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10/09/2015 - 07:32

Governo deve adotar estratégia “mista” de combate à crise, aponta análise da FPA

De acordo com análise do economista Guilherme Mello da Fundação Perseu Abramo (FPA), o governo deve adotar estratégia “mista” de combate à crise: diante da aceleração da recessão no segundo trimestre e da perspectiva de que o terceiro trimestre não apresente recuperação significativa no crescimento e nas receitas fiscais, o governo parece estar se valendo de todas as propostas possíveis para recuperar a credibilidade e o crescimento da economia brasileira. Em primeiro lugar, há evidentes sinalizações de que novos cortes de gastos virão, tanto por pressão política e empresarial, quanto por insistência do ministro da Fazenda, que defende esta estratégia como principal caminho para superação da crise e normalização das contas públicas. Além disso, o governo também irá contemplar aqueles que clamam pelo aumento das receitas, ao sugerir o aumento de alíquota de alguns impostos (Cide, CSLL, criação de novas alíquotas de IRPF), além de estudar a criação de novas formas de tributação (sobre heranças, grandes fortunas e distribuição de lucros e dividendos). Por fim, o governo deve atender também o desejo dos campos progressistas de ampliar os investimentos em infraestrutura, ao acelerar o processo de concessão de rodovias, ferrovias e diversas outras obras, mesmo que com taxas de retorno muito superiores ao desejável. A manutenção de um câmbio desvalorizado também pode servir como arma para a superação da crise no médio prazo, assim como um eventual rebaixamento das taxas de juros no ano que vem, quando se confirmar a desaceleração da inflação.

Comentário do analista: “O debate público atual apresenta um conjunto diverso de estratégias para a superação da crise: desde os “ortodoxos radicais”, que receitam volumosos cortes de gastos e fim dos direitos sociais representados pela Constituição de 1988, passando pelos “novo-desenvolvimentistas”, que defendem o crescimento via exportação, através da manutenção do câmbio desvalorizado, chegando aos “social-desenvolvimentistas”, que apostam na retomada do crescimento através da recomposição do investimento público em parceria com o setor privado (em particular na área de infraestrutura social e urbana) e na necessária redução dos juros. O governo não possui hoje a força política necessária para arbitrar as diferentes estratégias, optando prioritariamente por uma em detrimento das demais. Desta maneira, procura coadunar estratégias muitas vezes antagônicas, dando sinalizações para todos os lados da disputa e procurando cooptar apoiadores em todos os campos. O sucesso desta estratégia “múltipla” dependerá de sua capacidade em reestabelecer uma trajetória mínima de crescimento e de superar a atual dificuldade fiscal, sem com isso aumentar a inflação ou debilitar demasiadamente a estrutura de proteção social e serviços públicos. A prevalência na grande mídia da opção ortodoxa pelo ajustamento recessivo apenas revela o tamanho da ofensiva conservadora sobre um governo progressista, com o objetivo de inviabilizar qualquer chance de retomada de novas formas de desenvolvimentismo no futuro. O governo, por ainda se sustentar sobre uma base de esquerda e progressista, não pode optar pela estratégia conservadora como um todo, sob o risco de se inviabilizar politicamente e desconstruir o legado que levou 12 anos para erigir”, conclui Mello da FPA.

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