Indústria de óleo e gás em destaque na ABM Week

Evento realizado no Riocentro será realizado até o dia 21 de agosto(sexta-feira].

Rio de Janeiro—Considerado o maior evento técnico-científico da América Latina nas áreas de metalurgia, materiais e mineração, a ABM Week deu destaque à Indústria de Óleo e Gás em seu terceiro dia de realização. Uma plenária máster sobre o tema reuniu renomados especialistas da Europa, América do Norte e Ásia e representantes da indústria brasileira para tratar dos grandes desafios dos produtores de materiais metálicos para aplicação na indústria de óleo e gás.

Coordenada pelo gerente de Desenvolvimento Tecnológico da CBMM, Marcelo Carboni, a plenária contou com a participação do chinês Cheng-jia Shang, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Pequim, especialista em soluções inovadoras para uso de materiais na indústria chinesa, dos engenheiros de equipamentos Ilson Palmieri Baptista e Carlos Rodrigo D´Ávila, ambos da Petrobras, do diretor de Qualidade da ArcelorMittal México, Jorge Nieto Morales, além de Cesar Afonso Weis Olea, engenheiro sênior do setor de Laminação Automática da Vallourec Tubos do Brasil, de Volker Schwinn, diretor de P&D da Divisão de Design de Chapas e Estruturas Offshore da Dillinger Hütte, e Ricardo Miranda Alé, especialista de Produto da gerência-geral de atendimento ao Cliente da Usiminas.

Segundo Marcelo Carboni, o encontro foi dividido em três momentos: o primeiro, para entender quais as demandas e desafios do setor; o segundo para apresentar o que o mundo está fazendo na indústria de óleo e gás; e o terceiro para mostrar o que já temos em operação e desenvolvimento no Brasil. " Diante de todas as tecnologias disponíveis e da demanda atual, pudemos hoje entrar em contato com o que há de mais moderno no mundo e situar o Brasil nesse cenário", disse Carboni.

O desenvolvimento de materiais para os projetos do Pré-Sal foi o tema das apresentações de dois representantes da Petrobras. O engenheiro de equipamentos Ilson Palmieri Baptista explicou de que maneira a empresa vem atuando para lidar com as variáveis e complexas condições para a exploração na região do Pré-Sal. Nesse sentido, Palmieri destacou o contínuo desenvolvimento de novos materiais, capazes de resistir à corrosão, fadiga, pressão e diversas características da água. "São condições que apresentam muitas variações e as características da água vão nos guiar na seleção do material adequado para tubulação de poço, linhas flexíveis e rígidas e top side", explicou". Palmieri lembrou que, em 2008, não se tinha muito conhecimento do Pré-Sal e que estudos aprimorados fizeram surgir uma nova metalurgia. Os materiais de tubos para óleo e gás também foram tema da apresentação de outro representante da estatal, Carlos Rodrigo D´Ávila, que detalhou as características dos aços micro-ligados necessárias para suportar os meios agressivos dos poços do Pré-Sal. Ele também destacou os critérios e normas para a seleção de material offshore. "Nas linhas Flow o custo de produção é muito importante e o aço carbono revestido com elementos orgânicos é uma opção". No caso dos Risers, usa-se o conceito de competição entre o rígido e o rígido flexível. Vai depender do projeto", explicou.

Para apresentar o que outras regiões do mundo vem fazendo em relação à indústria de óleo e gás, a plenária contou com a participação de Jorge Nieto Morales, diretor de Qualidade da ArcelorMittal México. Engenheiro mecânico com mais de 25 anos de experiência na indústria siderúrgica, já atuou em vários países, como Malásia, Romênia e República Checa. Nieto deu destaque ao desenvolvimento de aço de baixo manganês e muito baixo manganês para tubulações em ambientes naturalmente corrosivos. Ele mencionou o trabalho em colaboração com a CBMM para o desenvolvimento desse tipo de aço, ressaltando os resultados muito bem sucedidos, com alta qualidade, condições muito limpas e excelente performance para o produto final.

