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09/05/2015 - 07:59

Rio de Janeiro, que eu sempre hei de amar! Rio de Janeiro, a Montanha, o Sol e o Mar!

Livro celebra a Sinfonia do Rio de Janeiro, de Tom Jobim e Billy Blanco, texto assinado por João Máximo que reconstrói a história da Sinfonia do Rio, composta e gravada em 1954. Edição especial – que será lançada durante as comemorações dos 450 anos da cidade — inclui um CD com a gravação original e uma segunda versão, de 1960.

Rio de Janeiro, que eu sempre hei de amar! Rio de Janeiro, a Montanha, o Sol e o Mar!.

Rio de Janeiro, 1954. Uma lotação com destino a Copacabana entra a toda brida no Aterro do Flamengo, numa tarde qualquer. O Rio que brota das janelas com toda a força de sua beleza sacode o coração de um compositor paraense que, mesmo fazendo aquele trajeto todos os dias, jamais se cansa de se admirar com a cidade que escolheu para viver. O tema musical e as estrofes inundam ao mesmo tempo a mente de Billy Blanco, que os repete sem parar, para não esquecer. Desce do ônibus assim que chega à Barata Ribeiro, entra num bar, pede um café, telefona para Tom Jobim e pede que anote letra e música. De lá vai direto para o apartamento do amigo e parceiro.

Segundo João Máximo, é nessa doce euforia que é composta a Sinfonia do Rio, um conjunto de doze sambas sobre a cidade, unidos pelo “temazinho” que ocorreu a Billy Blanco na lotação. No mesmo ano, a Sinfonia do Rio é registrada numa gravação histórica, com participação de grandes nomes do elenco da gravadora Continental.

No dia 21 de maio, às 18 horas, na Arlequim, que fica no Paço Imperial, o público terá a chance de conhecer melhor essa história, com o lançamento da obra Sinfonia do Rio de Janeiro —60 anos de história musical da cidade, de autoria de João Máximo. Rica em fotografias que transitam entre o Rio de 1954 e o Rio de hoje, além da memória dos compositores, o livro relata, com um sabor particularmente carioca, todos os passos da saga de uma obra incomum, que marcou a carreira, então em ascensão, dos jovens Tom Jobim e Billy Blanco —o primeiro carioca de berço, o segundo de coração. A edição comemorativa – que inclui ainda um CD com a íntegra da primeira gravação, de 1954, e de uma segunda versão de 1960 — tem a chancela do Ministério da Cultura. Com produção -executiva da Papel & Tinta e realização da Arlequim, a obra tem o patrocínio das empresas Oscar Iskin e H. Strattner.

Apaixonado pela Sinfonia, Ronald Iskin, um dos sócios da Arlequim, foi quem teve a ideia de contar, em livro, a história da composição. —Conheci a Sinfonia do Rio na década de 1970. Nunca tinha ouvido falar e, quando escutei, fiquei encantado – diz. – Os doze movimentos se entrelaçam de uma forma genial, conduzidos pelo leitmotiv que muita gente conhece: “Rio de Janeiro, que eu sempre hei de amar! Rio de Janeiro, a Montanha, o Sol e o Mar!”. Para Ronald, a Sinfonia do Rio é uma composição pré-bossanovista e precursora de outras sinfonias, como a Sinfonia da Alvorada, de Tom Jobim,e a Sinfonia Paulistana, de Billy Blanco. —Cada movimento é como se fosse uma canção – e é mesmo uma canção!—entusiasma-se.

Ronald Iskin revela que sempre teve vontade de juntar as duas gravações, a de 1954 e a de 1960.– A princípio o CD teria só a original, mas o próprio João Máximo sugeriu que incluíssemos também a de 1960. Estou feliz por conseguir trazer à luz essa obra lindíssima, e com as duas gravações. Um fato inédito! Na verdade, uma homenagem a Tom Jobim e Billy Branco, justamente na época em que a gravação histórica completa 60 anos —comemora.

