Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

19/02/2008 - 11:05

Turismo sustentável

1 Introdução

Nesta virada do século, a sociedade humana depara-se com diversas disparidades entre os povos, dentre as quais: a exacerbação da pobreza, da miséria, da fome, das doenças, da violência.

Não se pode negligenciar, também, os problemas que o meio ambiente vem enfrentando, explorado de maneira irresponsável pelo crescimento acelerado das populações, que vão à procura de recursos naturais, de bens materiais e de tudo o que a natureza pode produzir.

Essas disparidades resultam de uma era de intensa industrialização e de um novo modelo econômico, o capitalismo, que mudaram a fisionomia do nosso planeta a ponto de se constituir, ironicamente, numa grande ameaça para a sobrevivência da própria humanidade.

O modelo econômico adotado a partir do século vinte – o capitalismo – gerou inúmeros fenômenos sociais positivos – crescimento, melhoria da renda, da saúde, da educação, etc., mas, em contrapartida, não estava preparada para assistir a um acelerado processo de urbanização, da explosão demográfica e de uma verdadeira “corrida“ para o mar, fenômenos que marcaram a humanidade após o advento da revolução industrial. A preocupação com o econômico levou o Homem a negligenciar o lado social.

Somente agora, a partir do final do século XX, surgem movimentos organizados que, voltados para discutir tais questões, passam a cobrar dos governantes ações efetivas para equacionar os inúmeros problemas sociais, culturais e ambientais que ora estamos vivenciando. As ONGs e associações, formadas com as mais diversas finalidades, exercem uma pressão junto aos meios políticos e sociais e têm conseguido vitórias expressivas para atenuar as enormes disparidades que afligem nações, desenvolvidas ou subdesenvolvidas, em maior ou menor grau, mas sem distinção. Ambientalistas concordam que o crescimento, ilimitado e sem freios, coloca em riscos a sustentabilidade do planeta a longo prazo dado que os recursos da ecosfera são finitos. Neste caso avulta o conceito de desenvolvimento durável, segundo o qual o homem pode sim, fazer uso dos recursos naturais para satisfazer suas necessidades básicas, porém com limites estabelecidos, para que as gerações futuras não vejam comprometidas sua capacidade de sobreviver.

Entre as diversas opções de crescimento no mundo de hoje, o turismo aparece como uma alternativa econômica viável para se alcançar um desenvolvimento durável e sustentado desde que fruto de um planejamento adequado, que privilegie o homem e o ambiente. Como seu principal produto de consumo, geralmente, é a natureza, o interesse da atividade turística de mantê-la "saudável" deveria ser o objetivo primordial. Mas isso não o fará com um turismo de "massa", sem controle e sem planejamento, mas sim um turismo que venha ao encontro de idéias de preservação, proteção e sustentabilidade. Um turismo, que seja uma arma eficaz pelo potencial que apresenta, capaz de gerar desenvolvimento social e econômico, e não somente crescimento, além de colaborar na preservação e conservação de áreas naturais de importância global ou regional. Trata-se de um neologismo, etimológica e ecologicamente correto. Para ser bem sucedido precisa ser bem planejado como qualquer atividade que trabalhe com visão de longo prazo. O turismo sustentável pressupõe, portanto, planejamento e gestão responsáveis. Reúne princípios como a promoção sócio-econômico dos destinos e da população local, o respeito ao patrimônio histórico e aos valores culturais, a adoção de práticas de menor impacto sobre o ambiente natural, de forma a contribuir para a manutenção dos processos naturais em seus aspectos físicos, bióticos e abióticos.

Desenvolvimento durável exige mobilização, motivação e compromisso de toda a sociedade na definição de um sistema alternativo de vida, que obedeça a determinados padrões de comportamento, de produção e de consumo que atendam, ao menos, as necessidades básicas de cada indivíduo e às prioridades coletivas determinadas através de processo democrático de consulta e participação.

Compreender que o turismo, planejado e monitorado de maneira adequada, possibilita a exploração do meio ambiente sem prejudicar seu equilíbrio e harmonia e reduzindo os efeitos negativos que possam diminuir sua atratividade, é um dos objetivos do presente trabalho.

O papel desempenhado pela indústria do turismo direcionado para o lazer, altera, quase sempre, o modo de vida local ao modificar o cenário para atender interesses econômicos em detrimento da qualidade de vida do meio, evidenciando a falta de harmonia entre atividades turísticas e atividades da comunidade local.

O turismo é uma atividade marcante nas sociedades pós-industriais, um fenômeno econômico, político, social e cultural dos mais expressivos que nasceu e se desenvolveu com o capitalismo. Ele tem representado nas últimas décadas como uma das mais promissoras atividades econômicas mundiais, geradora de postos de trabalho e de divisas. A importância do turismo como forma de impulsionar o desenvolvimento econômico, tem sido reconhecida, tanto para os países desenvolvidos, como para os países em desenvolvimento. Existe a confiança de que o turismo pode ser um agente poderoso de mudanças tanto econômicas como sociais. Na maior parte das vezes, o turismo organizado tem estimulado o emprego por meio de pesados investimentos, que modificam a estrutura, o uso e a ocupação de um determinado espaço, e contribuindo positivamente para melhorar a balança de pagamentos dos países, além de gerar um efeito multiplicador que cria e impacta vários setores da economia.

O Turismo Sustentável pode ser compreendido como um segmento do Turismo que tem apresentado altos índices de crescimento, sendo uma tendência atual. Isso implica em uma demanda crescente de turistas para áreas naturais, em busca de um maior contato com a natureza., principalmente em áreas de floresta e costeiras, um espaço reconhecidamente frágil e que exige atenção especial.

O século XX foi conhecido por uma exploração dos recursos naturais globais sem precedentes, influindo decisivamente para a deterioração física dos componentes da biosfera, representando uma ameaça à existência e à perpetuação das diferentes formas de vida do planeta. Não apenas o número e a complexidade dos problemas ambientais aumentaram drasticamente, mas uma nova categoria de questões ambientais globais emergiu, destacando-se: a destruição da camada de ozônio, as alterações climáticas globais, caracterizado pelo efeito estufa, a poluição dos ambientes marítimos, a devastação dos ambientes florestas e a ameaça à biodiversidade (Albagli, 1998).

