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14/02/2008 - 12:45

É possível qualidade de vida nas grandes metrópoles

Melhorar a qualidade de vida é essencial para manter mão de obra qualificada nas grandes metrópoles.

Para algumas pessoas, qualidade de vida é trabalhar numa boa empresa - uma multinacional de preferência – conquistar um cargo gestor; liderar equipes; ser convidado para almoços executivos em hotéis cinco estrelas, onde os negócios estão no cardápio; um bom salário; desfrutar de bons restaurantes, espetáculos teatrais, freqüentar operas, shows internacionais em salas “bem reservadas”, entre outros.

Por outro lado, para algumas outras pessoas, qualidade de vida é completamente diferente do que foi descrito acima. Trabalhar numa boa empresa, é fato; ganhar um excelente salário, também – quem não quer? Apesar de alguns abrirem mão por outros benefícios - ter horários fixos para entrar e sair, almoçar todos os dias no mesmo horário; morar perto do trabalho, como forma de evitar os grandes congestionamentos; poder chegar em casa cedo e jogar uma partida de videogame com o filho, ou trocar alguns passes de bola com ele na quadra do condomínio; estar de folga em todos os finais de semana, etc, etc.

Para outros, qualidade de vida é fugir dos grandes centros cosmopolitas buscando áreas mais periféricas ou até cidades mais próximas. Vão morar em grandes condomínios residenciais fechados onde podem oferecer a seus filhos segurança, liberdade de poder correr pelas ruas, andar de bicicleta, soltar pipas, além de toda a infraestrutura de lazer oferecida pelo empreendimento. Porém, apesar de buscar a tranqüilidade fora, não há o desvínculo dos grandes centros urbanos porque ali está sediado o seu escritório, a sede da empresa onde trabalha e também, onde os negócios acontecem. É um casamento inseparável. Ele consegue fugir temporariamente mas não consegue o desvínculo total. Diariamente ele enfrenta longos congestionamentos pelas rodovias que dão acesso à grande metrópole para ir ao trabalho e também para levar os filhos à escola. Nos grandes conglomerados condominiais ainda não foi possível a implantação de uma estrutura educacional para atender aos filhos dos moradores com boas escolas ou cursos.

Um dos objetivos pela busca da qualidade de vida é a fuga do stress. A Organização Mundial de Saúde define o stress como epidemia global. Há pouco tempo, um estudo feito pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), com 1.800 pessoas com atividades distintas, indicava um grande número de executivos com problemas de saúde. 32% dos entrevistados apresentavam sintomas de stress que mereciam atenção médica. Estudos da General Motors nos EUA, num passado recente, mostravam que a empresa gastava mais com despesas médicas e perda de produtividade causadas pelo stress do que com o aço que comprava para seus automóveis.

Grandes empresas, principalmente multinacionais, pensando na qualidade de vida de seus profissionais e reconhecendo a importância e a valorização do capital humano dentro da corporação, pensaram em soluções para minimizar os distúrbios emocionais que chegam a afastar os profissionais das atividades, prejudicando a produção. Implantação de academias dentro do espaço físico da empresa; adequação das horas de trabalho; ginástica coletiva; áreas de lazer utilizadas em horários intercalados ao trabalho; massagens; programas coletivos de lazer aos finais de semana para os profissionais e familiares, enfim, alternativas para colaborar com o fim do stress profissional.

Apesar disso, esses benefícios ainda são raros. Poucas são as empresas nacionais que dão importância à responsabilidade social e reconhecem a necessidade do tema para a sustentabilidade da corporação. Infelizmente, para muitos gestores, investir em qualidade de vida do funcionário é um gasto desnecessário.

Um dos grandes problemas dos centros cosmopolitas, apontados como um dos responsáveis pelo stress da população, é o trânsito. Em São Paulo, por exemplo, às vezes perde-se cerca de quatro horas em megacongestionamentos, diariamente entre a ida e a volta do trabalho. A coisa é tão feia que, até uma rádio especializada em trânsito foi criada para informar caminhos alternativos aos motoristas.

No começo deste mês de dezembro, uma revista de grande circulação no país trouxe uma matéria falando que as grandes metrópoles do mundo, entre elas São Paulo, mesmo não sendo capitais de seus países, são os centros de decisão do mundo capitalista. São cidades que regem o comportamento urbano em todo o mundo. Nelas estão instalados os principais núcleos corporativos do planeta que geram, segundo uma pesquisa de uma grande consultoria internacional, quase US$10 trilhões, cerca de 16% do produto bruto do global.

São números tão macro que ninguém imagina a importância de um profissional nesse contexto. A cadeia, a grosso modo, é a seguinte: o profissional dentro da empresa, que está dentro da cidade, que pertence a um país, que está dentro do continente que pertence ao globo. Se a empresa perde um bom profissional, sua produção também é afetada, o que vai influenciar numa queda de arrecadação tributária ao município. Para o país, a queda da produção diminui a participação do município no PIB, diminuindo assim o crescimento da nação, o que prejudica os negócios globalizados. É muito mais complexo que isso, mas é só para se ter uma idéia.

Algumas cidades estão fazendo de tudo para proporcionar qualidade de vida e evitar a fuga dos profissionais que atuam em empresas sediadas no município.

Metrópoles como Londres e Nova York, além de oferecer atividades de lazer com excelência, investiram pesado em segurança e meio de transporte. São Paulo ainda está muito longe de oferecer a mesma qualidade das duas, mas caminha pra chegar lá. No final de 2007, a Câmara Municipal da maior metrópole do país, aprovou em primeira votação, um projeto de lei que poderá tirar 50% da frota de veículos das ruas em horários de pico, através de um sistema de rodízio. É uma medida interessante para desafogar o tráfego urbano. Por outro lado, a aprovação da lei, isoladamente, pode prejudicar ainda mais o que se objetiva, a qualidade de vida. É que ainda não há um sistema de transporte público eficiente e suficiente para atender às necessidades de toda a população de forma satisfatória.

São Paulo é o mais importante centro econômico-financeiro da América Latina e a principal cidade do hemisfério sul para tomadas de decisões corporativas. Por isso é tão importante melhorar a qualidade de vida e manter a mão de obra qualificada nesta grande metrópole.

. Por: Reinaldo Gomes, jornalista.

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