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27/05/2015 - 06:45

Educação empreendedora como vetor de desenvolvimento social e econômico do país

Se perguntarmos quais os principais aspectos que afligem o nosso país, para os quais devem ser levadas a efeito políticas consistentes e ações estratégicas para o exercício pleno da cidadania, encontraríamos um conjunto de respostas que constariam, indubitavelmente, educação, saúde, segurança, inflação, corrupção, dentre outros. Contudo, a importância de todos esses aspectos, e de tantos outros relevantes, é senso comum que a educação de qualidade é a principal arma de um país para vencer os obstáculos para a melhoria da qualidade de vida do seu povo por meio de um desenvolvimento social e econômico sustentável.

E, nesse sentido, o principal esforço no processo educacional é o desenvolvimento de uma inteligência autônoma dos futuros profissionais, que se utilize de uma análise crítica da realidade social na qual o aluno está inserido, contribuindo para a prática do “aprender a pensar”, do desenvolvimento da tomada de decisão, da capacidade criativa e da livre iniciativa.

O desafio posto é, sem dúvidas, um dos principais no processo educacional no nosso país em virtude de uma cultura cristalizada na nossa sociedade contemporânea, que permeia vários dos seus segmentos organizados, em virtude de políticas de tutela que levam a não percepção da importância do desenvolvimento de uma educação empreendedora. Para muitos, o emprego público tem sido o grande alvo após a formatura, embora também neste setor o empreendedorismo pessoal seja fundamental. Assim, o próprio processo educacional se molda a esse contexto não exercendo o necessário e fundamental papel de vetor de mudanças dessa realidade.

Atitudes empreendedoras não tem sido a característica da grande maioria dos que se formam na educação superior e, dessa forma, em muitos casos a criatividade e a inovação tornam-se conceitos distantes restringindo, por consequência, as habilidades e competências profissionais adquiridos durante a formação. Estas atitudes comportamentais estão presentes tanto nos setores públicos quanto empresariais privados e, em grande medida, consequência do estabelecimento de políticas que exageram quanto aos aspectos regulatórios da economia e da formação educacional, em todos os níveis, que cerceiam o desenvolvimento da criatividade e da livre iniciativa como se estas não fossem fundamentais para o desenvolvimento do país. Aspectos dessa natureza no contexto da formação profissional contribuem de forma contrária para o desenvolvimento de atitudes empreendedoras dos novos profissionais, influindo de forma evidente nas práticas e modos de atuação dos diferentes atores nos mais diversos setores organizados da sociedade.

A repercussão da falta de ênfase para com a educação empreendedora é observada em qualquer área do conhecimento. Contudo, é natural que se observe maior impacto, no contexto histórico e social, nas áreas das tecnologias e de gestão pelos desdobramentos mais diretos no cenário econômico do país. Tome-se como referência a grande interferência observada pelas políticas públicas quanto a incentivos à livre iniciativa para a geração de emprego e renda, ocasionados pelo excesso de aspectos regulatórios envolvidos no processo, cristalizados ao longo dos anos. Como consequência, o país perde em competitividade global. Segundo os últimos dados do relatório de competitividade global 2014-2015, do Fórum Econômico Mundial, pesquisando 144 países, o Brasil tem perdido posições quanto à competitividade global nos últimos três anos: passou da 53a posição em 2011-2012 para a atual 57 a posição. Dentre os indicadores que compõem o referido índice a capacidade de inovação encontra-se na 44 a posição, enquanto o indicador de procedimentos para iniciar um negócio na incômoda 135 a, atrás de países inexpressivos em termos econômicos como Timor-Leste ou Haiti. Igualmente, e com direta correlação, é o indicador de número de dias para iniciar um negócio no qual o país encontra-se na 142 a posição, atrás apenas da Venezuela e Suriname.

A preocupante situação brasileira, na qual se observam dificuldades em empreender pela transformação do conhecimento em negócio, reacende a necessidade de uma profunda reflexão quanto ao perfil dos profissionais que têm sido formados no nosso ensino superior. Embora seja esta uma preocupação compartilhada por vários segmentos organizados da sociedade, o setor educacional de educação superior não pode ficar inerte quanto a uma reflexão profunda quanto a essa questão. Afinal, a este setor compete à formação das novas gerações de profissionais, que têm o desafio de estar preparadas para o devido enfrentamento dessa realidade.

O desafio que se coloca é o de buscar meios para uma mudança dessa realidade por meio de um processo de ensino-aprendizagem no qual a educação empreendedora tenha papel de destaque, assumindo o protagonismo da mudança necessária que contribua para o desenvolvimento social e econômico do país e consequentemente do nosso índice de competitividade global.

. Por: Benedito G. Aguiar Neto, reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e vice-presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileira. Possui doutorado pela Universidade Técnica de Berlim, Alemanha e pós-doutorado pela Universidade de Washington, EUA.| Perfil—A Universidade Presbiteriana Mackenzie está entre as 100 melhores instituições de ensino da América Latina, segunda a pesquisa QS Quacquarelli Symonds University Rankings, uma organização internacional de pesquisa educacional, que avalia o desempenho de instituições de ensino médio, superior e pós-graduação.

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