A denominação “sustentabilidade” é comumente utilizada entre os estudiosos na área ambiental para considerar o ponto de equilíbrio dos ecossistemas, significando manter ou manutenção e conservar. Contudo, segundo Brüseke (2001), foi Maurice Strong o pioneiro da utilização do termo ecodesenvolvimento para formular uma linha alternativa de desenvolvimento. Ignacy Sachs estabeleceu seis princípios básicos, que deveriam guiar os caminhos do desenvolvimento: a) a satisfação das necessidades básicas; b) a solidariedade com as gerações futuras; c) a participação da população envolvida; d) a preservação dos recursos naturais e do meio ambiente em geral; e) criação de um sistema social de garantia de emprego, segurança social e respeito a outras culturas; f) programas de educação.

Em 1972 aconteceu em Estocolmo a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, deixando claro a necessidade de implementar estratégias ambientais adequadas para promover um desenvolvimento sócio-econômico eqüitativo, nomeado neste momento o termo ecodesenvolvimento que mais tarde vem a se chamar Desenvolvimento Sustentável. Importante destacar que durante a Conferência de Estocolmo os aspectos técnicos que envolvem a contaminação provocada pela industrialização, o crescimento populacional e a urbanização, tiveram mais destaques (Swarbrooke, 2002).

Mais do que isto surge na década de 1980, a biodiversidade, através de análise dos cientistas e por segmentos da sociedade mundial em relação a necessidade premente da tomada de medidas de maior envergadura objetivando preservar a existência das mais diferentes formas de vida no planeta Terra (ALBAGLI, 1998). Segundo Albagli (1998) a partir deste momento muitas iniciativas visando as questões ambientais, começam a ganhar espaço em todo o mundo. Uma importante proposta surge em 1987, Relatório Brundtland1 denominado Nosso Futuro Comum, elaborado pala Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), apresentado à Assembléia Geral da ONU em 1987. Constituída de 21 países e presidida pela Primeira Ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland. Desenvolvimento Sustentável segundo o relatório é:

Desenvolvimento Sustentável é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas (Brundtland apud Magalhâes, 2002, p. 25).

Em seu sentido mais amplo esse conceito demonstra a busca de uma estratégia para alcançar a harmonia entre os seres humanos e entre a humanidade e a natureza. O relatório também apresenta aspectos sobre a degradação ambiental abordando causas e efeito, propõe políticas internacionais quanto aos aspectos econômicos, sociais, políticos e ambientais, com objetivo de buscar o crescimento econômico compatível com a preservação da natureza. Becker (1997 apud SIENA, 2002) afirma que a sustentabilidade se baseia na sinergia e na correta utilização do território, partindo de elementos tais como eficácia econômica através do uso de informação e tecnologia para racionalizar matéria-prima e energia; e valorização da diversidade, aproveitando os recursos locais através de suas vantagens competitivas.

Identificam-se os interesses dos países subdesenvolvidos, onde o desenvolvimento sustentável aparece relacionado diretamente com os problemas da pobreza, satisfação das necessidades básicas, e um enfoque específico com relação a alimentação, saúde e moradia.

O desgaste do meio ambiente foi com freqüência considerado o resultado da crescente demanda de recursos escassos e da poluição causada pela melhoria do padrão de vida dos relativamente ricos. Mas a própria pobreza polui o meio ambiente, criando outro tipo de desgaste ambiental. Para sobreviver, os pobres e os famintos muitas vezes destroem seu próprio meio ambiente: derrubam florestas, permitem o pastoreio excessivo, exaurem as terras marginais e acorrem em número cada vez maior para as cidades já congestionadas. O efeito cumulativo dessas mudanças chega a ponto de fazer da própria pobreza um dos maiores flagelos do mundo. (Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1991, p. 30).

A comissão concentrou sua atenção em algumas áreas, elaborando diretrizes de política, que são: população, segurança, alimentar, extinção de espécies, esgotamento de recursos genéticos, energia, indústria e assentamentos humanos; contendo algumas recomendações, onde todas as áreas se interligam e não podem ser tratadas isoladamente. Para Swarbrooke (2002) estas iniciativas geram mais um encontro, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, denominada ECO-92 ou Rio 92, organizada pela ONU (Organizações das Nações Unidas), realizada no Rio de Janeiro no ano de 1992, como conseqüência o estabelecimento da Agenda 212. Durante vários encontros discutiu-se sobre o meio ambiente e suas relações com o desenvolvimento, manifestando-se claramente que pobreza e degradação ambiental estão intimamente relacionados, e que os padrões de produção e consumo devem ser modificados, principalmente no que diz respeito aos países industrializados.

2. Turismo

2.1 Conceito

Segundo Almeida (2001) a denominação turismo surge em uma complexa mistura entre as línguas francesa e inglesa, referindo-se aos fluxos, às motivações e as espécies de deslocamentos relacionados à atividade. Por outro lado, vincula-se às empresas e deslocamentos relacionados com a atividade e de outro às empresas e agências receptivas e às transferências de capitais.

Picard (apud Andrade, 1995, p. 33), afirmou que:

[...] a função do turismo é a importação de divisas pelos países. Seu impacto reside no fato do que as despesas de turismo podem fazer para os diferentes setores da economia e, em particular, para os proprietários e gerentes de hotéis (Picard apud Andrade, 1995, p.33).

De acordo com Ignarra (2001, p.23): ”A OMT (Organização Mundial do Turismo) define turismo como deslocamento para fora do local de residência por período superior a 24 horas e inferior a 60 dias motivado por razões não-econômicas”.

Muitos outros conceitos surgiram com a evolução do turismo, mas pensamos, que o mais completo e o que melhor explica suas finalidades, a diversidade de sua natureza e considerações é o de Marhiot, que conceitua o turismo como:

[...] o conjunto de princípios que regulam as viagens de prazer ou de utilidade, tanto no que diz respeito à ação pessoal dos viajantes ou turistas como no que se refere à ação daqueles que se ocupam em recebê-los e facilitam seus deslocamentos (Marhiot, apud Jachinoski, 1975, p.4).

