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14/02/2008 - 11:36

Projeto Bijupirá: peixe produzido no litoral do Brasil para o mundo


Um peixe do litoral brasileiro está prestes a ganhar o mundo, e a ajudar famílias de pescadores a continuar vivendo do mar. Tudo isso vai acontecer por conta do Projeto Bijupirá, uma iniciativa da empresa naval TWB com apoio da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (SEAP), do Governo Federal. O projeto, que se desenvolve em Salvador, na Bahia, e em Ilha Comprida, no litoral sul de São Paulo, deve atender cerca de mil famílias de pequenos produtores ao longo de sua implementação.

O bijupirá ou cobia, como é conhecido fora do Brasil o peixe que dá nome ao programa, não foi escolhido por acaso. As características da espécie, como crescimento rápido e a carne saborosa, foram fundamentais para a decisão. Só para se ter uma idéia, ele pode alcançar até seis quilos em um prazo de 8 a 12 meses, tempo considerado curto por especialistas.

São várias as fases de sua criação: no primeiro momento, peixes em idades de reprodução ficam alojados em tanques de maturação, que abrigam de seis a oito peixes reprodutores cada. Após a desova, os ovos eclodem, dando origem a larvas que se desenvolvem por cerca de 45 a 60 dias dentro do laboratório até que atinjam o estágio de alevinos, que são os bijupirás jovens. Somente então os peixes, já em idade juvenil, podem ser transportados aos tanques– rede em alto-mar, quando acontece o período de engorda, que leva de 8 a 12 meses. Em Ilha Comprida, o projeto está na fase de larvicultura e alevinagem - e a previsão é que até a segunda metade de março os alevinos sejam levados para os tanques.

O projeto tem seu lado social evidenciado na participação das famílias das comunidades pesqueiras das regiões onde será instalado. Através de tanques-rede de dimensões mais apropriadas ao pequeno produtor e o acesso aos alevinos, espera-se uma contribuição efetiva para o projeto estimada em até 70% do montante produzido em cinco anos. A possibilidade de geração de mão-de-obra qualificada, emprego e renda construirá uma nova realidade para as comunidades pesqueiras tradicionais. Na região de Ilha Comprida, por exemplo, a empresa já desenvolve programa de comunicação social e palestras sobre aqüicultura.

Espera-se uma grande produção de peixes por parte da TWB e da rede de produtores integrada ao projeto, que terá como destino principal o mercado externo, principalmente Estados Unidos e Europa, rompendo uma nova fronteira da economia brasileira ainda tão incipiente: a aqüicultura marinha.

O projeto já deu a partida: no próximo mês, inicialmente, seis tanques-rede funcionarão a 8 milhas da costa de Ilha Comprida e produzirão 1.000 toneladas/ano. Mas o projeto tem amplitude muito maior. Pretende-se nos próximos cinco anos chegar a 100 mil toneladas/ano com os investimentos programados pela TWB na Bahia, a fim de atender mercados que hoje clamam por produtos em quantidade e qualidade que somente este tipo de empreendimento proporciona: principalmente o europeu e o norte-americano. Em um segundo momento, pretende-se também atender o mercado japonês. Tudo com peixe fresco, através de logística aérea. Para tanto, serão necessários, para todo o projeto, investimentos superiores a 500 milhões de reais.

Especialistas confiam na piscicultura marinha como ferramenta para aumento de produção - Projetos como o Bijupirá têm o apoio e a confiança de quem se dedica ao assunto. Um exemplo é o diretor do Departamento de Pesca e Aqüicultura da Universidade Federal Rural de Pernambuco, professor Fábio Hazin.

Durante os quatro anos que está à frente do departamento, ele tem se esforçado para levar adiante projetos de piscicultura marinha, como é o caso do Bijupirá. “Estou absolutamente convencido de que esse é o grande caminho, não só para ampliação das exportações brasileiras de pescado, mas para o aumento da oferta interna e conseqüentemente do consumo”.

Hazin diz ver essa iniciativa como um modelo a seguir, e que pode ser empregado em várias regiões do País. “Tomando-se os devidos cuidados com a sustentabilidade ambiental e com responsabilidade social, a aqüicultura pode trazer excelentes resultados para o Brasil, que está entre os países com melhores condições geográficas e climáticas. A grande expectativa é que essa idéia se consolide, facilitando a disseminação da atividade não só entre outras empresas, mas, principalmente, entre pequenos produtores e comunidades locais”.

Outro especialista, Daniel Benetii, professor associado e chefe da Divisão de Assuntos Marinhos e Aqüicultura da Universidade de Miami, também se mostra bastante otimista. Ele conhece de perto o projeto e acredita que tem todas as características para dar certo. “O bijupirá é um peixe de grande potencial para a piscicultura marinha, tanto industrial quanto artesanal, com os pescadores da cidade. E conta ainda com o fato de o laboratório de Ilha Comprida ser um dos mais modernos do mundo”.

Para Benetti, a união entre a tecnologia de produção e as condições favoráveis à piscicultura marinha que o Brasil possui representam uma grande vantagem no mercado internacional. “O Bijupirá conta com as técnicas mais avançadas, mão-de-obra local qualificada e treinada por especialistas. Além disso, é viável econômica e ecologicamente, pois não agride o meio ambiente. É um projeto muito bem pensado”.

A inauguração oficial do Laboratório Nacional de Aqüicultura Marinha (Lanam), será no dia 15 de fevereiro (sexta-feira), no bairro Boqueirão Sul, em Ilha Comprida, litoral sul de São Paulo.

Na solenidade estarão presentes o prefeito da cidade, Antonio Márcio Ragni de Castro Leite, o ex-ministro da pesca, José Fritsch, o atual ministro, Altemir Gregolin, autoridades locais e o presidente da TWB, Reinaldo Pinto dos Santos.

Durante a inauguração, além do laboratório, será apresentado o Projeto Bijupirá, que será o primeiro grande projeto a ser abrigado no mesmo local.

Ao todo, são 1.800 metros quadrados construídos para o laboratório, que conta com cerca de 30 profissionais, quatro tanques com capacidade de 60 toneladas de água para maturação, 12 tanques de 25 toneladas e 12 tanques de 12 toneladas cada para larvicultura, além de tanques menores de fibra para cultivo de alimento vivo, microalgas e moluscos.

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