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10/06/2015 - 09:34

Desrespeito e perigo no ar

O susto com o jatinho que levava Angélica e Luciano Huck, com seus filhos e duas babás, repercutiu em todo o Brasil. Mas, numa análise mais profunda, pouco se comentou sobre como as babás, o piloto e copiloto viveram os momentos de tensão. Essa provocação busca mostrar como muitos trabalhadores são ‘invisibilizados’, como a própria categoria de pilotos e comissários, com condições e jornadas quase sempre desumanas.

Após a tragédia com o Airbus da Germanwings, a Lufthansa, empresa controladora, admitiu que sabia da depressão do copiloto acusado de derrubar a aeronave com 156 pessoas. O acidente trouxe à tona o debate sobre a segurança dos tripulantes e passageiros, por conta da imposição das empresas de condições extremas de trabalho, assim como a negligência e omissão no auxílio dos aeroviários e aeronautas.

A maioria dos pilotos procura esconder problemas de saúde. Em estudo divulgado pelo jornal alemão ‘Bild’, 60% dos pilotos que sofrem algum tipo de depressão decidem continuar a voar sem comunicar ao patrão. Fica clara a dificuldade em contar com a assistência das empregadoras na recuperação de doenças que são originadas pelas condições impostas por elas próprias.

No Brasil, especialistas afirmam que o cenário é preocupante, pois aeronautas ficam isolados numa cabine por mais de 10 horas por dia, numa função que exige muita concentração. Em janeiro foi deflagrada uma greve que deixou claras as circunstâncias da categoria. Pediam-se reajuste salarial, diminuição da jornada, definição de valores mínimos para diárias internacionais, aumento de folgas e limitação de madrugadas trabalhadas.

Segundo o Sindicato dos Aeronautas, o que se requer é o ‘gerenciamento de fadiga’. Não precisamos de longas reflexões para compreender que a ausência dessa preocupação é determinante não apenas para a saúde dos profissionais, como também para a segurança dos passageiros. É preciso olhar com responsabilidade para as condições de trabalho desses profissionais, como tantos outros, invisibilizados.

Se garantias mínimas aos trabalhadores não são respeitadas, a melhor tecnologia não salvará.

. Por: João Tancredo, Advogado especializado em Responsabilidade Civil.

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