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21/07/2015 - 08:39

Os Chapolins Brasileiros, a torcida mais fiel do Brasil em Toronto

Toronto— Se você é daqueles que curte esporte e está acompanhando os Jogos Pan-Americanos de Toronto 2015 pela televisão ou in loco, no Canadá, é bem possível que, em algum momento, tenha se deparado com algumas figuras nas arquibancadas vestidas como se fossem o famoso personagem Chapolin, mas com as cores verde e amarelo. Eles são barulhentos, incansáveis, apaixonados por esporte e, acima de tudo, extremamente fieis aos brasileiros.

A ideia de formar uma torcida organizada para acompanhar de perto os atletas do país em grandes competições internacionais surgiu em Belém, em 2011, quando o médico endocrinologista Rubens Tofolo, e seu irmão, Rui, que trabalha com processamento de dados, resolveram que iriam acompanhar os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara no México. Para a viagem, a dupla ganhou o reforço de Neide, irmã de Rubens e Rui, e do amigo José de Aviz.

Só acompanhar de perto o Pan não era suficiente. Se eles fossem torcer de verdade era preciso chamar a atenção e, ainda, tentar angariar mais apoio. Foi aí que surgiu a ideia de uma roupa especial. "O Chapolin é um personagem mexicano. Então, resolvemos criar uma fantasia que chamasse a atenção dos mexicanos para apoiar os nossos atletas", lembra Rubens. Nasciam os Chapolins Brasileiros, uma torcida que mais do que quadruplicou nos últimos anos e que está firme e forte rumo aos Jogos Rio 2016.

O passo seguinte foi preparar a indumentária. "Eu tenho um paciente que é carnavalesco, o Guilherme Repilla, e foi ele quem fez a roupa. Demos a ideia e ele criou", continua Rubens. Nos Jogos Olímpicos de Londres 2012, o grupo que desembarcou na Inglaterra já contava com sete pessoas. O próximo passo foi audacioso, mas recompensador.

"Em 2013, viajamos para acompanhar, na Sérvia, o Mundial de Handebol Feminino. Ali, já tínhamos 11 pessoas no grupo e, na final, éramos os únicos brasileiros na torcida em um ginásio que tinha 26 mil pessoas", recorda Rubens. "Essa foi uma experiência marcante, porque os sérvios ficavam nos encarando na torcida e foi bem tenso. Deu medo mesmo. Mas quando eles calavam a boca um pouquinho a gente começava a gritar. Descobrimos, depois, que atrás da gente havia dois policiais à paisana para nos dar proteção. Saímos do ginásio escoltados. Eles nos pediram para tirar as fantasias, nos levaram até o nosso carro e depois foram de carro nos seguindo até a casa que tínhamos alugado", detalha o professor José de Aviz.

"Foi a situação mais tensa que vivemos, mas estávamos lá em um momento histórico do esporte brasileiro. Valeu muito a pena. As jogadoras até já nos conheciam, porque sempre nos viam torcendo nas arquibancadas. Eu tenho a bola da final em casa, autografada por toda a Seleção Brasileira, tanto pelas as jogadoras quanto pela comissão técnica. É uma relíquia histórica", diz Rubens, orgulhoso.

360 ingressos— Para o Pan de Toronto, os Chapolins Brasileiros viajaram com 16 dos 18 integrantes da torcida, muitos deles da família Tofolo. Dispostos a acompanhar o máximo de competições possíveis, eles adquiriram 360 ingressos para 16 modalidades. Ou seja, todos os dias, em pelo menos um ou dois lugares onde atletas do Brasil estejam em ação, lá estão eles, gritando, incentivando e acompanhando bem de perto mais um grande evento do esporte.

Ainda com as lembranças da conquista do handebol feminino na Sérvia bem frescas, os Chapolins Brasileiros já se programaram para, em dezembro deste ano, acompanhar o Mundial na Dinamarca, onde a seleção feminina tentará chegar ao bicampeonato. E depois? "Estaremos, é claro, nos Jogos Olímpicos do Rio 2016. Já adquirimos vários ingressos na primeira fase dos sorteios e vamos comprar mais", avisa Rubens.

