Novos estudos para tratamento contra hipertensão são destaque em palestra no Rio de Janeiro

Renomado cardiologista canadense Martin Strauss fala sobre os benefícios gerados por uma classe de medicamentos desenvolvida a partir de estudos brasileiros pioneiros iniciados há mais de cinco décadas e que, hoje, voltam ao centro das atenções entre os estudos clínicos internacionais.

A hipertensão é um problema grave no País, sendo a principal causa de morte cardiovascular entre os brasileiros e atingindo mais de 30% da população adulta, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia. Um dos principais nomes internacionais no tratamento da hipertensão arterial, o cardiologista e professor Dr. Martin Strauss, do Hospital Geral de York do Norte (Toronto - Canadá), realizou no dia 07 de novembro(sábado), no Rio de Janeiro, uma palestra sobre os atuais protocolos para o tratamento anti-hipertensivo. Em visita ao Brasil para uma série de palestras, o especialista apresentou as análises de estudos sobre o emprego de medicamentos da classe dos chamados IECAs – Inibidores da Enzima Conversora da Angiotensina, ressaltando seus benefícios, entre eles a redução da pressão arterial e a redução do risco cardiovascular.

Os inibidores da ECA guardam uma forte relação com o Brasil, uma vez que foram descobertos pelo Professor Emérito da Faculdade de Medicina da mesma universidade, o pesquisador brasileiro Sérgio Ferreira, há mais de 50 anos. Recentemente, inclusive, Sérgio Ferreira foi homenageado com prêmio homônimo durante o Congresso de Cardiologia da SOCESP, realizado em São Paulo. A substância, descoberta a partir do veneno da cobra Jararaca, possui um mecanismo de ação específico, atuando de uma forma que resulta numa vasodilatação e também com ação anti-inflamatória e antitrombótica sobre o sistema circulatório. A partir daí, foi desenvolvida uma classe de medicamentos indicados como primeira linha – uma das opções a serem prescritas após o diagnóstico.

Devido às diversas comprovações de eficácia, proteção e segurança, os IECAs passaram a ser indicados por cardiologistas do mundo inteiro e, atualmente, décadas após sua descoberta, voltam a ser o centro das atenções de estudos clínicos e metanálises internacionais. Um desses estudos, que apresentado pelo Dr. Martin Strauss no encontro do Rio, apontam resultados expressivos, demonstrando que o uso dessa classe de medicamentos reduz o risco de morte cardiovascular em 12%, o risco de um acidente vascular cerebral (AVC) em 22% e o risco de infarto em 17%, além da redução do risco de morte global em 10%.

Para comunidade médica, é de extrema importância o conhecimento de esquemas de tratamento baseados nas melhores evidências científicas. Os IECAs são indicados pelas principais diretrizes de todo o mundo como tratamento de primeira linha na hipertensão arterial. As Diretrizes Brasileiras de Hipertensão também recomendam essas classes de medicamentos por todos os benefícios advindos do seu emprego.

O professor Martin Strauss aproveitou sua vinda ao País para conhecer a sede brasileira dos Laboratórios Servier, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. O encontro reuniu também professores e alunos premiados durante o Congresso da SOCESP, que tiveram a oportunidade de conhecer a linha de produção do laboratório francês e suas principais pesquisas em desenvolvimento.