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05/08/2015 - 08:56

Produção mundial de alimentos terá de ser ampliada em 80% até 2050, diz a FAO em Fórum da Abag

Esse aumento deverá ocorrer com forte participação da agricultura brasileira e exigirá uma verdadeira revolução tecnológica.

A agricultura mundial terá de ampliar em 80% a produção de alimentos até 2050 para atender as necessidades de uma população, cujas projeções apontam para 9,7 bilhões de pessoas. A conclusão é do mais recente relatório feito pela OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico em parceria com a FAO – Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura, cujas conclusões foram detalhadas pelo representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic, durante o Fórum Abag-Estadão promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio(Abag), que teve como foco o tema “Alimentos” e foi coordenado pelo presidente da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação(Abia), Edmundo Klotz.

“O desafio colocado, especialmente para a agricultura brasileira, será conseguir ampliar a produção com ganhos de produtividade, com sustentabilidade ambiental e redução da pobreza e da desigualdade”, afirmou Bojanic. Para atender esse expressivo crescimento na demanda mundial por alimentos, Rodrigo Santos, presidente da Monsanto do Brasil, que também participou do evento, avaliou que o agronegócio brasileiro passará por uma nova revolução, com o uso de inovações na área de tecnologia de informação e comunicação (TIC). “Elevar em 80% a produção de alimentos, de maneira integrada, sustentável e com altíssima qualidade, é um grande desafio. E a maior parte desse crescimento (95%) virá com o aumento de produtividade nos 9% da área utilizada pelo setor e somente 5% será advindo de novas áreas agricultáveis”, explicou. O Brasil possui 64% de território destinado a florestas de reserva permanente.

Em sua apresentação, Santos detalhou que essa revolução virá especialmente do Big Data, que contribuirá para elevar a produtividade da área plantada, com confiabilidade e rastreabilidade. “Quando opta por plantar soja, o produtor precisa tomar entre 40 e 50 decisões, que vão desde a escolha do tipo de semente, a adubação, o uso de defensivos até a época de colheita, a escolha de equipamentos, o armazenamento, transporte e comercialização. A tecnologia permite utilizar algoritmos e redes neurais para trazer a ele a melhor escolha para cada uma das questões que ele precisa lidar”, exemplificou.

O Big Data possibilita analisar as áreas dos talhões de cultivo para entender suas características e fornecer informações relevantes para o produtor rural sobre a produtividade do todo e de cada uma delas de forma separada. Assim, pode-se calcular a quantidade de adubos, de defensivos, e os tipos de sementes, por exemplo, para serem utilizadas em cada local. “Aproveitamos a particularidade de cada metro quadrado de um talhão para maximizar a produção”, destacou Santos, que acrescentou que já existem equipamentos e implementos agrícolas capazes de realizar esse tipo de operação.

O Brasil, que já vem assumindo uma posição de protagonismo na produção de alimentos no mundo, sendo a segundo maior em volume, é reconhecido como uma vitrine em termos de aplicação de inovações tecnológicas e novas soluções sustentáveis e produtivas. “Temos essa vantagem competitiva em adotar de forma rápida e eficaz a tecnologia. Um exemplo foi o crescimento de 240% de produção nos últimos 20 anos. E a revolução por meio do Big Data levará o país a manter essa posição nos próximos 20 e 30 anos”, analisou o presidente da Monsanto Brasil.

Na avaliação de Bojanic, outros fatores tendem a ajudar na ampliação da produção agrícola brasileira. “Os preços das principais commodities devem manter uma tendência de queda; a renda da população mundial deve continuar crescendo; os mercados da Ásia e também os da África continuarão em expansão; haverá forte demanda pela produção de biocombustíveis; e a depreciação da taxa de câmbio será uma constante”, comentou.

Visão do consumidor: o Fórum Abag Estadão— Alimentos também mostrou a importância de estar atento ao ponto de vista do consumidor, que está cada vez mais interessado em conhecer a procedência do alimento, as informações sobre plantio, práticas adotadas, processamento, armazenamento, embalagem, entre outros. “Houve uma mudança no comportamento do consumidor. A tecnologia está viabilizando uma grande melhora de sua experiência, contribuindo para uma transformação na forma como ele compra o alimento”, disse. “Em supermercados, você pode ver que o consumidor está fazendo fotos dos QR codes para obter informações sobre a origem do produto. Em algumas carnes, ainda é possível conhecer informações sobre o abatedouro, a criação, a raça do gado, entre outros. Assim, a rastreabilidade torna-se um ponto importante para as empresas do segmento”, complementou Sergio Alexandre, sócio da PwC.

O executivo ressaltou o papel das redes sociais para resolver problemas, perceber tendências e ter uma maior aproximação com o consumidor. Outro ponto abordado foi a questão de visão fim a fim do consumidor para que ele tenha a clareza e o conhecimento da origem do produto e de todo o processo até sua chegada nas prateleiras dos mercados. “Hoje, o consumidor está olhando para o futuro e para as tecnologias, mas ele está presente, esperando ajudar e contribuir para obter produtos melhores”, enfatizou.

Para o diretor-geral do Instituto de Tecnologia de Alimentos(Ital), Luis Madi, os vários estudos desenvolvidos pelo instituto, que avaliam o comportamento do consumidor, revelam que a indústria de alimentos precisa ficar atenta e se comunicar melhor. “As marcas e os produtos precisam refletir os novos valores do consumidor. Ele quer ser melhor informado sobre os alimentos que consome e ter respostas mais rápidas”, afirmou o palestrante.

Outro ponto destacado pelo diretor -geral do Ital foi a necessidade da agroindústria brasileira trabalhar no sentido de agregar maior valor aos produtos alimentícios. Na avaliação de Madi, o setor também precisa atuar no sentido de reconquistar a confiança do consumidor. Segundo ele, uma recente pesquisa feita nos Estados Unidos, apenas 7% dos consumidores americanos confiam nas informações fornecidas pela indústria alimentícia na hora de escolher um novo produto. “Acreditamos que a situação de desconfiança não seja diferente no Brasil, onde o consumidor prefere confiar mais numa indicação feita pelos amigos ou parentes para escolher um novo produto”, finalizou.

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