Processos mais eficientes —o melhor caminho para o Varejo

Qualquer operação, seja industrial, comercial ou de serviços tem seus gargalos. Pontos que travam o fluxo das atividades, consomem tempo e energia, comprometendo o resultado. Conseguir identificar onde esses gargalos estão exatamente já é um grande passo. Resolvê-los é ponto-chave.

A perda de desempenho de um negócio pode estar disfarçada, diluída em pequenas falhas, em diferentes detalhes que vão se somando.No final da ponta, esses fatores todos combinados em uma ação em cadeia, representa um furo bem maior do que se pode imaginar. No varejo, por exemplo, que hoje luta para fechar o mês com algum retorno, mínimo que seja, as causas podem ser diversas: desde estoques mal geridos, funcionários sem uma rotina inteligente e sem treinamento adequado, controles ineficientes, baixo investimento em tecnologia e recursos ineficazes de segurança.

O consumidor está assustado com a volta da inflação e precisando rever suas prioridades. Ele também precisa conseguir fechar a conta no final do mês e equilibrar o orçamento doméstico em tempos de crise também exige muito talento. Mas além da queda do consumo, existem outros inimigos que contribuem para o baixo desempenho do varejo no Brasil. Segundo estudo divulgado recentemente pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo & Mercado de Consumo (IBEVAR) as perdas no varejo saltaram de 1,82%, em 2013, para os atuais 2,31. O resultado disso é menos lucro. Um impacto que já seria ruim em um ano de economia estável, em um período de baixo desempenho, como o que vivemos no momento, é ainda mais grave.

O que o varejo, em geral, precisa é alcançar um melhor nível de gestão, adotar processos e controles mais eficientes e ser mais produtivo. A tecnologia e as soluções voltadas à execução de tarefas têm contribuído muito no controle das perdas, mas prevenção também exige educação e boa liderança.

Na verdade, nenhum processo ou metodologia que não tenha consistência e acompanhamento fará milagres. Manter um time afinado com os controles e recursos implementados exige rotinas de trabalho bem estabelecidas e que precisam ser mantidas. Em japonês, Kaizen significa melhoria contínua. Desde sua origem, no Japão na década de 50, a proposta desse novo conceito era: melhorar continuamente para prevenir e eliminar as perdas e os desperdícios. Nas últimas décadas, o Kaizen rompeu fronteiras geográficas e de segmentos. Da indústria automobilística, avançou para outros ramos, chegou aos hospitais, ao setor de telecomunicação, empresas de serviços e ao varejo. Grupos como o Sonae, de Portugal, e redes de grande projeção mundial, como Starbucks, já recorreram ao modelo Kaizen para melhorar sua logística, seu armazém e suas lojas.

No Brasil, uma grande rede de supermercados ao aplicar conceitos Kaizen-LEAN (Kanban, 5S, Gestão Visual, Fluxo Puxado de acordo com a Demanda e outros) em algumas lojas escolhidas como pilotos, obteve ganhos expressivos em sua produtividade e, como consequência, nas vendas realizadas. Com a experiência vivenciada em mais de 20 anos como consultor nesse setor, posso afirmar que quanto mais aperfeiçoados forem as rotinas de trabalho, melhores serão os resultados. Sem um criterioso mapeamento dos processos e identificação dos desperdícios, os quais comprometem o desempenho da empresa, sejam eles na área operacional, de produção, administrativa, logística ou serviços, não tem tecnologia que faça milagre.

No geral, um projeto bem formatado e implementado com esse objetivo pode reduzir em até 50% os níveis de desperdício em uma operação, em curto ou médio prazos, dependendo da complexidade do Varejo. Organização, padronização e treinamento no próprio local de trabalhoconstante podem fazer muito por uma organização que precisa crescer, mesmo quando o cenário econômico e o humor do país não estão dos melhores.

. Por: Ruy Cortez de Oliveira, CEO do KaizenInstitute Consulting Group – Brasil.