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14/11/2015 - 07:30

G20 se tornou principal instância de decisões econômicas no mundo, diz professor


Desde a crise internacional de 2008, o G20 se tornou o principal fórum de discussão para as grandes questões financeiras e econômicas internacionais. É o que afirma o professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (Unb), Roberto Goulart Menezes.

De acordo com o professor, em um mundo cada vez mais marcado pelo multilateralismo, a ascensão, nos últimos anos, de países como o Brasil, a China e a Índia fizeram que o ambiente central de decisão econômica internacional saísse dos tradicionais G7 e G8 para um organismo mais compatível com a atual configuração de forças globais.

“Não há dúvidas de que o G7 perdeu esse espaço como o ‘locus’ central de decisão para as grandes questões econômicas do mundo”,afirmou em entrevista ao Blog do Planalto.

Criado em 1999, após a crise da Ásia que atingiu as grandes economias exportadores do continente, o Grupo dos 20 (G20) passou a reunir os 19 países com maior PIB do mundo e a União Europeia.

“O fórum foi criado para buscar coordenar posições dentre as principais economias globais que, juntas, reúnem 80% do PIB do mundo”, explicou o professor.

É nesse ambiente que a presidenta Dilma Rousseff se reúne a partir deste final de semana com as principais lideranças internacionais em busca de saídas para a crise que atinge o Brasil e a maior parte das economias do mundo.

“A importância da participação do Brasil no G20 neste momento é a de buscar construir saídas para a crise que sejam benéficas para países do seu perfil. Construir saídas para a crise significa construir novas regras do jogo como, por exemplo, na questão do protecionismo comercial. Sempre que temos uma crise é esperado que os países se retraiam mais e, com isso, o nacionalismo econômico volte a falar mais alto”, ponderou.

Exemplo disso é que neste final de semana o Brasil defenderá na reunião de Cúpula do G20 que os países do bloco assumam o compromisso de não aumentar os subsídios para produtos agrícolas em meio ao chamado fim do super ciclo das commodities, responsável pela queda internacional dos preços de matérias-primas e que atingiu, sobretudo, os países mais dependentes da exportação de produtos agrícolas.

Como destaca o professor Menezes, se as origens da crise financeira de 2008 já são um consenso entre os países, os meios para superá-la não o são. “É aí que, novamente, o jogo de forças político, econômico e geopolítico volta a contar de maneira crucial”, acrescentou.

Brasil—Sétima economia do mundo e maior economia da América Latina, o Brasil ocupa uma posição importante dentro do G20, sobretudo pela influência que exerce na América do Sul, explica o professor da Unb. Brasil e Argentina são os únicos representantes sul-americanos no grupo.

“Na reunião do G20 o Brasil busca coordenar posições com países como China, Argentina, Turquia e, certamente, com seus parceiros do Brics. Não necessariamente os Brics vão conseguir criar uma posição de consenso em todas as pautas. Mas eles vão tentar coordenar suas agendas e naqueles pontos que coincidem vão procurar trabalhar em bloco”.

Prova disso é que antes do início da reunião do G20, na manhã deste domingo (15), os presidentes dos cinco países que compõem os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) se reúnem em Antalia, na Turquia, para alinhar posições.

Temas de discussão —Tema já confirmado para a reunião deste domingo, a crise dos refugiados que atinge o Oriente Médio, o norte da África e a Europa será trazido pela Turquia para a cúpula do Grupo dos 20.

“A Turquia tem todo o interesse em incluir esse tema na discussão, porque dos quatro milhões de refugiados sírios que chegaram à Europa, dois milhões estão na Turquia. Então, os turcos têm todo o interesse em incluir esse debate”, afirmou.

Além disso, o professor destacou como temas que certamente virão à tona na cúpula a crise bancária chinesa e a questão ambiental, que interessa diretamente ao Brasil. Nesse sentido, ele lembrou que logo depois do G20, os líderes internacionais voltam a se reunir em Paris, para a Cúpula do Clima, a Cop 21.

“A questão ambiental é um tema chave para a economia global e muitas vezes utilizada como mecanismo de protecionismo”,contextualizou.

Busca por parcerias e diversificação de mercados— Além disso, o professor Roberto Menezes ressalta que, no G20, interessa ao Brasil reforçar suas parcerias estratégicas e seu potencial de ser reconhecido como um parceiro chave em um mundo marcado cada vez mais pelo multilateralismo e pelas múltiplas parcerias. E acrescenta, que de acordo com o tema – como no caso das questões ambiental e a energética – o Brasil é visto sim como um país crucial dentro do cenário internacional, além de possuir a confiança de diversos países dentro e fora de sua região.

Outro ponto importante destacado pelo professor é que o Brasil tem buscado, dentro do cenário e dos fóruns internacionais, reverter a retração que sofreu em suas exportações, no último ano, em função da redução da compra de commodities pela China, que era o principal destino das exportações brasileiras. “A economia chinesa retraiu, o que fez o Brasil também sentir em suas exportações. Mas o Brasil tem procurado reverter esse cenário”,

Ele destacou iniciativas por meio das quais o governo brasileiro tem se empenhado em promover a diversificação de seus mercados, como o esforço que tem sido feito pela presidenta Dilma para que o Mercosul apresente uma proposta consensual de acordo comercial com a União Europeia, até o final deste ano, e a busca pela renovação de acordos de complementação econômica, como os assinados recentemente com o México e Colômbia. “O Brasil não está parado”, salientou. | PB.

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