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03/07/2015 - 09:01

O reconhecimento do trabalho no campo

Durante as décadas de 70 e 80, inúmeros problemas ocorreram devido ao uso inadequado de defensivos agrícolas nas lavouras do Brasil. Por isso, já em 1981, o Ministério da Agricultura publicava portaria exigindo receita agronômica para classes toxicológicas I e II.

Quase todos os dias os jornais publicavam notícias sobre intoxicações com os produtos utilizados nas lavouras. Danos ao meio ambiente e resíduos nos alimentos eram também noticiados. Havia grandes movimentos contra o nosso setor. A nossa imagem na sociedade era negativa.

Em 1989, logo após minha entrada na ANDEF (Associação Nacional de Defesa Vegetal) , foi promulgada a Lei Federal 7.802/89, que ficou conhecida por “Lei dos Agrotóxicos”. A Lei e o decreto regulamentador 98.816/90 tornaram muito rígidos, no Brasil, os controles sobre os produtos fitossanitários até sua aplicação no campo. E era lá, no campo, onde estava a maior preocupação.

Os produtos fitossanitários passaram a ser comercializados obrigatoriamente mediante a exigência da apresentação, pelo usuário, de receita agronômica. O Brasil dava um passo definitivo no sentido de alinhar-se com as exigências de qualidade dos produtos agrícolas reclamadas em âmbito doméstico e internacional.

A receita agronômica exigia do profissional amplos conhecimentos, tais como: manejo integrado, transporte de cargas perigosas, armazenamento, saúde e segurança do trabalhador rural, tecnologia de aplicação, disposição de sobras e embalagens vazias, etc. Somente por meios de profissionais sérios e competentes, envolvidos em constantes programas de educação e treinamento do homem do campo, poderíamos, um dia, chegar a uma realidade em que muitos problemas toxicológicos, ambientais e de resíduos tóxicos nos alimentos seriam sanados.

Eu tinha obrigação de capacitar profissionais e, mais do que isso, motivá-los a levar os ensinamentos hauridos ao homem do campo. Precisava ter técnicos multiplicadores capacitados. Como conseguir isso? A ANDEF não tinha como exigir. Cheguei à conclusão de que deveria criar um prêmio. Deveria divulgar à sociedade trabalhos de profissionais que, de forma deliberada, levavam o uso correto e seguro dos produtos fitossanitários ao homem do campo. Como deveria ser o prêmio? Como deveria ser denominado? Como avaliar e premiar? Achei que a melhor denominação deveria ser “Premio Mérito Fitossanitário”.

A cerimônia de premiação deveria ser itinerante e o prêmio entregue em vários estados. Seria uma maneira de conseguir a participação de profissionais de diferentes comunidades. Uma comissão julgadora, composta por 11 renomados profissionais, deveria ser criada. Tal comissão deveria reunir-se independentemente, sem interferência da ANDEF.

Os participantes deveriam indicar entre eles um presidente e um secretário. Ao final, uma ata seria lavrada e assinada por todos. Apenas a comissão teria conhecimento dos trabalhos selecionados; e os membros, o compromisso de apenas divulgar os resultados na hora da premiação.

No começo foi difícil. Apenas dois trabalhos foram aprovados pela Comissão Julgadora e nós tínhamos programado entregar três prêmios. Planejamos então os “encontros de técnicos da indústria e de distribuição de defensivos agrícolas”. Eram cursos para capacitação de profissionais que trabalhavam no campo. A solenidade de entrega de prêmios acontecia ao final do curso. Fomos a vários estados.

Os profissionais que participavam do curso passaram a ter interesse em concorrer. O Prêmio cresceu muito com as parcerias com ANDAV, InpEV e OCB. Muitos trabalhos passaram a concorrer. Com o apoio de Cristiano Simon - então presidente da ANDEF - levamos, no início da década passada, a coordenação do Prêmio à Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (FEALQ).

Hoje, há quase duas décadas da sua criação, o Prêmio é reconhecido como “a maior premiação da agricultura brasileira”. E é orgulho, não só para os profissionais da área, mas é o reconhecimento do produtor que, além de levar comida à mesa de milhões de pessoas, contribui de forma aplicada e sustentável ao desenvolvimento da economia nacional.

. Por: Marçal Zuppi, engenheiro agrônomo, foi gerente de Educação e Treinamento da Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF) de 1989 a 2008. Pela importância dos trabalhos desenvolvidos por ele, a categoria Profissionais do Prêmio Defesa Vegetal leva o seu nome.

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