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30/01/2008 - 10:19

Maestro sem vontade de reger

Na reunião do ministério, que marcou o início oficial dos trabalhos do governo neste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva queixou-se de que o clima fraterno do encontro, por ele comparado ao da Santa Ceia, não se mantenha à medida que os meses avançam.

Com os ministros aparentemente esquecidos de que fazem parte de um mesmo time, multiplicam-se os desencontros de opinião e atitudes entre eles e, obviamente, entre seus subordinados. Quando se queixa da ausência de uma melhor sintonia entre seus auxiliares diretos, o presidente tem e não tem razão.

Está certo quando constata que, em certos momentos, eles passam à opinião pública a impressão de que os projetos do governo são desencontrados e falta, ao conjunto das pastas, uma definição de procedimentos, eficientes e discretos, capazes de solucionar os previsíveis desencontros entre os ministérios, sem querelas desgastantes e inúteis entre seus ocupantes.

Ainda que tal situação desagrade ao presidente, isso continuará a ocorrer este ano. O eco de suas palavras ainda não havia morrido e eclodia um conflito entre as posições dos Ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura acerca da expansão do agronegócio em áreas de preservação florestal da Amazônia, agigantando o escandaloso desmatamento ali observado.

O fato é tanto mais lamentável quando há muito se sabe serem aquelas terras inadequadas ao cultivo intensivo e à agropecuária. Derrubada a floresta, que protege o solo, frágil, em poucos anos de exploração o pasto ou plantio cedem lugar a uma savana sem utilidade econômica para ninguém.

Qualquer tentativa de conter tal flagelo passa pela necessidade de fazer com que ao menos os Ministérios do Meio Ambiente, Agricultura e Desenvolvimento Agrário coordenem sua atuação naquela área e o primeiro deles ganhe uma estrutura consistente de fiscalização, que ainda não possui.

Mas coordenar como, se o presidente parece um maestro sem vontade de reger, que prefere aumentar o número de músicos da orquestra a afinar os naipes e conseguir que todos executem a mesma partitura?

O chefe do governo conseguiria resultado melhor se, em vez de aos ministros, houvesse falado ao espelho, dirigindo-se ao único interlocutor com poderes para definir as metas de entrosamento e fazer com que sejam atingidas a qualquer custo: ele mesmo.

. Por: Antonio Carlos Pannunzio, deputado federal e líder do PSDB na Câmara.

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