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08/05/2015 - 08:48

“A muito leal e heroica cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro”


Nos 450 Anos do Rio, exposição no Centro Cultural Correios conta a história do livro mais importante já escrito sobre a cidade.

Lançado no IV Centenário, “A muito leal e heroica cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro” é considerado o grande marco da história editorial brasileira. Exposição mostra obras originais e making-of do livro, que terá edição fac-similar lançada na abertura do evento.

Das 308 páginas cuidadosamente impressas em papel especial, em Paris, emergem gravuras, desenhos, óleos, mapas, reproduzidos no esplendor de suas cores originais, a partir de reproduções coloridas à mão pelo processo conhecido como aupouchoir (técnica artesanal de colorir com o uso de máscaras individuais para cada cor). Pelas obras de Jean-Baptiste Debret, Victor Frond, Marc Ferrez, Thomas Ender, Angelo Agustini, Victor Meirelles e vários outros artistas, a história do Rio de Janeiro é contada em imagens.

O texto de Gilberto Ferrez dá corpo e densidade a uma história de 400 anos, complementada por mapas, documentos e registros diversos.

O ano é 1965. A obra, A muito leal e heroica cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, é lançada durante as comemorações dos 400 anos da cidade. De autoria de Gilberto Ferrez e concebida por Raymundo de Castro Maya – colecionador, empresário e responsável pela Comissão dos Festejos do IV Centenário – foi um divisor de águas no panorama editorial brasileiro.

Agora, essa incrível obra sai de sua condição de raridade ao ganhar uma edição fac-similar, em formato reduzido. Mas não é só isso: com design de montagem assinado por Daniela Thomas e Felipe Tassara, uma grande exposição no Centro Cultural Correios vai revelar, de 14 de maio a 12 de julho, o making-of da publicação. Várias das obras originais reproduzidas no livro, que jamais foram reunidas, poderão ser vistas pelo público, que irá conhecer também as minúcias de um projeto editorial inovador, até então sem precedentes no Brasil, realizado com técnicas artesanais e cercado de extremo cuidado. A edição fac-similar do livro e a exposição são realizações da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e Secretaria Municipal de Cultura, do Comitê Rio 450 e dos Museus Castro Maya, que integram o Instituto Brasileiro de Museus/IBRAM, do Ministério da Cultura.

—Estamos falando de uma preciosidade — comemora Vera Alencar, diretora dos Museus Castro Maya, de quem partiu a ideia de republicar o livro. – A edição fac-similar deste livro é o carro-chefe das publicações dos 450 anos, assim como foi no IV Centenário. É um dos maiores legados da festa— completa.

Foi Vera quem chamou a atenção para a importância da obra, logo nas primeiras reuniões do Comitê dos 450 anos. —A edição original de “A muito leal e heroica cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro” foi considerada o maior acontecimento editorial do IV Centenário— lembra. — E agora será ainda mais importante e com amplitude muito maior, já que, além da edição fac-similar do livro, teremos a exposição, que percorre o processo de elaboração da obra e dá uma visão bem completa do apuro e do rigor com que tudo foi feito. Será uma chance única, também, de ver de perto várias das obras originais que fazem parte da publicação— destaca Vera, que se empenhou pessoalmente em obter a autorização da família Ferrez para o uso do acervo.

A produtora cultural Julia Peregrino, que divide a curadoria da mostra com o fotógrafo e historiador Pedro Vasquez, comemora o fato de trazer luz sobre essa importante obra, com a exposição e a edição fac-similar do livro.

—Quando trabalhamos na organização do arquivo da Família Ferrez foi que descobrimos que Gilberto Ferrez tinha guardado todos os registros da primeira edição desse livro, inclusive layouts, várias “bonecas” e um volume considerável de correspondência —relata. —É interessante lembrar que, naquele tempo, se fazia tudo manualmente, não tinha computador. E o Gilberto Ferrez fez tudo: o texto, a seleção das imagens, os contatos com as instituições para conseguir as imagens e a diagramação.

—Esse livro foi inaugural em vários campos – conta o também curador Pedro Vasquez.—Primeiro porque, na época, havia pouquíssimos livros sobre o Rio, e a publicação inaugurou essa vertente. E também foi inaugural pela apresentação em si, pelo requinte e pela qualidade, pois Gilberto Ferrez era o maior especialista da época nesse gênero de crônica visual.

