Coaching: uma oportunidade de reflexão e mudança diante da crise

Crise. Essa é uma das palavras-chave de 2015. Está nos jornais, na TV, nas rodas de amigos, no ambiente profissional. E não há como fugir dela: se você está bem empregado, sente os efeitos quando vai ao supermercado ou durante o planejamento da viagem de férias. Se você foi desligado, não está conseguindo se recolocar, está inseguro ou infeliz em sua posição atual, aí as angústias são ainda maiores. E justamente nesse setor —o profissional —é que tenho percebido grandes dilemas e um importante impacto desse atual cenário do nosso país.

São profissionais das mais diversas áreas, de todas as idades, nos mais variados estágios de carreira. Todos aflitos, angustiados com as consequências que esse momento traz para suas trajetórias. Porque elas são muitas, e vão desde os cortes nas verbas das empresas, que minam possíveis promoções e estagnam carreiras, passando pelas pressões (ainda mais intensas agora), até as demissões, que atingiram níveis realmente nunca vistos, incluindo profissionais de alto escalão. Está cada dia mais comum encontrar executivos com currículos invejáveis, com uma excelente formação, e que pela primeira vez estão enfrentando o desemprego. E justamente nesse momento é que surgem as indagações aliadas às pressões: estou no caminho certo? Seria a oportunidade de mudar de carreira? Como voltar ao mercado de trabalho? O que eu faço da minha vida profissional?

Em um mundo com estatísticas alarmantes de estresse, ansiedades, depressões e outras doenças muitas vezes relacionadas ao trabalho, é cada vez maior o número de profissionais que buscam o equilíbrio entre seus valores pessoais, seu estilo de vida e seu desejo de realização. E diante desse incerto cenário, uma ferramenta tem se tornado cada vez mais procurada: o coaching. O coach (profissional habilitado e certificado) e o coachee (cliente) trabalham juntos para traçar metas e definir meios para atingi-las. É uma parceria. Cabe ao coach motivar, orientar e estimular o coachee a trilhar esse caminho, tudo baseado num plano estratégico e eficaz de ação. E esse processo, ao contrário do que muita gente pensa, não é valioso apenas para quem foi demitido e está inseguro em relação ao seu futuro profissional. Ele pode ajudar - e muito! - jovens que estão indecisos com a escolha da carreira, pessoas que querem mudar de profissão, executivos que precisam desenvolver suas habilidades de liderança e até mesmo aqueles profissionais que estão infelizes com seu momento atual.

O processo de coaching traz uma oportunidade de autoconhecimento, pois é um momento para se refletir em relação às aptidões, crenças, bloqueios, paixões. É uma chance não só de reciclar - ideias, conceitos e conhecimento - mas também de desenvolver habilidades e competências, explorar cenários, expandir a consciência, mudar comportamentos e, acima de tudo, encontrar a realização pessoal e profissional. Justamente por todas essas características, não há uma receita: cada um tem um plano de ação personalizado de acordo com seu perfil e objetivos. É a sua meta, seu projeto, seu modelo próprio para chegar lá.

Mas na minha opinião a melhor parte é que as reflexões trazidas por um processo de coaching criam uma espécie de "ciclo de melhoria contínua", em que o profissional passa a sempre se questionar se pode ir mais longe, quais são os próximos desafios, qual o novo foco de dedicação. É o famoso ciclo virtuoso, no qual nos habituamos a traçar metas desafiadoras, planejar como atingi-las, entrar em ação, mensurar e avaliar os resultados e nos motivar para novas conquistas. Sempre!

Como disse Jack Welch: "no futuro, todos os líderes serão coaches". Os profissionais que não desenvolverem as habilidades necessárias para criar esse ciclo virtuoso nas suas vidas e nas dos seus liderados, estarão fadados ao fracasso. Mais cedo ou mais tarde. E se depender do cenário atual do Brasil, infelizmente mais cedo.

. Por: Alessandra Vieira Fonseca, consultora organizacional, instrutora e palestrante especializada em Gestão de Pessoas e Recursos Humanos. Atua na área organizacional desde 1993, é sócia-proprietária da ConsultaRH - Coaching e Treinamentos e coach pela Sociedade Brasileira de Coaching - Executive Coach & Alpha Analist, Personal & Professional Coach e credenciada ao CouchSource (EUA).