Wahab (1991) destaca, ainda, três elementos básicos na anatomia do fenômeno turístico: o homem (elemento humano como autor do ato de turismo), o espaço (elemento físico, coberto pelo próprio ato) e o tempo (elemento temporal que é consumido pela própria viagem e pela estada no local de destino). Estes são os elementos representativos das condições de existência do fenômeno.

Na abordagem de Castelli (1990) a compreensão do fenômeno turístico deve necessariamente passar por uma análise sobre o significado das viagens no decorrer da história, que sempre foram movidas por interesses econômicos, políticos e militares. Entretanto, ao longo da história, registram-se também aquelas viagens movidas por outros interesses tais como: curiosidade, saúde, cultura, religião, descanso, etc.

Já a definição de turista, segundo Ignarra (2001, p.25), citando o conceito adotado pela ONU é:

Toda pessoa, sem distinção de raça, sexo, língua e religião, que ingresse no território de uma localidade diversa daquela em que tem residência habitual e nele permaneça pelo prazo mínimo de 24 horas e máximo de seis meses, no decorrer de um período de 12 meses, com finalidade de turismo, recreio, esporte, saúde, motivos familiares, estudos, peregrinações religiosas ou negócios, mas sem propósitos de imigração.

Andrade (1995, p.56-57) assim caracteriza o turismo de massa, também denominado de turismo de maiorias ou turismo da burguesia, realizado pelos representantes das classes médias assalariadas e de empresários de médio e pequeno portes. Efetua-se em programações individuais e grupais ou através da aquisição de programas e pacotes de viagens de bom nível, que oferecem razoável conforto, sem excessos nos gastos na compra de bens ou atividades supérfluos.

2.2 Histórico

O fenômeno turístico está relacionado com as viagens, com a visita a um local diverso do de residência das pessoas. Assim, o turismo em termos históricos se iniciou quando o homem deixou de ser sedentário e passou a viajar, principalmente motivado pela necessidade de comerciar com outros povos.

Para Andrade (1995), o turismo é um fenômeno social que antecede as viagens que os jovens aristocratas ingleses realizavam, acompanhados de seus competentes e ilustrados preceptores, às principais cidades européias dos séculos XVIII e XIX. O grand tour, sob o rótulo de "viagem de estudo", assumia o valor de um diploma, conferindo-lhes status social embora, na realidade, a programação se fundamentasse em grandes passeios de qualidade e com atrativos prazerosos, que denominavam de turísticos. Esta denominação foi assumida para expressar a realização de viagem através de regiões e países diversos, ou para significar a realização de "volta ao mundo conhecido" ou possível à sociedade mais evoluída da época.

Trigo (1995) complementa essas informações dizendo que o turismo organizado surgiu como conseqüência do desenvolvimento tecnológico da Revolução Industrial e da formação de parcelas da burguesia comercial e industrial com tempo, dinheiro e disponibilidade para viajar, em meados do século XIX.

Em 1841 surge o primeiro agente de viagem profissional Thomas Cook, que organizou viagem com 570 pessoas, comprou e revendeu os bilhetes, configurando assim a primeira viagem agenciada. Em 1846, organizou viagem similar a Londres, utilizando de guias de turísticos, caracterizando como o início do turismo coletivo (BARRETO, 1991, p. 53).

No final do século XIX, as tecnologias possibilitaram construções em ferro fundido, estações ferroviárias, grandes edifícios, etc. Dois meios de transportes importantes foram desenvolvidos: os navios de passageiros e os trens. O turismo desse período era caracterizado como residencial: as pessoas ficavam um período ou uma estação do ano em uma segunda residência.

A nova ascensão ocorreu no fim da década de 30 e atingiu seu auge em 1937. Mas com a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o turismo ficou paralisado em todo o mundo. Seus efeitos foram tão profundos, que somente em 1949 o turismo renasceu, com características crescentes de “turismo de massa”. Esse tipo de turismo teve seu marco inicial quando as tecnologias bélicas desenvolvidas na Segunda Guerra foram aproveitadas para fins pacíficos.

Atualmente o turismo se caracteriza principalmente por ser um fenômeno de massa, entendido a partir da história da humanidade. Essa análise permitirá um melhor embasamento teórico que possibilite repensar qual a melhor forma de desenvolvimento turístico que deve ser incentivado. E devido às grandes agitações do mundo moderno, Ruschmann (1997) considera o turismo como um intenso consumidor da natureza, afirmando que nos últimos decênios, sua evolução ocorreu como resultado da "busca do verde" e da "fuga" dos tumultos da urbanização pelas pessoas que tentam recuperar o equilíbrio psicológico e físico em contato com a natureza em seu tempo de lazer.

As décadas de 1960 e 1970 foram marcadas pela massificação turística, quando os vôos charters e os mais variados pacotes turísticos conduziram milhares de pessoas de todas as partes do mundo. Nessa época, as localidades turísticas viveram em expansão sem precedentes. Todos os espaços vazios que ainda existiam nas zonas litorâneas mais acessíveis foram preenchidos. Os vales e montanhas da Europa se urbanizaram para atender à demanda de esportes de inverno (Magalhães, 2002).

2.3 Segmentação do Turismo

Como atividade econômica, o turismo passa por inovações constantes, em razão da competitividade dos mercados e das exigências da demanda.

De acordo com Rodrigues (2003) o melhor modo de compreender e planejar o mercado turístico é através de sua segmentação, técnica estatística que permite decompor a população em grupos homogêneos, e a política de marketing que divide o mercado em partes homogêneas, cada uma com seus próprios canais de distribuição, motivações e outros fatores. Essa segmentação possibilita o conhecimento dos principais destinos geográficos e tipos de transporte, da composição demográfica dos turistas, como faixa etária e ciclo de vida, nível econômico ou de renda, incluindo a elasticidade-preço da oferta e da demanda, e da sua situação social, como escolaridade, ocupação, estado civil e estilo de vida. “O motivo da viagem, entretanto, é a principal medida disponível para se segmentar o mercado.” Assim, as empresas de turismo caminham para a especialização deixando de ser generalistas, oferecendo, agora, produtos segmentados para uma demanda específica.

