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07/05/2015 - 08:56

Ouça os servidores, Ministro Joaquim Levy!

O Governo Federal deve anunciar nos próximos dias um grande corte de custos para fazer sua parte no ajuste fiscal. No setor privado, cortar custos é um eufemismo para demissões em massa.

Já no setor público, os servidores têm estabilidade de emprego e reduções de gastos significam paralização de investimentos em infraestrutura e nas áreas sociais. Esse contingenciamento, aliás, já vem sendo praticado desde o início do ano.

Muito se fala que os governos deveriam incorporar práticas da administração moderna empregadas pelo setor privado, mas nesse caso, será que demissões são realmente a melhor forma de cortar despesas?

Minha experiência como diretor de recursos humanos de várias grandes companhias me mostrou que a resposta é não! Os cortes de pessoal criam um ambiente de medo na organização.

O pior de tudo é que nada muda na empresa após as demissões: as atividades continuam sendo as mesmas, apenas com sobrecarga para alguns. O momento de crise é a hora de conclamar as pessoas a abraçar o problema que a organização enfrenta e utilizar sua criatividade para tornar os processos mais simples e baratos. Esse ganho de eficiência é que vai ser o grande responsável pela redução dos custos. Não é difícil fazer isso.

Implantei um programa “Análise de Valor” quando era o diretor da área de recursos humanos da American Express em meio a uma crise econômica. O método revisa todos os processos da organização gerando projetos de redução de custos.

American Express selecionamos 20 líderes para serem os agentes da mudança. Eram profissionais experimentados que sabiam onde estavam os problemas e estavam cansados dos velhos métodos. A partir disso, a missão se transformou em usar a criatividade para “reinventar” a organização. Incentivamos os líderes a inovar e eliminar todos os serviços não essenciais.

Ensinamos como utilizar técnicas de “Análise de Valor” para avaliar cada atividade/serviço, encontrando o que podia ser mudado, a partir das perguntas: ‘Por que fazemos isso? Por que fazemos dessa maneira? Como podemos fazer mais barato? Podemos combinar com outra coisa? Substituir? Automatizar? Podemos utilizar novos recursos de TI?’

E assim, em pouco mais de uma semana, os líderes geraram várias sugestões que quando colocadas em prática reduziram as despesas em dezenas de milhões de reais.

Esse método é perfeitamente aplicável ao setor público e pode impulsionar um ajuste fiscal mais eficiente. O Governo deveria convocar seus técnicos de carreira, que estão há anos dentro do serviço público e conhecem como ninguém todas as mazelas do sistema, para que eles sejam os principais líderes desse processo de mudança e consequente redução de gastos.

Os servidores públicos mais do que ninguém tem conhecimento para sugerir mudanças que tornem os processos mais simples, melhores e baratos, aproveitando de forma mais eficiente a verba orçamentária para manter os investimentos necessários para atender a população e promover o desenvolvimento do país.

Por isso, faço uma sugestão ao ministro Joaquim Levy e a todos os gestores públicos federais, estaduais e municipais: se quiserem cortar custos de forma eficiente, envolvam os servidores públicos. Eles têm muito a dizer!.

. Por: José Luiz Panzeri, sócio da Panzeri Consultores e foi Vice-Presidente de Planejamento de Negócios para América Latina da American Express.

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