Paulo Jobim, filho mais velho de Tom Jobim, também comemora: – Eu acho muito bacana a ideia do livro. Desde o início gostei do projeto e ajudei como pude. Gosto muito da Sinfonia do Rio —revela Paulo, que só lamenta o fato de as partituras do arranjo original, de Radamés Gnattali, terem se perdido.

—Eu procurei muito, nos arquivos da Rádio Nacional e em vários lugares, mas não consegui encontrar – conta. — De qualquer forma, é legal saber que as duas versões da Sinfonia encartadas no livro foram feitas com a mesma gravação, com o arranjo original. Só as vozes são diferentes na segunda – frisa.

— Mas existe um segundo arranjo, do Gilson Peranzetta, que também é muito bom — completa Paulo Jobim, referindo-se ao arranjo criado em 2006 para o concerto comemorativo dos 80 anos de Billy Blanco e que incorporou à obra um tema original de 11 minutos. O concerto, realizado na Sala Cecília Meirelles, teve a participação de vários artistas, entre os quais Leila Pinheiro, Zé Renato e Dóris Monteiro.

A Sinfonia e suas gravações —O nome original era Rio de Janeiro: a Montanha, o Sol, o Mar – Sinfonia popular em tempo de samba, mas a obra acabou ficando conhecida como Sinfonia do Rio. Todos os temas tratam do Rio de Janeiro: alguns enfatizam a beleza natural (Hino ao Sol, Arpoador, o Mar), outros tratam com delicadeza as mazelas da cidade grande (Coisas do dia, Matei-me no trabalho). Há também os instantâneos poéticos (Noites do Rio, A Montanha, O Samba de Amanhã) e temas que tocam, ainda que de leve, as questões sociais (O Morro, Descendo o Morro).

Um respeitável conjunto de artistas do primeiro time da MPB participou da gravação original, resultado de uma parceria entre o selo Sinter e a gravadora Continental, cujo diretor artístico era ninguém menos que o compositor Braguinha. Graças ao prestígio deste, foi possível reunir um elenco inimaginável para a época: com arranjos e regência do maestro Radamés Gnattali, as canções foram interpretadas por gente do calibre de Dick Farney, Lúcio Alves, Dóris Monteiro, Elizeth Cardoso, Os Cariocas, Gilberto Milfont, Emilinha Borba, Nora Ney e Jorge Goulart.

Apesar de todo o empenho, cuidado e dedicação investidos nesse trabalho, o esperado sucesso não aconteceu: as vendas do disco foram decepcionantes. – Não se sabe ao certo por que a Sinfonia do Rio não estourou – diz Ronald Iskin.

A força da obra, porém, continuou a cativar muita gente. Uma nova gravação foi feita em 1960, marcada por um processo inédito: o mesmo registro musical da primeira, com arranjo e direção de Radamés Gnattali, que tinha sido conservado pela gravadora, foi usado como base. Mas o elenco de cantores — encabeçado por Maysa, Jamelão e Risadinha – foi quase todo diferente. A única exceção foi o grupo Os Cariocas, que participou dos dois registros.

. [Sinfonia do Rio de Janeiro – 60 anos de história musical da cidade, de João Máximo, com lançamento do livro + CD com as duas primeiras gravações da Sinfonia do Rio, de Tom Jobim e Billy Blanco. Edição com 256 páginas – Bilíngue | Preço: R$ 120,00. Preço promocional para estudantes: R$ 50,00, com apresentação da carteira (quantidade limitada), no dia 21 de maio 2015, às 18 horas , no Arlequim – Paço Imperial, Praça XV de Novembro, 48 – Loja 1 – Centro do Rio de Janeiro(RJ)].

Texto: João Máximo | Fotos: Antonio Caetano (atuais) – Vários artistas/Acervos diversos (históricas) | Realização: Arlequim | Coordenação geral, design gráfico e produção-executiva: Papel & Tinta | Impressão dos livros: Gráfica Santa Marta | Prensagem de CDs: Rimo Entertainment | Patrocínio: Oscar Iskin e H. Strattner.

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