De acordo com Moura (2007), no setor de turismo e na segmentação do mercado são utilizadas incontáveis denominações, que mais comumente podem ser assim sintetizadas: Turismo da Melhor Idade (3ª Idade): Com o aumento da média de vida das pessoas, o turismo destinado às pessoas da 3ª Idade, se transformou em um ótimo investimento. Com mais tempo de vida e através de recursos provenientes de suas aposentadorias, elas podem viajar mais e conhecer novos lugares.

Turismo Ecológico: É o turismo destinado a pessoas que desejam ver e conviver mais perto da natureza, fazer trilhas, conhecer cachoeiras e novos lugares, onde a ecologia ainda esta em seu estado natural.

Turismo Religioso: É destinado a pessoas que têm certa tendência a espiritualidade. Fazem parte deste tipo de turismo, religiosos de todas as crenças. Lugares muito visitados são: Vaticano, Israel, Palestina, Meca, Aparecida do Norte entre outros.

Turismo Cultural: É o turismo destinado a pessoas interessadas em apreciar manifestações e obras de arte, seja pelo fator estético ou histórico.

Turismo de Negócios: É quando pessoas viajam com intuitos profissionais, podendo ser empresários ou executivos. O turista de negócios viaja para certas destinações para fechar negócios, participarem de negociações, compras e atividades ligadas ao seu trabalho.

Turismo de Eventos: Normalmente os turistas de eventos são pessoas que viajam com o intuito de participarem de congresso, convenções e feiras, onde vão buscar novas tecnologias para suas empresas, vivências pessoais e novos processos.

Tanto o Turista de Negócios como o de Eventos tem um poder aquisitivo maior, pois normalmente, quem paga as contas de suas viagens, são as empresas ou instituições que representam. Chegam a gastar mais que o dobro de um turista comum e fazem crescer o número de hotéis e flats, destinados a essa clientela, oferecendo comodidades (aparelhos de fax, linhas exclusivas para Internet, mesas de reuniões etc.) procurando os clientes, fazendo-os esticar um pouco mais sua permanência ou voltar a esses locais em outras oportunidades.

Bom exemplo dessa realidade é a Grande Vitória que conheceu nos últimos anos, um verdadeiro “boom” hoteleiro para atender ao turismo de negócios em virtude do novo perfil econômico por que passa o Estado do Espírito Santo, devido á exploração do petróleo, aumento da exportação de mármores e granitos, entre outras atividades.

2.4 Sistema turístico

De acordo com Beni (1998) sistema é um conjunto de partes que interagem de modo a atingir um determinado fim, de acordo com um plano ou princípio; ou conjunto de procedimentos, doutrinas, idéias ou princípios, logicamente ordenados e coesos com intenção de descrever, explicar ou dirigir o funcionamento de um todo.

A seguir apresenta-se o funcionamento do sistema turístico por meio de um modelo referencial com base na análise da oferta e demanda. O modelo proposto foi elaborado a partir do modelo da oferta e demanda de Roberto Boullón (2002). Segundo Smith (apud Ruschmann, 1997, p. 145): “Demanda é o rol quantitativo de algum bem ou serviço que será comprado ou consumido a um determinado preço”.

A demanda pode ser medida ou contabilizada pelo total de turistas que entram em um destino turístico, podendo ser um local, região, zona, país, centro ou atrativo turístico. Pode ser verificada por meio de uma análise mais profunda, identificando como se distribuem esses gastos nos destinos turísticos, e os tipos de serviços utilizados. Analisar a demanda significa conhecer o consumidor do produto turístico, e este estudo é utilizado como importante instrumento para o planejamento da atividade turística.

Já o produto turístico é formado pelos bens e serviços que servem a atividade turística que, em um primeiro momento, é abstrato. Durante o planejamento de uma viajem ou na compra de um pacote turístico, torna-se difícil ver ou tocar o produto desejado. Cria-se desta forma algumas imagens produzidas a partir das informações que são divulgadas principalmente por meio dos materiais publicitários.

O produto turístico somente é consumido a partir do momento em que o turista/visitante chega ao destino e utiliza os serviços oferecidos.

Segundo Boullón (2002, p.46): [...] à acepção tradicional do produto é preciso somar outra, que, levando em conta o consumidor, estabelece que para ele o produto turístico seja aquele que lhe permite passear, visitar os atrativos, fazer esportes e divertir-se.

Ainda segundo Boullón (2002) a constituição do produto turístico ocorre por:

a) Atrativo turístico: Os atrativos são considerados a “matéria prima” da atividade turística, ou seja, o principal recurso da atividade turística, e pela qual baseia seu planejamento. Podem ser: paisagem natural (praia, montanha, rio, deserto, caverna, parques nacionais, etc.); paisagem construída (cidades, museus, parques temáticos, etc.) e atrativos culturais e históricos (eventos, ruínas e sítios arqueológicos, festas, manifestações populares, etc.). (BOULLON, 2002, p.46)

b) Planta turística, equipamentos e instalações: Os equipamentos incluem todos os estabelecimentos administrados pelos setores público e privado, que se dedicam a facilitar os serviços básicos, como por exemplo: alojamento, alimentação, transporte, agências de viagens, informações, etc.

As instalações são todas as construções criadas especialmente para permitir e facilitar a prática de atividades turísticas, como por exemplo: marinas, mirantes teleféricos piscinas, passarelas, pontes, etc. (Boullon, 2002, p. 42).

c) Infra-estrutura: São os bens e serviços de um país para sustentar as estruturas sociais produtivas, e são formadas por vários subsistemas de serviços de apoio a comunidade, como: saneamento, água, energia, educação, sistema de acesso e de transporte, sistema de comunicações e segurança, e outros.

