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03/09/2015 - 08:44

Diálogos Energéticos: é possível gerar sua própria eletricidade?

Nesta semana, o WWF-Brasil promoveu o segundo seminário da série Diálogos Energéticos, desta vez com o tema Geração de Energia Sustentável Descentralizada: potencial e novos mercados. O encontro, realizado no SP Center, em São Paulo, contou com a presença de mais de 90 pessoas entre representantes de empresas, organizações da sociedade civil, governo e indivíduos, cada vez mais interessados em gerar sua própria energia. Além disso, quase 400 pessoas participaram da transmissão online durante o período, inclusive enviando perguntas.

De acordo com André Nahur, coordenador do Programa de Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil, as discussões deste segundo encontro evidenciaram ainda mais a importância da geração de energia sustentável e a necessidade urgente de modificar a matriz energética brasileira, “deixando de lado opções poluentes e perigosas, como as fontes baseadas em combustíveis fosseis e nuclear”. "Esse encontro reforça a necessidade de incentivar a produção de energia limpa distribuída, que não requer extensas linhas de transmissão e distribuição e ainda incrementam as economias locais", diz ele.

Destaques do evento - O superintendente de Conservação do WWF-Brasil, Mario Barroso, inspirou os presentes ao relatar que há alguns anos já gera sua própria energia por meio de painéis fotovoltaicos. “Minha casa foi uma das primeiras de Brasília a incorporar o sistema. Pela internet, acompanho a quantidade de energia que estou produzindo”, comentou.

Na primeira parte do encontro, chamada de Conversas Inspiradoras, o convidado internacional Mark Senti, presidente da AML Superconductivity e que há 25 anos trabalha nas áreas de inovação e tecnologia, falou sobre as características da supercondutividade, um fenômeno que diminui e até mesmo elimina a resistência da corrente elétrica, o que evita perdas de energia, culminando em maior eficiência, menores custos e processos mais sustentáveis.

Mark fez uma análise da matriz energética brasileira em comparação a outros países e falou sobre o potencial da supercondutividade melhorar o desempenho da microgeração de energia: “É preciso gerar e armazenar energia, mas também é preciso desenvolver tecnologias lucrativas e que ganhem escala”, disse Senti, acrescentando que “qualquer tipo de negócio, se não for sustentável, é difícil de implantar".

Mauro Passos, presidente do Instituto Ideal, trouxe aos presentes exemplos dos projetos que sua organização desenvolve para disseminar a ideia sobre energias renováveis junto aos jovens, incentivando pesquisas acadêmicas nos países da América Latina. Segundo ele, “tudo o que é novo enfrenta resistência e com energia renovável não seria diferente”, porém “é factível pensar em uma América sem o uso de carbono, por meio da energia solar”.

Para fechar o ciclo Conversas Inspiradoras, Pedro Sirgadofalou sobre o trabalho do instituto EDP, empresa portuguesa de energia que atua no Brasil e, entre outras ações, age junto a outras organizações para levar luz a comunidades isoladas. Segundo ele, apesar de muitos países, como o Brasil, possuírem boas características para geração de energia renovável, ainda há inúmeros locais sem acesso a eletricidade. “Hoje, no mundo, 1,2 bilhão de seres humanos não têm luz em casa", comenta Sirgado, que destacou a enorme potencialidade brasileira para geração solar e eólica. “Em Portugal, eu ficava feliz quando encontrava algum lugar com 1.900 horas de vento/ano para gerar energia eólica. No Brasil, há 4.500 horas de vento/ano!”.

Legislação e Incentivos —Na sessão de debates nacionais, Fábio Rosa (diretor executivo do IDEAAS e presidente da Renove), Marco Aurélio Lenzi Castro (especialista em regulação da ANEEL), Nelson Fonseca Leite (presidente da Associação Brasileira das Distribuidoras - Abradee) e o deputado Pedro Uczai (presidente da Frente Parlamentar em Defesa das PCH's e da Microgeração de Energia) falaram sobre as políticas e os desafios para o desenvolvimento da microgeração de energia no Brasil, sob a mediação de Paulo Rocha (Kuerã Projetos Sustentáveis). Na mesa, foram citadas diferentes formas de incentivo de microgeração e o grande potencial de que ela seja uma fonte de renda para a população.

“Na Europa, o governo apostou no financiamento. Nos Estados Unidos e em outros países, o modelo escolhido foi a possibilidade de vender o excedente às concessionárias. Há diversos caminhos. O Brasil só precisa definir qual deles deseja seguir”, comentou Pedro Uczar, defendendo que o consumidor deva ser remunerado pelo excedente de energia que produz “as distribuidoras compram energia de todo mundo. Por que só o pequeno produtor não pode receber pela energia que produz?”.

Fabio Rosa, cujo trabalho no IDEAAS busca levar energia solar para pessoas de baixa renda, lembrou que no Brasil há 1,2 milhão de minifúndios e que a microgeração conectada poderia ser um produto dos pequenos produtores rurais.

Enquanto Marco Aurélio trouxe dados da Aneel que mostram um crescimento exponencial de mini ou microgeradores incentivados pela Resolução Normativa 482/12, que permite o envio de eletricidade excedente à rede elétrica, (“a cada seis, sete meses, estamos dobrando os geradores pela RN482"), Nelson Leite levantou a necessidade de financiamentos a juros baixos e mais incentivos para o consumidor: “microgeração é um bom negócio, mas o consumidor não quer investir R$20 mil para economizar conta de luz".

Financiamento —André Nahur, mediou a última mesa do dia, sobre oportunidades de negócios em micro e mini geração de energia. Participaram do debate Luis Otávio Colaferro (sócio diretor da Blue Sol Energia), Paula Scheidt (gerente de projetos da GIZ) e Ruben Agullo Pomares (diretor técnico da Effitech).

De acordo com Paula, o desconhecimento é principal desafio para a ampliação da geração de energia descentralizada no país. “É preciso fazer com que a população saiba que existe uma lei que permite que você conecte sua energia gerada ao sistema. O consumir ainda não está acostumado a esse modelo em que pode gerar sua própria energia", comenta.

Ruben Pomares, da Effitech, afirmou que atualmente a energia solar já custa menos do que a que pagamos na conta de luz em cinco estados do país. “O único investimento é o custo de implantação. Se o governo inserir sistemas fotovoltaicos em normas de edificações isso permitiria diluir o valor em vários anos".

Segundo Luis Colaferro, enquanto não há uma política de desenvolvimento de energia solar, são os pequenos empreendedores que estão puxando esse crescimento do mercado. “É um micro (?) empresário que conta para o vizinho, para o parente e assim o mercado vai ganhando força. A taxa interna de retorno de 15% a 20% é o melhor argumento para o investimento. Nos últimos anos, já treinamos mais de 3.700 pessoas para a instalação de painéis solares no Brasil. Não é à toa que as grandes empresas internacionais estão aqui participando desse debate”, comentou Colaferro.

A mesa de encerramento foi também uma transição para o próximo e último encontro do Diálogos Energéticos, marcado para o dia 28 de setembro e cujo tema será Investimento de Impacto em Energia: financiamento e viabilidade financeira. As inscrições estão abertas e sujeitas à disponibilidade de vagas, porém também será possível acompanhar e participar pela internet pelo link [www.wwf.org.br/dialogosenergeticos].

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