Julia Peregrino lembra que o livro levou mais de cinco anos para ser produzido, entre o esboço original e o seu lançamento. —Não foi brincadeira. A pesquisa feita pelo Gilberto Ferrez, para selecionar as imagens e escrever o texto, foi enorme, uma verdadeira peregrinação por instituições públicas, coleções particulares e até instituições no exterior que culminou nesse marco na história das publicações de arte do Rio de Janeiro e do Brasil. Foi ai que propus à família e à Vera Alencar fazer a exposição, que será uma oportunidade única para o público ter contato com os originais de artistas consagrados que contam a história da nossa cidade – relata a curadora. A realização da mostra, segundo Julia, só se tornou possível graças à colaboração de várias instituições como os Museus Castro Maya, o Arquivo Nacional, a Biblioteca Nacional, o Instituto Moreira Salles, o Museu da Imperial Irmandade de N.S. da Glória do Outeiro, o Museu Imperial, o Museu Histórico Nacional e o Museu Nacional de Belas Artes, além das coleções particulares das famílias Ferrez e Paula Machado.

Pedro Vasquez lembra que o longo processo de produção, edição e impressão gerou relações de amizade duradouras entre Castro Maya, Gilberto Ferrez e o editor francês Marcel Mouillot.

— O livro foi impresso em Paris. Pode imaginar requinte maior? O Mouillot era um dos editores mais especializados do mundo de então. Nas cartas trocadas entre ele e Castro Maya ao longo do processo, vê-se que fala da família, da saúde da esposa e pergunta pela família de Castro Maya, o que mostra que se estabeleceu uma relação de fato entre essas pessoas, empenhadas num projeto comum.

O co-curador destaca também que a obra foi, antes de tudo, um ato de desprendimento. — Quando Raymundo de Castro Maya é convidado para participar da Comissão dos Festejos do Quarto Centenário, logo dá a ideia de fazer este livro — e percebe, quase imediatamente, que a empreitada era muito para o poder público. Então chama a si a responsabilidade pelo projeto e banca, com recursos próprios e com a ajuda de Paula Machado, todos os custos.

A exposição, um novo marco nas comemorações dos 450 anos: — Poder mostrar, para o público mais jovem, o processo de edição de uma obra tão especial, é gratificante—diz Julia Peregrino. —Ferrez guardou inclusive as provas de cores da impressão, que vinham de Paris de navio! Além disso, temos a correspondência trocada com o editor francês e estamos tendo também a grande oportunidade de apresentar ao público os originais de quase cem das obras reproduzidas no livro —salienta a curadora, que aponta a parceria com o Arquivo Nacional como fundamental para viabilizar a edição fac-similar. – Sem isso, não conseguiríamos levar adiante essa proposta, que democratiza bastante o acesso a um conteúdo tão importante – lembra. – Além disso, deve-se ao Arquivo Nacional o empréstimo das obras do Acervo Família Ferrez. Os técnicos do Arquivo compraram a ideia; graças a eles, fizemos vários testes nos equipamentos da Instituição antes de começar a reproduzir o livro original, para alcançar o máximo de qualidade no fac-simile.

A seleção de obras inclui a famosa tela de João Francisco Muzzi que retrata o incêndio que reduziu a cinzas o antigo recolhimento de Nossa Senhora do Parto, em 1789. Há litografias de G.Engelmann do início do século XIX, com vistas da entrada da Baía do Rio de Janeiro e da Igreja da Glória, entre outras. Isso sem falar nas litografias, aquarelas e desenhos de Debret e nos tipos e vendedores ambulantes retratados por Lopes, editados entre 1840 e 1841 pela litografia Briggs. Mapas, esboços, correspondência, layouts e documentos originais de várias épocas, que poucas vezes são exibidos ao público, completam a mostra.

“A muito leal e heroica cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro”, Exposição e lançamento da edição fac-similar do livro homônimo, de autoria de Gilberto Ferrez, sobre a história da cidade do Rio de Janeiro, de 14 de maio a 12 de julho de 2015 ,de terça a domingo, das 12h às 19h, no Centro Cultural Correios – Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro, Rio de Janeiro. Entrada franca | Livre para todas as idades.Realização: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro | Secretaria Municipal de Cultura|Comitê Rio 450 e Museus Castro Maya|IBRAM | MinC | Curadoria: Júlia Peregrino e Pedro Karp Vasquez | Design de montagem: Daniela Thomas e Felipe Tassara | Produção: FazerArte | Apoio: Centro Cultural Correios | Arquivo Nacional.

Acervos: Arquivo Nacional | Fundação Biblioteca Nacional | Família Ferrez | Família Paula Machado | Instituto Moreira Salles | Museus Castro Maya/IBRAM/MinC | Museu Histórico Nacional/IBRAM/MinC | Museu Imperial/IBRAM/MinC | Museu Imperial da Irmandade de Nossa Senhora da Glória do Outeiro | Museu Nacional de Belas Artes.

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