Os componentes do produto turístico, do ponto de vista do consumidor, são as atrações do núcleo receptor, as facilidades que são oferecidas ao turista, e as vias e meios de acesso.

[...] Uma das funções primordiais da infra-estrutura “rede” é vincular entre si os assentamentos humanos e resolver as necessidades internas, a fim de permitir, nessas duas escalas, a circulação de pessoas, mercadorias, fluídos, energias e notícias (Boullón, 2002, p. 58).

Cada destinação tem um ou vários produtos para oferecer aos turistas. O Brasil oferece, em toda sua costa, sol, mar, praias, cidades históricas e culturas diversificadas. Por exemplo, na região norte apresenta a selva inexplorada, cortada pelo Rio Amazonas, e, na região centro-oeste, o Pantanal, com fauna e flora exuberantes.

Em cada uma das destinações (país, região, local) o turista escolhe o que pretende ver, as atividades e os serviços de que se utilizará durante sua estada. Os componentes do produto turístico devem ser desenvolvidos adequadamente, a fim de atrair os turistas de mercados, potenciais específicos e criar uma imagem positiva da destinação. Este desenvolvimento somente acontece após o estudo do mercado real e potencial e a definição acurada do potencial turístico de um local,

região ou país. A oferta turística é constituída por um conjunto de elementos que conformam o produto turístico. São elementos que isoladamente possuem pouco valor turístico ou nenhum ou que possuem utilidade para outras atividades que não o turismo. No entanto, se agrupados, podem compor o que se denomina “produto turístico” (Ignarra, 2001).

Oferta turística é constituída pelos serviços fornecidos pelos elementos do empreendimento turístico e por alguns bens não-turísticos, que são comercializados mediante um sistema turístico, porque, em última instância, o que qualifica a classe de um bem é o sistema produtivo e não o tipo do consumidor (Boullón, 2002, p. 44).

Considerando a natureza e a estrutura da oferta turística, Andrade (1995) apresenta algumas características: 1) Não são estocáveis; 2) Seus recursos são estáveis e consumidos no receptivo onde são produzidos e comercializados 3) Os recursos são estáticos: não podem ser transportados em seu todo ou em partes significativas, sem que se altere o conjunto 4) Os recursos são imóveis: são os turistas que se deslocam para usufruí-los 5) A oferta é rígida e inadaptável: não possui flexibilidade suficiente para outra utilização, sem correr riscos de descaracterização 6) Ela é dependente da concorrência de mercado e da vontade do cliente, que considera o turismo como supérfluo e dispensável 7) O sucesso cultural e comercial depende da qualidade e do grau de união e de colaboração de uma série de fatores relacionados à oferta e ao funcionamento dos bens e serviços, a sua qualificação e a seus preços.

Por sua vez, a oferta turística é divida em oferta turística natural e artificial.

a) Oferta turística natural: A oferta turística natural origina-se dos recursos em cuja origem não houve interferência humana, nem concurso desta para sua configuração. O potencial natural é o fator principal para que uma localidade seja considerada possuidora de vocação turística. Esse potencial natural caracteriza-se pela posse de pelo menos alguns dos seguintes elementos da natureza: a) Clima (temperatura, chuvas, umidade, ventos, sol, etc.) b) Configuração geográfica e paisagens (montanhas, praias, grutas, rios, rochedos, etc.) c) Elementos silvestres e da saúde d) Fauna e flora.

b) Oferta turística artificial: Segundo Andrade (1995, p. 106), a oferta artificial também pode ser um recurso artificial e por recursos artificiais entendem-se: [...] o conjunto de adaptações de recursos naturais, de obras criadas pelo homem, de serviços e de atitudes que colaboram com a natureza, imitando-a - de alguma forma - ou agindo de modo a complementá-la ou mesmo subsidiá-la, através de esforços com a finalidade de melhorar a produtividade de seus recursos e de aproveitar melhor as alternativas de sua capacidade.

A oferta artificial é um fenômeno amplo, substituível, mutável, deteriorável e diversificado, conforme as culturas, necessidades e conveniências, envolvendo bens de natureza turística e não-turística.

Segundo Andrade (1995), ela se divide em cinco categorias: Bens históricos, culturais e religiosos | . Vias de acesso e meios de transporte | . Modo de vida e comportamento | . Superestruturas indispensáveis - teatro, boates, cinemas, butiques, etc. | . Bens e serviços de infra-estrutura, que se dividem em: a) Infra-estrutura geral ou básica – conjunto de obras e instalações de estrutura física de base que criam condições para o desenvolvimento de uma unidade turística, como geração e fornecimento de água, luz, combustíveis, serviços de esgoto, telecomunicações, transportes, etc.

b) Infra-estrutura turística – conjunto de obras e de instalações de estrutura física e de serviços urbanos básicos que dão suporte ao desenvolvimento do turismo em determinada área, tais como: Instalações de hospedagem: hotéis, motéis, albergues, hospedarias, pousadas, etc. montados e mobiliados com o mínimo de equipamentos exigidos para a classificação oficial pelos órgãos classificadores.

Instalações de recepção: de atendimento, orientação e acompanhamento dos turistas; são dispositivos suficientes e destinados à organização de deslocamentos no próprio receptivo e às informações e promoções que esclareçam e orientem os turistas e visitantes, a fim de que possam optar por bens e serviços com a segurança que pretendem, sem serem induzidos.

Organização para recreação, entretenimento e esportes: de fundamental importância para a distribuição racional do tempo do turista, segundo suas preferências pessoais.

Múltiplas pelas características naturais e diversificadas por suas qualidades, tanto a oferta natural como a artificial precisam ser analisadas com base na destinação e na vocação de cada um dos recursos, considerados em seus elementos estáticos e dinâmicos, sejam bens e serviços (Andrade, 1995, p.102).

2.5 Impactos do turismo: Segundo Rodrigues (2001) no início do século XXI o turismo se tornou um dos fenômenos mais marcantes do mundo atual, sendo que sua expressividade não se atém somente ao caráter econômico. É também, e principalmente, um fato social, que se configura materialmente, criando e recriando formas espaciais diversificadas.

