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15/02/2008 - 09:50

CMDC: Cidadão também ajuda a construir o futuro das cidades

Painel da ONU sobre Engajamento Cívico para Governança Urbana e Desenvolvimento Inclusivo: Oportunidades e Desafios. Esse foi o título do primeiro grande painel na Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento de Cidades. Participaram da mesa o representante oficial do escritório regional para a América Latina e o Caribe do UN-Habitat, Alberto Paranhos; o responsável pelo Programa das Nações Unidas sobre Administração Pública, Finanças e Desenvolvimento, Guido Bertucci; o prefeito de Villa El Salvador (Perú), Jaime Zea Usca; o prefeito de Otavalo (Equador), Mario Conejo; o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça e o conselheiro da Organização das Nações Unidas para assuntos de Governança Socio-econômica no Secretariado da ONU, em Nova York, Jonas Rabinovitch.

O evento buscou apresentar exemplos de cidades que aliaram o trabalho entre cidadãos e poder público para promover o crescimento das mesmas. Villa El Salvador, no Perú, é um exemplo. O município fica no meio do deserto, a 20 quilômetros da capital Lima. Segundo o prefeito Jaime Zea Usca, uma frase era muito utilizada durante a construção da cidade: “Porque não temos nada, tudo deve ser feito”. Desde o início do processo, em 1971, a população mais humilde traçou planos de desenvolvimento. O último foi criado em 2003 com perspectivas para 2021. Hoje, depois de muitos investimentos, a região tem uma área industrial com 1.200 micro e pequenas empresas, gerando 17 mil empregos.

No caso de Porto Alegre, o prefeito José Fogaça fez relatos sobre o Orçamento Participativo. O objetivo do projeto é permitir que a população defina como e onde serão aplicados parte dos recursos do município. E para somar forças à iniciativa, o governo criou o Programa de Governança Solidária Local. Fogaça explica que “tão importante quanto cobrar soluções é aprender a propor alternativas de desenvolvimento para a cidade”. A idéia é que os porto-alegrenses contribuam através de seus conhecimentos, habilidades e propostas para construir um futuro melhor para a capital gaúcha.

Encontro encerra com críticas ao sistema atual de ensino - Cidades, Globalização e Localização: a emergência de cidades transnacionais como novos atores locais no mundo globalizado. Esse foi o título da palestra que o japonês Kenichi Ohmae proferiu para encerrar o primeiro dia da Conferência Mundial sobre Desenvolvimento de Cidades. As atividades reuniram mais de sete mil pessoas no Centro de Eventos da PUCRS, em Porto Alegre.

Ohmae deu uma verdadeira aula para quem acompanhou a conferência da noite da CMDC. Segundo ele, um país se constitui a partir da soma do capital humano, ou seja, da formação de seus habitantes. Por isso, Ohmae é a favor de uma reforma geral no sistema de ensino. “A educação não deve ser feita através do modelo existente”, condena.

Ele defendeu que o professor reflita sobre todas as perguntas junto ao aluno, em vez apresentar as respostas diretamente. Ohmae explica que isso encoraja as pessoas a debater diferentes pontos de vista e ouvir os outros é mais importante do que ser inteligente.

Outro ponto polêmico é a famosa cola. Quem nunca fez isso? Para a surpresa de muitos, Kenichi é a favor dessa prática. “Afinal, porque temos que lembrar de tudo se os chips são tão baratos?”, provoca.

Nas escolas de administração, os estudos de caso são muito comuns, mas, às vezes, esse trabalho leva nove meses para ser finalizado. Para Ohmae, esse tempo é inaceitável numa época em que tudo se move tão rápido. “A capacidade de reflexão instantânea é fundamental”, argumenta.

Ohmae é um dos principais estrategistas do mundo em negócios e corporações. Não é por outro motivo que ele foi conselheiro do primeiro-ministro japonês, Nakasone. Atualmente, Ohmae atua como professor de Políticas Públicas na Escola UCLA, nos Estados Unidos. Doutor em engenharia nuclear pelo Massachusetts Institute of Technology, ele também é reconhecido pelos mais de 100 livros que escreveu. Entre eles: “O fim do estado-nação”, “Além das fronteiras nacionais”, “O poder da tríade” e “O continente invisível”. Como cientista e consultor, sempre esteve atento ao papel que a tecnologia pode desempenhar na quebra de barreiras e às implicações disso para os negócios e a sociedade. O profissional desenvolveu uma série de plataformas em áreas como educação à distância, telentrega de alimentos e num banco de dados para agenda de endereços. O “Air Campus”, que facilita o estudo à distância, e a “Everyday dot-com”, que entrega alimentos usando micro códigos de barras na Internet ou em telefones móveis são dois exemplos.

A CMDC acontece até o dia 16 de fevereiro (sábado), no Centro de Eventos da PUCRS, em Porto Alegre. O evento reúne 500 intelectuais de 30 países para relatar experiências positivas de gestão pública nos municípios. A cada dia, um tema entra em pauta e, para permitir maior foco na abordagem, um comitê científico elaborou 40 perguntas que deverão ser respondidas pelos palestrantes.

Grande Oficina da CMDC discutiu a coesão social e o futuro da Rede URBAL - A primeira grande oficina da Conferência Mundial sobre Desenvolvimento de Cidades, que acontece até o dia 16 de fevereiro no Centro de Eventos da PUCRS, em Porto Alegre, dedicou-se a discutir o futuro  da Rede URBAL, um programa descentralizado de cooperação da Comissão Européia que objetiva a aproximação de cidades, entidades e coletividades locais da América Latina e União Européia, através da troca de experiências de políticas urbanas. E já desenvolveu inúmeros projetos, principalmente os ligados à luta contra a pobreza e os desequilíbrios sociais, a promoção e a proteção dos Direitos Humanos e a da sociedade da informação.

O programa é baseado no intercâmbio recíproco de experiências entre os participantes na busca de benefício mútuo. Para tanto, as cidades apresentam projetos comuns com atividades elaboradas, propostas e postas em prática, de maneira descentralizada. Os participantes se agrupam livremente, segundo suas afinidades, ao redor de um ou vários temas relacionados com a cidade. “Não queremos desenvolver políticas públicas paliativas, mas tratar de coisas estruturais e também subjetivas, como o sentimento de pertencimento, afirma o Diretor de Relações Internacionais da Região Metropolitana de Barcelona e coordenador geral do Observatório de Cooperação Descentralizada da União Européia para a América Latina, Augustín Férnadez de Passols. Mas ele avisa que a participação de cidades de pequeno e médio porte será prejudicada com a diminuição de recursos anunciada para este ano. “É difícil prever o futuro da Rede, mas sabemos que financiaremos poucos projetos”, alerta.

A conseqüência deste corte é lamentável, pois limitará benefícios como os vividos por Montevidéu, na Argentina. “Além do acesso às redes de financiamento, pudemos aprender o que é cooperação descentralizada”, relata a Intendente municipal, Lúcia Hornes.  A URBAL permitiu que a América Latina tivesse diálogo com as cidades européias e estabelecesse com elas uma relação horizontal”, ressalta.

Seu lamento foi acompanhado pelo Secretário de Relações Internacionais de Valparaiso, no Chile, Gustavo Paulsen; pela representante da cidade de Roma Silvia D’Annibale; pelo Secretário de Cultura de Montevidéu, Gonzalo Carambúla  e pelo secretário Geral da Comuna Canária, Departamento de Trânsito da cidade uruguaia de Canelones, Yamandu Orsí, que completaram a mesa.

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