Dinâmica de hidratação de ciclistas será atração para o público no evento-teste de domingo do ciclismo de estrada

Se os 80 ciclistas que estarão no evento-teste do ciclismo de estrada no dia 16 de agosto(domingo), não se hidratarem corretamente, podem perder até 400 litros de água pelo percurso que sai do Posto 5 de Copacabana e vai até a praia de São Conrado. Não é o caso, porque a hidratação é fundamental para os atletas, que recebem isotônicos individualmente, em vários momentos ao longo do trajeto, em uma operação logística que certamente será um atrativo a mais para o público acompanhar.

A primeira expectativa da equipe brasileira que participará do evento-teste será conhecer a parte do trajeto que será utilizada nos Jogos Olímpicos Rio 2016, mas também sentir a participação do público, diz Francisco Cusco, diretor de Alto Rendimento da Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC).

Para o treinador Adir Romeu, que fará o reconhecimento do trajeto de carro no dia 15 de agosto(sábado), para desenvolver um perfil técnico da prova é fundamental observar aspectos climáticos, de temperatura, umidade, vento, variações de altitude e de piso, comportamento de adversários e sua qualidade técnica (muitos estarão no Brasil pela primeira vez, e sob efeitos de fuso horário contrário). Tudo isso, para ir traçando a estratégia que será utilizada no evento-teste mas, principalmente, nos Jogos Olímpicos.

Soltar as pernas: “Vamos dar uma volta em marcha leve, para soltar as pernas. Fazer uma ‘oxigenação’, como dizemos. Depois, eles têm um sono de tarde, um lanche e um bom sono à noite, para a prova de domingo”, contou Adir.

Pelo Brasil, no domingo a equipe brasileira terá Rafael Andreatto, Cristian Egídio Rosa, Antônio Garneiro, William Chiarello e João Marcelo Gaspar. O grupo, segundo o diretor de Alto Rendimento, está “ansioso para sentir o ambiente do Rio, a receptividade das pessoas”.

Nos Jogos Olímpicos, serão 241,5 quilômetros de percurso na prova masculina. Normalmente uma corrida no ciclismo de estrada se define no último terço, chamada de zona de impacto, como explica o técnico Adir, quando os ciclistas “sprintistas” (apoiados por todos de cada equipe) escapam do pelotão e se define a estratégia do fim da prova.

No evento-teste, os atletas deverão estar nessa fase quando a prova terminar, em São Conrado. Ainda assim, vários fatores poderão ser analisados, com relação à dinâmica de comportamento de cada ciclista, como níveis de fadiga, que são enviados para análise de especialistas em ciências do esporte, da CBC ou do Comitê Olímpico do Brasil (COB).

A dança das caramanholas —Para o público, uma das atrações da prova é a hidratação dos ciclistas. Cada equipe tem um carro de apoio, onde vão técnico, mecânico e uma geladeirinha recheada de caramanholas (as garrafinhas). Por sorteio, cada carro tem um número e por ele é chamado por um comissário, da arbitragem, para o abastecimento dos atletas, sempre em movimento.

A dinâmica é interessante, porque ciclistas de determinadas equipes também levantam o braço, pedindo para ir ao carro de apoio buscar as garrafinhas – que além de ser individualizadas, são providas com líquidos específicos para cada momento da prova, de cada um. Esse é o ciclista encarregado, que leva as garrafinhas dos companheiros na própria camiseta (ali também se carregam barras de cereal e de gel, às vezes uma banana ou um lanchinho).

Toda essa movimentação se dá rapidamente, com muita precisão logística entre arbitragem, técnicos em carros de apoio e as equipes que formam o pelotão.

Esses líquidos são para hidratação muscular, para evitar ao máximo a perda de hidrólitos (sais minerais). Mas os atletas também não podem beber muita água porque perdem muito sal e sofreriam com câimbras. E a geladeirinha é porque líquidos gelados são absorvidos mais rapidamente pelo organismo.

“É como se fosse um circo em movimento, correndo, com todo mundo raciocinando ao mesmo tempo”, diz o técnico brasileiro.