Os impactos do turismo referem-se à gama de modificações ou à seqüência de eventos provocados pelo processo de desenvolvimento turístico nas localidades receptoras. As variáveis que provocam os impactos têm natureza, intensidade, direções e magnitude diversas; porém, os resultados interagem e são geralmente irreversíveis quando ocorrem no meio ambiente natural (Ruschmann, 1997, p.34).

Nos últimos anos adquiriu importância o conceito de capacidade de carga. É uma reflexão em relação ao limite suportado pelo meio natural, e apresentado como uma ferramenta a ser utilizada em busca de desenvolvimento durável. O termo capacidade de carga está sendo empregado na literatura como instrumento útil quando se discute o peso que pode ser suportado por um ambiente natural, ante a ação antrópica sem medida.

Quando usada no contexto do gerenciamento urbano, capacidade de carga pode ser definida como “a extensão em que o meio ambiente pode tolerar a atividade humana sem sofrer danos inaceitáveis” (Oliveira, 2003, p. 17).

Ainda, segundo Oliveira (2003) em relação à capacidade ambiental, este termo considera a interação entre o meio ambiente e as atividades humanas em diferentes escalas, simultaneamente. Para o termo capacidade de carga, é mais correta sua utilização quando apenas um aspecto do meio ambiente ou de uma atividade está sendo levado em conta.

O conceito de capacidade de carga para o planejamento sustentável do turismo (em que sustentável pressupõe o homem integrado harmoniosamente em seu meio ambiente, protegendo-o, ao mesmo tempo em que o usa) deve ser entendido como uma tentativa de adotar essa ferramenta para o êxito de qualquer ação que seja implementada em localidades com potencial turístico. Reconhece-se que os recursos naturais, assim como os construídos pelo homem, têm um limite para absorver visitantes. Esse limite, quando é ultrapassado, provoca a deteriorização e, portanto, a descaracterização do local (Oliveira, 2003, p. 23-24).

Normas reguladoras foram estabelecidas objetivando a ocupação adequada de uma região, não significando criar um contingente máximo de pessoas que ela comporta, mas equilibrar o número de residentes e turistas para que esta relação não comprometa as condições naturais, ecológicas e físicas da região.

3. Turismo sustentável: Não há uma única definição aceita de turismo sustentável. De acordo com a definição do Relatório Brundtland (apud Swarbroock, 2002, p. 19) são: Formas de turismo que satisfaçam hoje as necessidades dos turistas, da indústria do turismo e das comunidades locais, sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazem suas próprias necessidades.

Segundo Richards (apud Swarbroock, 2002), o turismo sustentável é um turismo que se desenvolve o mais rápido possível, levando em consideração a capacidade de acomodação daquele momento, a população e o meio ambiente. O desenvolvimento de turismo e novos investimentos no setor não deveriam depreciar o próprio turismo e deveriam integrar-se com o meio ambiente.

A propagação da idéia de desenvolvimento durável repercutiu mundialmente de diversas formas entre os vários agentes interessados em crescimento econômico. Segundo Almeida Júnior (apud Ribeiro e Barros, 1997), a atividade econômica turística é uma das que visivelmente estão sendo influenciadas pela tentativa de elaboração de novos parâmetros que conceitualizem o desenvolvimento como um processo "ecologicamente viável e socialmente justo, em termos das gerações presentes e futuras".

Segundo Swarbrooke (2002) existem dois liames claros entre o turismo sustentável e o desenvolvimento sustentável: 1) O turismo sustentável é uma ferramenta poderosa no auxílio à realização do desenvolvimento sustentável, agindo como catalisador para o desenvolvimento de pequenos negócios e fornecendo mercado para a produção agrícola, por exemplo, em zonas rurais de países emergentes. E nos países desenvolvidos, nas regiões que as indústrias tradicionais estão em declínio, o turismo sustentável também poderá ajudar a dar nova vida às economias e às comunidades locais; 2) O desenvolvimento sustentável é um pré-requisito para o turismo sustentável, pois o desenvolvimento não-sustentável pode reduzir drasticamente a qualidade do produto do turismo devido a uma infra-estrutura inadequada e a poluição causada por outras indústrias, por exemplo.

3.1 Planejamento do turismo visando o desenvolvimento sustentável: Inicialmente, é importante analisar o conceito de planejamento trazido por Ruchsmann (1997, p. 84): Planejamento é um processo que consiste em determinar os objetivos de trabalho, ordenar os recursos materiais e humanos disponíveis, determinar os métodos e as técnicas aplicáveis, estabelecer formas de organização e expor com precisão todas as especificações necessárias para que conduta da pessoa ou do grupo de pessoas que atuarão na execução dos trabalhos seja racionalmente direcionada para alcançar os resultados pretendidos.

O planejamento como instrumento político e, portanto, ideológico, tem que conciliar várias e, frequentemente, conflitantes ações. Bem intenciona­dos se baseiam muitas vezes, em estudos já realizados em outras regiões, adaptando-os a uma realidade espacial peculiar e particular.

O planejamento do turismo é, em princípio, complicado porque tem de conciliar os interesses de uma população que busca o prazer num local onde outras pessoas vivem e trabalham. Satisfazer a ambas não é tarefa fácil. Neste embate há conflitos frequentes e inevitáveis, eivados de sentimentos xenofóbicos pelas comunidades anfitriãs (RODRIGUES, 2001, p. 25).

Segundo Sartor (1980 apud Ribeiro Jùnior, 2003), não existindo nas localidades turísticas com uma mentalidade ambiental, bem como a falta de legislação e normas racionais de ocupação, haverá um profundo e irreversível processo de deterioração ambiental. As atividades econômicas originadas pelo turismo, por si só tendem a avançar sobre os recursos naturais, urbanos e sócio-culturais, que se constituem em elementos básicos para a própria produção turística. Por outro lado, o turismo pode ser agente de minimização destes desgastes quando sua produção está harmonizada com o meio mediante a adoção de diretrizes que se fundamentem em critérios que garantam seus recursos a médio e longo prazo. Um turismo mal planejado provocará prejuízos substanciais para a localidade, pelo fato de ser uma atividade que necessita, quase sempre, de grandes recursos materiais, energéticos e financeiros.