Pés quentes —A advogada Larissa Rocha, 24 anos, é a caçula do grupo e também estreante nas aventuras dos Chapolins Brasileiros. E ela não esconde que está se divertindo neste Pan como poucas vezes fez. "A gente se conheceu na Sérvia, em 2013, no Mundial de Handebol. Eu trabalhava junto com a Confederação Brasileira e, depois disso, nos encontramos de novo no Mundial Masculino de Handebol, no Catar, neste ano. Agora estou aqui, como uma Chapolin pela primeira vez", conta.

Apesar de toda a barulheira que produzem nas arquibancadas e do clima descontraído que cercam os Chapolins Brasileiros, o grupo é extremamente organizado. Tanto que cada um na torcida tem uma função. Larissa, por exemplo, cuida do Facebook e do Instagram do grupo.

Um detalhe em especial ajuda ainda mais a cativar os atletas: a turma é pé quente. O título mundial das meninas do handebol na Sérvia é só um exemplo de conquistas inéditas que os Chapolins Brasileiros já acompanharam de perto. Em Toronto, o grupo estava, por exemplo, no ouro de Joice Silva na luta olímpica, que marcou a primeira medalha dourada do Brasil na história da modalidade, tanto no masculino quanto no feminino.

Eles também vibraram no Canadá com a vitória de Érika Miranda no judô, o primeiro ouro em Pan-Americanos da história da categoria meio leve feminina na modalidade. Os Chapolins ainda empurraram, aos gritos, Fernando Reis quando ele conquistou o ouro no levantamento de peso com direito a um novo recorde pan-americano e, obviamente, se emocionaram no sábado (18.07), no Centro Aquático quando o nadador Thiago Pereira se tornou o maior medalhista da história dos Jogos Pan-Americanos. E essa semana tem mais, já que o grupo ficará em Toronto até o fim da competição.

Emoção em Londres —A ligação de Rubens com esportes vem de longe, uma herança de sua mãe, Carmelita Tofolo, que se foi há três anos. Ela era apaixonada por esportes. Ao lado dela, Rubens teve a felicidade de acompanhar, em Sydney, o momento mais marcante do basquete feminino brasileiro.

"Eu tive a alegria de estar presente nas duas conquistas mais importantes dos esportes coletivos femininos do Brasil. Quando a seleção brasileira de basquete ganhou o Mundial de 1994, em Sydney, eu estava lá com minha mãe. Nós éramos apaixonados pela Hortência e pela Paula", contou, referindo-se às duas principais estrelas daquela equipe que, em 12 de junho daquele ano, derrotou a China por 96 x 87 e levou o Brasil ao topo do basquete feminino. "A minha mãe gostava muito de esportes, apesar de nunca ter sido atleta", conta Rubens. "Ela incentivava muito, acompanhava tudo, sabia o nome de todos os jogadores e era muito especial", diz.

Por tudo isso, Rubens viveu, na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres 2012, um episódio que o marcou como poucos até hoje. "Um dos momentos mais especiais da minha vida aconteceu nas Olimpíadas de Londres, quando a foto da minha mãe apareceu no telão do estádio. O COI mandou um e-mail para todo mundo da família olímpica que tinha ingresso para a abertura e disse que eles fariam uma homenagem a todos os que tinham perdido alguém querido no quadriênio 2008/2012. Eu mandei uma foto e minha mãe apareceu no telão na cerimônia de abertura. Foi uma das maiores emoções que eu já tive. Ela deve ter ficado muito feliz lá no céu", diz, sorrindo.

Rio 2016 —Os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro vêm aí. Falta pouco mais de um ano para a cerimônia de abertura, no dia 5 de agosto de 2016. A meta da delegação nacional é terminar a competição entre os dez primeiros do quadro de medalhas. Se nossos atletas vão conseguir ou não, ninguém sabe. Mas uma coisa é certa: quando eles entrarem em ação, os Chapolins Brasileiros estarão lá, torcendo, gritando e fazendo a parte deles. O resto é com os atletas.| Luiz Roberto Magalhães, de Toronto.

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