Já o alemão Volker Schwinn, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Divisão de Design de Chapas e Estruturas Offshore da Dillinger Hütte, apresentou o estado da arte na produção de chapas grossas para fabricação de tubulações na Dillinger, usina que é importante referência mundial neste setor. Volker Schwinn destacou a necessidade de redução de diâmetro e aumento de espessura nas tubulações de águas profundas e as consequências da deformação a frio no assentamento desse tipo de tubulação. Como exemplos das condições adversas e da aplicação de placas produzidas pela usina, Volker citou uma região do Mar Báltico, ao Norte da Suécia, onde a tubulação chega a medir 1224 km, sendo considerado o maior tubo submarino do mundo. Dos dois milhões de toneladas de placas de aço usadas nessa estrutura, metade foi feita pela Dillinger O diretor lembrou, ainda, das baixas temperaturas que tiveram de ser consideradas para um projeto na região da Rússia."A temperatura da região atinge 67 ° negativos", explicou.

Um dos destaques da Plenária foi a presença de Cheng-jia Shang, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Pequim, que falou sobre o desenvolvimento de aços de alto desempenho para tubulações, usando o conceito HTP (High Temperature Process) na China. Cheng-jia Shang apresentou o desenvolvimento da tubulação nas últimas décadas em seu país, desde o primeiro estágio, a partir da década de 1950, quando ainda havia muita importação, passando pelo segundo estágio, com aplicação de pesquisa e desenvolvimento e uso do aço X70. No terceiro estágio desse processo de desenvolvimento, surgiu a aproximação com tubulações com aço de alta performance,. "Em 2005 o conceito de HTP foi introduzido na China e , em 2007, empresas como a Boostell e Sha Steel foram pioneiras no desenvolvimento de baixo carbono", lembrou.

"Depois de muitos anos de pesquisa chegamos aos aços multifásicos X70 e X 80 e para a próxima geração de projetos de tubulação teremos o X90 e X100", concluiu.

Cesar Olea, engenheiro sênior do setor de Laminação Automática da Vallourec Tubos do Brasil, apresentou toda a estrutura da empresa e sua forma de atuação na área de qualidade, pesquisa e desenvolvimento.

Hoje, a Vallourec reúne 500 engenheiros e técnicos em Pesquisa e Desenvolvimento e conta com 10 centros de pesquisa. Em 2014, investiu 95,7 milhões de euros em P&D, tendo 22 novas patentes registradas no período. "Dentro dos desafios do Pré-Sal, trabalhamos para entregar com agilidade conexões de última geração e materiais de alta resistência", ressaltou. Um outro exemplo para demonstrar o que o país já tem em termos de desenvolvimento para a indústria de óleo e gás foi dado pelo engenheiro metalurgista Ricardo Miranda Alé, especialista de Produto da Gerência-Geral de Atendimento ao Cliente da Usiminas.

Para falar sobre aços de alta resistência mecânica para utilização em dutos resistentes ao serviço ácido, Olea destacou o X65 Sour Service, fornecido pela Usiminas e aplicado no projeto Rota 3 offshore, que liga a Bacia de Campos ao Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). O projeto bem sucedido foi feito em conjunto com a Petrobras e a Tenaris. "Hoje estamos capacitados a fornecer produtos de alto valor agregado. O X65 é um projeto real e já iniciamos o desenvolvimento do X70 HIC", completa.

Uma realização da Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM), a ABM WEEK 2015 acontece de 17 a 21 de agosto(segunda a sexta-feira), reunindo especialistas nacionais e internacionais reconhecidos mundialmente nas áreas representadas pela ABM. A expectativa da organização é reunir cerca de três mil pessoas da indústria e da academia durante uma semana de evento.

Esta é a primeira vez que a ABM realiza simultaneamente, no mesmo local, seus 12 tradicionais eventos. A ABM Week reunirá 13 áreas vitais da cadeia produtiva: o 70º Congresso Anual da ABM, o 52º Seminário de Laminação, o 46º Seminário de Aciaria, o 45º Seminário de Redução, o 16º Simpósio de Minério de Ferro, o 3º Simpósio de Aglomeração, o 34º Seminário de Logística, o 36º Seminário de Balanços Energéticos, o 30º Encontro de Gases Industriais, o 19º Seminário de Automação & TI, o 15º Enemet - Encontro Nacional de Estudantes de Engenharia Metalúrgica, de Materiais e de Minas e o 6º Seminário de Trefilação, além do 12º Seminário Brasileiro de Aço Inoxidável, em parceria com a Abinox – Associação Brasileira de Aço Inoxidável.

. [ABM Week, de 17 a 21 de agosto de 2015 (segunda a sexta-feira), no Riocentro - Pavilhão 5, Av. Salvador Allende 6555 - Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Informações e inscrições: http://www.abmbrasil.com.br/abmweek2015].