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08/02/2008 - 10:42

Contradição no mundo do trabalho

Parece incrível, mas o Brasil ainda convive com uma realidade em que coexistem altos índices de desemprego e vagas de trabalho que não são preenchidas por falta de qualificação da mão-de-obra. Isto é o que se conclui a partir de números divulgados pelo Sine (Sistema Nacional de Empregos): de 1,927 milhão de vagas captadas pelo sistema público de recrutamento no último ano, apenas 907 mil foram preenchidas. Com 1,02 milhão de postos sem ocupação, o índice de recolocação dos trabalhadores, da ordem de 47%, é o menor desde 2000.

O que observa, portanto, é que há oportunidades de sobra, mas falta especialização em setores específicos. Nossa experiência indica que muitas empresas encontram dificuldades para preencher vagas disponíveis, e isso não se dá por falta de interessados. Dentro do próprio Ministério do Trabalho, responsável pelo Sine, avalia-se que o principal obstáculo para a inserção de mão-de-obra no mercado formal é a reduzida qualificação dos profissionais.

Não significa que os trabalhadores sejam menos competentes, mas sim que o país carece de uma política educacional mais contundente, que vá ao encontro dos anseios e exigências do mercado de trabalho. Tal carência deve ser levada a sério, em especial neste momento em que é possível vislumbrar um cenário de crescimento econômico para os próximos anos. Se o país precisa de trabalhadores especializados para avançar na produção de tecnologia e bens de valor agregado, é imperativo que governo e iniciativa privada assumam a dianteira.

O grande desafio vem da base, com reflexos em longo prazo, e consiste em colocar todas as crianças na escola. Mas, como o objetivo é um tanto quanto imediato, já é passada a hora de multiplicar as opções de especialização em todas as áreas do conhecimento. Não é tanto o caso do Ensino Superior, seja pelo custo elevado ou pelo tempo despendido, mas sim de incentivar a disponibilidade de cursos profissionalizantes, capazes de abrir portas para o mercado.

Além do custo acessível, é o tipo de educação que permite um aprendizado focado em determinadas habilidades e competências, algo que as empresas buscam. Com o conhecimento aplicável, essencial para formar um bom cidadão, o profissional pode gerar renda suficiente para ter acesso a uma faculdade, o passo seguinte na caminhada profissional. A solução depende tanto do governo quanto da iniciativa privada e é essencial começar o quanto antes.

Enquanto a educação não for a grande prioridade em nosso país, beneficiando crianças e jovens de todas as classes sociais, o problema da falta de mão-de-obra especializada irá continuar. Cabe a cada um fazer a sua parte. O que não podemos é conviver com um quadro antagônico: milhões de desempregados e milhões de vagas disponíveis.

. Por: Wilson Roberto Giustino, presidente do CEBRAC (Centro Brasileiro de Cursos), e-mail: [email protected] | Site: www.cebrac.com.br

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