O planejamento turístico deve ser um processo que analisa as condições oferecidas por um país ou uma região, diagnosticando possibilidades de desenvolvimento e fixando um modelo de atuação por etapas, estabelecendo planos e programas com objetivos, metas e instrumentos definidos, com a finalidade de impulsioná-lo, coordená-lo e integrá-lo ao conjunto econômico em que está inserido. O plano deverá possuir uma detalhada delimitação de ações por desempenhar, a ordem de efetuá-las, bem como a distribuição dos recursos, os prazos de efetivação e a responsabilidades (Acerenza, 1985 apud Ribeiro Junior, 2003).

Deve ser centrado nas comunidades a serem atendidas e nos recursos que garantam sua sustentabilidade.

Jogando-se um novo olhar sobre a turisficação e seus atores, criam-se territórios eminentemente turísticos com pouca ou nenhuma integração das populações nativas, marginalizadas com relação ao uso dos recursos. A natureza, espaço público de bem comum é transformada em espaço privado desrespeitando a legislação ambiental existente e comprometendo os ecossistemas. Lugares e populações são comercializados como atrativos para serem consumidos (Fonteles, 2000, p. 71).

Beni (1998) considera fundamental a ação dos órgãos públicos vinculados à atividade turística, pois são fomentados na maioria das vezes apenas pelo poder público. Entretanto, em grande parte das localidades esta participação ainda é muito tênue, e o planejamento e desenvolvimento do turismo são assumidos pela iniciativa privada, que atende a seus exclusivos interesses de lucro e retorno dos investimentos.

Assim, a implantação de processos de gestão da atividade turística torna-se uma alternativa viável objetivando sua sustentabilidade através de técnicas e instrumentos que um planejamento adequado pode proporcionar, devendo estar integrado à gestão do espaço urbano e regional sobre o qual se assenta.

O sucesso de uma destinação turística baseia-se na originalidade de suas atrações – ambientais, sociais e culturais – e no bem-estar que proporcionam. Assim, é de suma importância o controle do crescimento quantitativo dos fluxos turísticos, impedindo que a sensibilidade e fragilidade de inúmeros ecossistemas, fiquem comprometidas quando se ultrapassam os limites de sua capacidade de suporte (número máximo de visitantes - por dia/mês/ano - que uma área pode suportar, antes que ocorram alterações nos meios físico e social).

3.1 Impactos ambientais do turismo: De acordo com Knafou (2001, p. 65) o turismo incomoda porque é em seu nome que se destrói o meio ambiente. Difunde-se que a transformação — da paisagem, da sociedade, do território etc. — ligada ao turismo é uma degradação, uma aIteração.

Ruschmann (1997) registra que nem todas as intervenções do turismo sobre o meio ambiente se traduzem em degradação ou agressão. Qualquer mudança social ou econômica pode provocar mutações na relação do homem com seu espaço. O vazamento de óleo de um navio no mar provoca mais danos à natureza que milhares de turistas em um fim de semana nas praias. Essa autora explana também que os impactos do turismo sobre o meio ambiente podem ser: a) Impactos ambientais positivos: . Recuperação psicofísica individual | . Racionalização dos espaços e intensificação e valorização do contato com a natureza | . Estabelecimento de programas de conservação e preservação de áreas naturais, locais históricos e mesmo áreas com vestígios arqueológico | . Os grandes projetos turísticos ensejam o cuidado com a natureza através de planejamento preservacionista, com intuito da manutenção da qualidade de vida | . Promove-se a educação ambiental, a fim de desenvolver o seu conhecimento por meio de programas especiais | . A renda e os impostos provenientes das atividades turísticas possibilitam as os recursos necessárias para a construção de equipamentos e outras medidas preservacionistas do meio ambiente.

b) Impactos ambientais negativos: . O turismo produz a ocupação e na destruição de áreas naturais, por meio do processo de urbanização e poluição em virtude da atração de contingentes de turistas | . Poluição visual: acarretada através do desenvolvimento de equipamentos turísticos descaracteriza a paisagem e expansão do comercial Poluição do ar: se origina das emissões de veículos ou pela produção e consumo de energia | . Poluição sonora: através do aumento do fluxo de veículos, embarcações e aeronaves numa determinada localidade | . Poluição da água ocasionada pelas descargas de esgotos residenciais, de hotéis ou pelo lançamento de resíduos sólidos, na forma de lixo | . Devastação da fauna e da flora locais.

Considerações finais - O sucesso de uma destinação turística baseia-se na originalidade de suas atrações – ambientais, sociais e culturais – e no bem-estar que proporcionam. Assim, é de suma importância o controle do crescimento quantitativo dos fluxos turísticos, impedindo que a sensibilidade e fragilidade de inúmeros ecossistemas, fiquem comprometidas quando se ultrapassam os limites de sua capacidade de suporte (número máximo de visitantes - por dia/mês/ano - que uma área pode suportar, antes que ocorram alterações nos meios- físico e social).

De acordo com Rodrigues (2001, p. 161), dentre as estratégias para o desenvolvimento do turismo ecologicamente sustentável há: . a dinamização de capitais locais na constituição de microempresas, nos setores de hospedagem (pousadas, pequenos hotéis e leitos em residên­cias particulares), de alimentação (lanchonetes, restaurantes e bares), de fornecimento de serviços de transporte para passeios e para deslocamento de turistas;

. a organização de pequenas empresas turísticas geridas e acompanha­das por membros da comunidade local, que devem funcionar como mini-agências, possibilitando assim uma participação efetiva no mercado turístico;

. a implantação de equipamentos de lazer, de iniciativa comunitária, em nível de cooperativismo tais como: pistas de danças regionais; teatros modestos para apresentação de espetáculos folclóricos, salas de reuniões para sediar eventos, para encontros da comunidade, para a reciclagem de professores na área de educação ambiental, para cursos técnicos de capacitação de mão-de-obra local e para cursos de cooperativismo, dentre outros;

. o incentivo à dinamização e estruturação comercial do artesanato local, como importante elemento de geração de renda;

. o incentivo à indústria caseira de alimentos e outras iguarias regionais, transformando a gastronomia local em fonte de geraçãode renda;

. o incentivo o desenvolvimento de cultivos que forneçam produtos alimentares demandados por hotéis, pousadas, restaurantes e pelos próprios turistas;

Para tanto as secretarias de turismo dos municípios devem preparar-se para o assessoramento aos planos e propostas de desenvolvimento turístico municipal e dando incentivo aos projetos locais. Devem garantir a execução dos planos diretores municipais, que assegurem o uso racional do solo, por meio de um zoneamento rígido, que deverá ser realmente obedecido nas propostas e implementação dos projetos turísticos (Rodrigues, 2001, p. 161-162).

