontestavelmente o momento em que as atenções estarão voltadas para a China. Apesar dos desafios listados, é possível antecipar o sucesso dos Jogos Olímpicos de Pequim, que servirão para aproximar ainda mais o país do Ocidente. No que se refere à economia chinesa, esta conseguirá passar pelo período probatório de recessão norte-americana. Diante desse cenário asiático positivo podemos, ao menos, respirar pouco mais aliviados. Ainda que os Estados Unidos entrem em recessão em 2008, a locomotiva asiática deverá ser capaz de evitar a contaminação do mercado global. | Por: CEBC

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