Queda do preço do petróleo não é apenas ajuste de preço

Durante a quarta edição do encontro anual LARTC, o maior evento na América Latina voltado para profissionais das indústrias de refinaria e petroquímica, José de Sá, sócio da Bain & Company e especialista na indústria de Oil & Gas, comentou a queda dos preços do petróleo nos últimos meses e a contínua fraqueza nos preços do gás, que criaram um novo desafio estrutural para as operações upstream da indústria.

“A queda do preço do petróleo é mais do que um ajuste de preço. Como em 1998, 2001 e 2009, estamos agora novamente em território desconhecido. Dessa forma, é difícil imaginar que o cenário de preços baixos não deva perdurar por aproximadamente 18 meses desde a queda de novembro. Esse é o tempo aceitável para uma recuperação”, afirma Sá.

Segundo análise do consultor, além da situação adversa no upstream, na América Latina o downstream também está afetado pela incerteza do mercado. Instabilidade política, mudanças de regra na setor de petróleo e regulamentação de preço são alguns dos maiores obstáculos. A consequência é que a América Latina se tornou uma das poucas regiões deficitárias em derivados no mundo devido à dificuldade em executar projetos e operar competitivamente as refinarias devido a restrições financeiras, dificuldades técnicas e políticas.

Agora o foco deveria ser trabalhar para remover os obstáculos que impedem essa expansão. O objetivo é melhorar o desempenho operacional e de investimentos. “A ideia é mostrar que essas empresas podem continuar a funcionar efetivamente dentro de restrições de capital mais rígidas e ainda atender as prioridades orçamentais nacionais. Os executivos da indústria de petróleo e gás não podem controlar os preços, mas podem tomar medidas para estar em uma posição melhor quando a recuperação vier”, afirma Sá.