Segundo Ruschmann (1997, p.73-75), existem algumas medidas que podem ser tomadas para que os impactos ambientais do turismo diminuam e que devem ser levadas em conta em um planejamento responsável, como por exemplo: a) Na implantação/operação de equipamentos turísticos: . Identificar e reduzir durante a operação dos equipamentos, os problemas ambientais que porventura surjam | . Controlar os impactos ambientais oriundos da construção e utilização dos equipamentos turísticos | . Manutenção da preservação ambiental de áreas protegidas ou ameaçadas, compreendendo neste sentido, a fauna e flora, que nela habitem | . Racionalizar o consumo de água potável e tratar dos mananciais hídricos | . Praticar a economia no consumo de energia, bem como diminuir e/ou reciclar o os resíduos sólidos produzidos (lixo) | . Proporcionar a emissão de gases e outros poluentes | . Controlar, reduzir ou banir agrotóxicos no meio ambiente natural | . Respeitar e proteger relíquias e locais históricos e religiosos, bem como as tradições culturais das populações dos centros turísticos.

b) Soluções comportamentais para a proteção do meio ambiente: As soluções ensejam identificar as condições sob as quais os agentes do desenvolvimento reduzem voluntariamente a utilização dos bens públicos, controlando seus anseios desenvolvimentistas. Essas soluções envolvem valores sociais, como por exemplo, a confiança, a consciência, a responsabilidade social, a informação e a comunicação | . O ponto fundamental para a mudança comportamental está na disseminação da educação ambiental | . Dentro do turismo, essa disseminação é complexa, pois envolve diferentes organizações, empresas, e pessoas, oferecendo variados produtos tangíveis e intangíveis ao mercado consumidor; Demonstrar aos agentes turísticos os efeitos econômicos negativos que uma postura empresarial predatória e de visão curta prazo, se torna uma forma desestimular a participação voluntária da sociedade local.

Há alguns fatores específicos que podem provocar impactos negativos e definir medidas a serem tomadas para uma possível minimização destes impactos e medidas, que irão depender das características de cada área.

4. Bibliografia: Acerenza, M. A. Administración del turismo. México: Editorial Trillas, 1984, p. 58. | Albagli, S. Geopolítica da biodiversidade. Brasília: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 1998. | Andrade, J.V. Turismo: fundamentos e dimensões. São Paulo: Ática, 1995. | Barreto, M. Planejamento e Organização em turismo. Campinas-SP: Papirus, 1991. | BENI, M. C. Análise estrutural do turismo. São Paulo-SP: Ed. SENAC São Paulo, 1998. | Boullón, R. C. Planejamento do espaço turístico. Bauru-SP: EDUSP, 2002. | Brüseke, F. J. O problema do desenvolvimento sustentável. In: Cavalcanti, C. (org.). Desenvolvimento e natureza: estudos para uma sociedade sustentável. São Paulo: Cortez, 1998, p.29-40. | Castelli, G.. Turismo, atividade marcante do século XX. Caxias do Sul: Educs, 1990. | Fonteles, J. O. Jericoacoara: Turismo e sociedade. Sobral: Edições UVA, 2000. | Ignarra, L. R. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira, 2001. | Knafou, R.  Turismo e Território in: Rodrigues, Adyr Rodrigues, B.. Turismo e Geografia: reflexões teóricas e enfoques regionais. 3.ed. São Paulo:Hucitec, 2001. | Magalhães, C. F. Diretrizes para o turismo sustentável em municípios. São Paulo: Roca, 2002.

Moura, R. Tipos de Turismo. Disponível em: http://www.mre.gov.br/cdbrasil/itamaraty/web/port/turismo/ecotur/conceito/tturismo>Acesso em: 5 fev. 2007 | Oliveira, F. V. de. Capacidade de carga nas cidades históricas. Campinas-SP: Papirus, 2003 (Coleção Turismo).

Ribeiro J, José E. T. Turismo: A evolução da ocupação na Praia Brava- Florianópolis – Santa Catarina. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção)2003, 137f. Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003. | Rodrigues, Adyr Balastreri. Desafios para os estudiosos do Turismo. In.: Rodrigues, Adyr Balastreri. Turismo e Geografia: reflexões teóricas e enfoques regionais. 3 ed. São Paulo: Hucitec, 2001. | Ruschmann, D.. Turismo e planejamento sustentável: A Proteção do Meio Ambiente. 3ed. São Paulo: Papirus, 1997. | SIENA, O. Método para avaliar progresso em direção ao desenvolvimento sustentável. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção). 2002, 236f. Programa de Pós-graduação da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002. | Swarbrooke, J. Turismo sustentável: Conceito e impacto ambiental. Vol1. São Paulo: Aleph Públic e Assessoria Pedagógica, 2002. | Trigo, L.G.G. Turismo básico. São Paulo: SENAC, 1995.

Vergara, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 2000 | WAHAB, Salah-Eldin A. Introdução à administração do turismo: alguns aspectos estruturais e operacionais do turismo internacional – teoria e prática. 3ª ed. São Paulo: Pioneira, 1991.

. Por: Maria Salete Corrêa Carvalho, Professora, Ms em Psicopedagogia e historiadora. | E-mail: [email protected]

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira